Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Um Cinema para o País

 

Cacá Diegues  (O Globo)         17-08-2020

"Sempre fui um cinéfilo febril. Acho que nunca perdi nenhuma novidade dos três cinemas de Botafogo, onde moravam meus pais, no Rio de Janeiro. Acho que muita coisa do que sei hoje, comecei a aprender com os filmes que vi no Nacional, no Star e no Guanabara. E ainda tive, até o fim de minha adolescência, as férias de verão em Maceió, entre a turma da Avenida da Paz, os fins de semana no cinema São Luiz e as sessões semanais no clube Fênix Alagoana, onde podíamos ver filmes franceses permitidos para maiores acima de minha idade. Depois é que eu ia consultar outras fontes, como livros, mestres e amigos que entendiam das coisas mais do que eu.


O cinema sempre foi, para mim, não apenas uma fonte prazerosa de entretenimento, como também um indispensável instrumento de cultura, capaz de revelar desde a geografia até os costumes, os modos de vida, a ética dos tempos em que vivíamos. A partir das duas primeiras décadas do século XX,o cinema se tornou o pai fundador, o avozinho de uma família de audiovisual que gerou a televisão, o VHS e o DVD, o digital, a internet, o videogame e o streaming, tanta coisa que rola e ainda vai rolar por aí.

Antes de tudo, o cinema é um modo original de contar histórias e de registrar movimentos de formas, cores e sons, esteja tudo isso fora ou dentro de nós mesmos. Quando fazemos um filme, seja ele uma baita produção ou modesta selfie com nosso celular, ele é sempre, ao mesmo tempo, o registro do que existe no mundo e de um mundo que existe dentro de nós. As melhores obras audiovisuais são sempre aquelas capazes de ser essas duas coisas.

Auguste e Louis Lumière

A primeira sessão pública de um filme se deu em 28 de dezembro de 1895, num café de Paris, com filmes dos irmãos Lumière, de Lyon. Menos de um ano depois, esses filmes inaugurais seriam exibidos no Rio de Janeiro, numa sala na Rua do Ouvidor, por iniciativa dos irmãos Segreto, ítalo-brasileiros que se tornariam produtores. O cinema foi, portanto, desde o início, um empenho fraterno, uma questão de família.

O cinema nasceu no berço dos anseios progressistas do século XIX, um século de tantas certezas. E foi criado no tumulto alucinante do século XX, um século sem rumo, perdido em tantas batalhas guerreiras e de finanças, que construiu, entre as duas Grandes Guerras, as ilusões do nosso futuro, quase todas fracassadas.

Potencial veículo de um novo individualismo responsável, um individualismo generoso, não marcado pelo egoísmo ou pela invisibilidade do outro, mas pela responsabilidade de cada um por todos, o cinema era a primeira manifestação de uma coisa nova que o homem inventou, para além da arte e do comércio, para o ser humano melhor se conhecer e se expressar.

Quando comecei a fazer filmes, em plena revolução autoral, o cinema era a coisa mais moderna do mundo. O poder de um filme não era medido apenas pelo número de ingressos vendidos, mas também por sua capacidade de fazer girar o mundo, criar novos paradigmas de toda natureza. Desse modo, o cinema americano e sua máquina industrial, teria o que absorver do semiartesanato brasileiro. Ou vice-versa, claro. Talvez seja até por isso que, nessa guerra cultural que nosso governo pratica contra os pensadores e os artistas do país, o cinema venha sendo uma vítima preferencial.

Enquanto cineasta, convivi, às vezes, com governos que, à direita ou à esquerda, tinham planos de nos domar, não levando muito a sério a atividade. À esquerda ou à direita, enfrentamos autoridades que desejavam criar censura prévia de investimentos. Ou, ainda, autoridades que não julgavam necessário ou conveniente haver cinema no Brasil. O governo Bolsonaro é diferente desses dois partidos — este governo é pura e simplesmente contra a existência de um cinema brasileiro e está disposto a tudo, para que isso não aconteça.

Conheci muitos governantes do país que não se interessavam pelo cinema brasileiro. Mas esta é a primeira vez, em meu tempo de vida, que estamos tendo que enfrentar um governo que é contra a nossa própria existência, a existência de um cinema brasileiro capaz de nos representar. Talvez só nos reste torcer para que esses próximos dois anos e meio passem bem depressa. Tomara que passem logo."

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Tres Anuncios para um Crime

Three Billboards Outside Ebbing, Missouri * * *
(2017) 115 min (16 anos)

Diretor: Martin McDonagh
Roteiro: Martin MCDonagh
Musica: Carter Burwell
Fotografia: Ben Davis 
Designer de Produção: Inbal Weinberg
Diretor de Arte: Jesse Rosenthal
Figurino: Melissa Toth
Elenco: Frances McDormand, Woody Harrelson, Sam Rockwell, Peter Dinklage, John Hawkes, Abbie Cornish, Lucas Hedges, Clarke Peters, Sandy Martin, Amanda Warren

Não gostei do trailer de ”Três Anúncios para um Crime” e decidi não ver o filme no cinema, coisa arriscada em tempos de poucas locadoras. Mesmo apreciando a atriz Frances McDormand (“Fargo”), me pareceu mais uma daquelas produções americanas de vendetta e violência policial. Mas, de Dublin, meu irmão Carlos avisou: é do mesmo escritor e diretor de “In Bruges” (“Na Mira do Chefe”). Mudei de ideia rapidamente e fui assistir na primeira semana do lançamento. Adoro “In Bruges” e confio no Carlos. Como valeu a pena! 

Na pequena cidade de Ebbing, Mildred Hayes esperava há meses que a polícia descobrisse o assassino que estuprou e matou sua filha Angela. Para agitar as coisas, Mildred aluga 3 outdoors na estrada onde ocorreu o crime, questionando o xerife local. E coisas começam a acontecer...

”Três Anúncios para um Crime” surpreende e prende a atenção, porque nasce de um roteiro inteligente, escrito com sensibilidade. O resultado são personagens muito humanos nos seus erros e grandezas, misturando suspense, humor e emoção. Não me perdoaria ter deixado de ver na tela grande o filme do inglês Martin McDonagh. Vou guardar esse nome para o futuro. Ele é jovem (26/03/1970) e pode escrever/dirigir outras jóias como “In Bruges” e “Three Billboards Outside Ebbing, Missouri”.

Destaque para os desempenhos de Frances McDormand, Woody Harrelson e Sam Rockwell, perfeito como o policial impulsivo e preconceituoso que ainda desconhece o bem de que é capaz. Filme indicado em 7 categorias do Oscar; já ganhou o BAFTA e o Golden Globe. (IMDB).



*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

A Luz entre Oceanos

The Light between Oceans * *
(2016) 133 min (12 anos)

megafilmesonline
Você só tem que perdoar uma vez. 
O ressentimento tem que ser cultivado a cada dia, todos os dias.”

Oeste da Austrália, 1918 - O som das ondas e gaivotas compõe a trilha sonora dos dias em Janus Rock. Tom Sherbourne aprecia o isolamento da ilha, onde se mantem ocupado, encerrando os trabalhos diários no cerimonial de subir as escadas e acender a luz no farol. Depois dos horrores vividos no front ocidental, tudo o que o herói da primeira guerra precisava para se restabelecer era contemplar o horizonte e cumprir essa produtiva rotina na costa australiana. Menos sorte tiveram os que tombaram em solo europeu ou voltaram com sequelas.

Janus Rock dista 160 km da cidade mais próxima. É de Partageuse que vem o barqueiro abastecer a ilha algumas vezes ao ano. E é lá também que mora a jovem Isabel Greysmark, o primeiro ser humano a despertar curiosidade e afeto no reservado funcionário do Serviço de Faróis da Comunidade Britânica. Depois de um namoro epistolar, os dois se casam e tentam constituir família na ilha. A alegria de Isabel não resiste a duas gravidezes interrompidas. É então que um barquinho de madeira surge na praia. Conduzido pelas ondas, cruza as águas em direção ao horizonte. Tom e Isabel correm até ele. Para o bem e para o mal, esse é um momento de virada no destino da família Sherbourne.

Mesmo considerando a sensível atuação de Alicia Vikander e Michael Fassbender, o que me hipnotizou em "A Luz entre Oceanos" foi o espetáculo das imagens do sol nascendo no mar, as águas cinzentas furiosas das tempestades, alternando com dias de calmas ondas azuis, tornadas flamejantes ao entardecer. Essa beleza foi também um alívio para o sofrimento que sucede aos primeiros tempos na ilha, quando o casal descobre as alegrias do amor em sua doce convivência. Haja coração e lenço para conter tantas lágrimas! Um filme bonito, bem interpretado e difícil de ser esquecido.

Curiosidade:
* Alicia Vikander e Michael Fassbender se conheceram no set de filmagem em setembro de 2014 e começaram a namorar em dezembro do mesmo ano.

Diretor: Derek Cianfrance
Roteiro: Derek Cianfrance, baseado no romance de M. L. Stedman
Musica: Alexander Desplat
Fotografia: Adam Arkapaw
Designer de Produção: Karen Murphy
Diretora de Arte: Sophie Nash
Figurino: Erin Benach
Elenco: Alicia Vikander, Michael Fassbender, Rachel Weisz, Florence Clery, Anthony Hayes, Jack Thompson, Thomas Unger, Bryan Brown, Jane Menelaus, Garry McDonald, Caren Pistorius
Distribuidora: Paris Filmes

The Playlist

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Brooklin

Brooklyn * * *
(2015) 111 min (14 anos)

Irlanda/EUA - Rosa e Eilis Lacey moram com a mãe viuva em Enniscorthy, no sudeste da Irlanda. Rosa trabalha como escriturária numa firma e Eilis presta serviço aos domingos na loja da implacável senhorita Kelly. Enfrentando a má vontade da patroa, a jovem explica que deixará o serviço por motivo de viagem à América. Um padre conhecido da irmã havia lhe conseguido emprego como vendedora numa loja de departamento do Brooklin, bairro cheio de emigrantes irlandeses. Em vez de desejar sorte à funcionária, Miss Kelly comenta secamente que Rosa terá que arcar sozinha com a responsabilidade da mãe até o final de sua vida. Assim, Eilis deixa para trás as duas pessoas que mais ama no mundo, para dividir uma cabine econômica com uma desconhecida, no navio que conduz mais uma leva de passageiros esperançosos, rumo à terra das oportunidades. 

Chegando aos Estados Unidos, Eilis se hospeda na pensão irlandesa para moças de Madge Kehoe, no Brooklin. A proprietária comanda a conversa na mesa do jantar com mão de ferro. A primeira carta recebida de casa, deixa a tímida Eilis em prantos. Mas, aos poucos, vai ganhando desenvoltura no trabalho, começa um curso de contabilidade, e é a unica das pensionistas que se propõe a ajudar o padre Flood na festa de final de ano para idosos irlandeses. De vez em quando, a recém chegada frequenta um baile, onde conhece Tony Fiorello, um rapaz bem intencionado que se apaixona por ela. A vida fica mais rica e promissora. Então chegam notícias amargas da velha Irlanda. O coração de Eilis se divide.

Deixarei que outros louvem o roteiro, a perfeição técnica deste filme e a interpretação sensível e poderosa dos atores. Além da beleza da fotografia e da fiel reconstituição de época, foram os tipos humanos que me impressionaram em "Brooklin". Entre outros, o padre dedicado a fazer o bem, a irmã altruísta que engendra uma oportunidade para a irmã caçula e a protagonista, ainda muito jovem, que enfrenta o medo e embarca na única saída visível para a independência. Do lado menos amável, há a rigorosa e carismática senhora Kehoe, a dona da pensão, que acaba se rendendo aos bons modos e a simplicidade de Eilis, assim como a mesquinha senhorita Kelly, a ex-patroa irlandesa. No conjunto, parece que personagens saídos dos romances de Dickens e Jane Austen desembarcaram em Nova Iorque na década de 50. Uma delícia. Indicado aos Oscar de Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Roteiro Adaptado. Ganhou o BAFTA como Melhor Filme Inglês em 2016.

Curiosidade: (Imdb)
* A Brooklin do filme foi gravada na verdade em Montreal, por razões econômicas. Apenas dois dias da produção foram rodados no Brooklin, um para as tomadas dos exteriores dos prédios em "brownstone", um tipo de rocha sedimentar ou arenito, e o outro para filmar em Coney Island.

* Saoirse Ronan (Eilis Lacey) nasceu no Bronx, em Nova Iorque, mas foi criada na Irlanda, de pais irlandeses. Ela considera "Brooklin" seu filme mais pessoal e a primeiras vez que usou o sotaque irlandês. Mas o dialeto do personagem é diferente do que usa na realidade. No filme ela usa um sotaque de Wexford, porque sua personagem é de Enniscorthy, mas na vida real, Saoirse fala com o sotaque de Dublin.

Diretor: John Crowley
Roteiro: Nick Hornby, baseado no romance de Colm Tóibín
Musica: Michael Brook
Fotografia: Yves Bélanger
Designer de Produção: François Séguin
Diretores de Arte: Irene O'Brien, Robert Parle
Figurino: Odile Dicks-Mireaux
Elenco: Saoirse Ronan, Emory Cohen, Jim Broadbent, Julie Walters, 
Distribuidora: Paris Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 12 de abril de 2016

Morangos Silvestres

Smultronstället * * *
Wild Strawberries
(1957) 95 min (Livre)



Suécia - Sentado em frente à escrivaninha em seu escritório, o professor Eberhard Isak Borg se apresenta como um médico solitário de 78 anos e informa que receberá uma homenagem na cidade de Lund. Depois de uma noite inquieta, durante a qual tem um sonho atribulado, Isak avisa à Agda, sua empregada há 40 anos, que deseja viajar de carro, e não de avião, como fora combinado. Nessa viagem, o doutor Borg e a nora Marianne começam a se conhecer melhor e dão uma carona à jovem Sara e seus dois pretendentes: um ateu e um religioso.

Acredito que estivesse com uns 8 anos quando meus pais foram ao cinema assistir "Morangos Silvestres". O filme já deveria ser classificado como Livre para todas as idades, mas nessa época eram as histórias da Disney e de Frank Capra que me seduziam. Por incrível que pareça, só ontem assisti, pela primeira vez, essa joia deixada pelo diretor sueco! As reflexões sobre a solidão e os distúrbios nos diversos tipos de relacionamento humano são apresentados de forma bem mais otimista do que em outras obras do cineasta. E é a possibilidade de superá-los que torna essa experiência mais adorável. O solitário professor se deixa contaminar com a alegria dos três jovens que encontra ao visitar a casa onde morou com a família. Parece tirar o coração do casulo onde seu infeliz casamento o enclausurou. Mais adiante o doutor faz uma parada para cumprimentar a mãe de 95 anos, uma figura independente e severa, que não aproveita essa tentativa de aproximação.


À parte a profundidade freudiana dos dramas de Bergman, são fascinantes suas composições da imagem. Nesse filme, como em "Fanny & Alexander", percebe-se a influência estética do pintor sueco Carl Larsson, especialmente nas lembranças do dr. Isak Borg na casa paterna. 

As aquarelas de Larsson retrataram sobretudo seus 8 filhos com a designer Karin, na colorida casa de Lilla Hyttnäs, em Sundborn. Bergman imaginou Isak numa família de dez irmãos e primos, em cenário que se inspira na luminosa decoração da casa de campo do pintor sueco e seu entorno. O ambiente alegre suaviza a carga dramática dos sentimentos do idoso personagem de "Morangos Silvestres". O filme foi indicado ao Oscar e ao BAFTA, e ganhou o Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro em 1960; uma obra-de-arte que resistiu com brilho à passagem do tempo.

Diretor: Ingmar Bergman
Roteiro: Ingmar Bergman
Musica: Erik Nordgren
Fotografia: Gunnar Fischer
Designer de Produção: Gittan Gustafsson
Elenco: Victor Sjöström, Ingrid Thulin, Bibi Andersson, Gunnar Björnstrand, Jullan Kindahl, Naima Wifstrand, Max von Sydow
Distribuidora: Versátil Home Video

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Ex_Machina

Ex Machina * *
(2015) 108 min (14 anos)

tudo capas gtba
EUA - No cinema, os meninos solitários costumam tornar-se escritores, gênios ou psicopatas. Nathan Bateman tornou-se um nerd genial enfadado com seus semelhantes. Ele mora numa mansão high tec, isolado dos outros seres humanos, acompanhado apenas de Kyoko, uma governanta que não compreende inglês. Como criador do Bluebook, o motor de busca mais usado no mundo, Nathan acumulou imensa fortuna e está empenhado numa pesquisa de inteligência artificial. 

Para testar seu projeto secreto, é sorteado um dos funcionários da Bluebook. O programador Caleb Smith vence a loteria e ganha uma viagem de uma semana na companhia de Nathan. Orfão de pais, 26 anos, sem irmãos ou namorada, Caleb também é um solitário. Num helicóptero da companhia, ele sobrevoa montanhas geladas até ser deixado no meio da mata, com instruções para acompanhar o rio até a casa.

O tímido jovem deve aplicar o Teste de Turing para avaliar se uma andróide criada por Nathan é capaz de se passar por humana. Alimentada com o software do Bluebook, a suave Ava reconhece as menores expressões faciais e distingue se o interlocutor está falando uma verdade ou uma mentira. Durante sete encontros, Ava permanece numa sala envidraçada, enquanto Caleb lhe faz perguntas. Um vínculo parece se estabelecer entre os dois.

O que distingue Ava, de "Ex Machina", e o David da belíssima fábula de Spielberg-Kubrick? O menino-robô de "A.I." foi criado para amar apenas sua "mãe" Monica. Na ausência dela, esse amor obsessivo tornou o pequeno andróide supérfluo, sem propósito. Ava é um programa que absorve todo o conhecimento existente na internet, sobretudo o modo como pensam as pessoas. Se só é possível amar a quem se conhece, seria Ava capaz de amar os humanos? Isso possibilitaria um vínculo entre Caleb e Ava? Quais foram as intenções do criador do software? "Ex_Machina" é daqueles filmes de ficção científica que faz pensar. Ótimo roteiro e mais um desempenho exemplar de Alicia Vikander, vencedora do Oscar de 2016, como atriz co-adjuvante em "A Garota Dinamarquesa". "Ex_Machina" também foi premiado na categoria de Efeitos Visuais.


Diretor: Alex Garland
Roteiro: Alex Garland
Musica: Geoff Barrow, Ben Salisbury
Fotografia: Rob Hardy
Designer de Produção: Mark Rigby
Elenco: Oscar Isaac, Domhnall Gleeson, Alicia Vikander, Sonoya Mizuno
Distribuidora: Universal

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Sicario - Terra de Ninguém

Sicario * *
(2015) 121 min (16 anos)

EUA, Arizona - A agente do FBI Kate Mercer perde dois colegas na batida policial a uma das propriedades do cruel traficante Manuel Diaz. Por trás das paredes da casa, os agentes encontram algumas dezenas de corpos de homens e mulheres adultos, todos de pé, ensanguentados, com as cabeças dentro de sacos plásticos. Os experientes investigadores passam mal diante da cena.

Decidida a punir o verdadeiro responsável, Kate se junta a uma força tarefa chefiada pelo sorridente Matt Graver. O objetivo da missão é fazer barulho, apreendendo drogas e mexendo nas contas bancárias do cartel mexicano. Matt tem autoridade para congregar equipes de diversas agências, só voa em jatinho particular e frequenta reuniões de trabalho usando sandálias havaianas. Junto a ele atua o enigmático agente Alejandro. Com voz mansa e modos incisivos, o latino obtém confissões de qualquer criminoso. Quem são na realidade Matt Graver e Alejandro?

Como espectadores, não recebemos qualquer informação privilegiada. Sabe-se apenas o que é do conhecimento da agente Kate Mercer. Isto é, pouco ou quase nada. Esse clima de suspense permanece até o fim de "Sicario: Terra de Ninguém", e funciona bem, mantendo a tensão e o interesse. A conclusão do roteiro é de deixar inquieto quem habita as grandes cidades, onde o tráfico de drogas tece suas teias por entre as esferas do poder oficial. No elenco merecem destaque as interpretações expressivas de Emily Blunt e Benício del Toro. Belíssima, como sempre, é a fotografia de Roger Deakins, o fantástico britânico CBE (Commander of the Order of the British Empire), que ainda não conseguiu convencer seus colegas americanos a lhe oferecerem um Oscar. Este é um filme imprescindível para os que gostam de emoções fortes.

Space

Diretor: Denis Villeneuve (Incendios, Os Suspeitos)
Roteiro: Taylor Sheridan
Musica: Jóhann Jóhannsson
Fotografia: Roger Deakins
Designer de Produção: Patrice Vermette
Elenco: Emily Blunt, Josh Brolin, Benício del Toro, Bernardo Saracino, Daniel Kaluuya, Maximiliano Hernandez
Distribuidora: Paris Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Belle e Sebastian

Belle et Sébastien * *
(2014) 98 min (10 anos)

França - Em 1943, numa aldeia dos Alpes franceses, vivem o pastor de ovelhas César e sua filha Angelina, a bela padeira local. Os dois cuidam de Sébastian, nascido no dia de São Sebastião há sete anos atrás. Sua mãe, uma cigana de passagem pela aldeia de Saint-Martin, morreu logo depois do parto. César faz o papel de avô, conforta o menino, dizendo que sua mãe o ama, mesmo estando longe na América, enquanto ensina o guri sobre a vida nas montanhas. 

O pastor francês está tentando encontrar o cão selvagem que anda atacando seu rebanho, mas Sebastian o encontra primeiro e começa a cativar o animal, tornando-se amigos inseparáveis. Além da "fera selvagem", toda aldeia tem que lidar com a patrulha nazista, cuja missão é impedir a fuga dos judeus em direção à fronteira. Na contra-mão dos alemães, o médico Guillaume, namorado de Angelina, conduz os refugiados pelos gelados caminhos das montanhas em direção à Suíça.

Mais do que Belle, o expressivo Félix Bossuet, como Sébastien, e a linda padeira Angelina são os trunfos de "Belle e Sebastian". O filme de Nicolas Vanier é mais do que bonito, chega a ser deslumbrante, pelo cenário das paisagens alpinas. Bom para reunir a família em qualquer momento, na tradição das histórias de Marcel Pagnol (A Gloria de Meu Pai, O Castelo de Minha Mãe).

Curiosidades:
* Belle pertence a uma raça antiga de Cão das Montanhas dos Pirineus, oriunda da Ásia Central e trazida para a Península Ibérica há cinco mil anos, como guardador de rebanhos. Uma das raças preferidas da realeza francesa para guardar castelos, recebeu de Luis XIV o título de Cão Real da França em 1675.

Margaux Châtelier como Angelina
* O personagem André é interpretado pelo ator e diretor Mehdi El Glaoui, filho de Cécile Aubry, autora do livro "Belle et Sébastien".

Diretor: Nicolas Vanier
Roteiro: Juliette Sales, Fabien Suarez, Nicolas Vanier, baseado no livro de Cécile Aubry (1965)
Musica: Armand Amar
Fotografia: Éric Guichard
Designer de Produção: Sebastian Birchler
Figurino: Adélaïde Gosselin
Elenco: Félix Bossuet, Tchéky Karyo, Margaux Châtelier, Dimitri Storoge, Andreas Pietschmann, Urbain Cancelier, Mehdi El Glaoui, Paloma Palma
Distribuidora: Imovision

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

sábado, 5 de dezembro de 2015

Morte Súbita

The Casual Vacancy
(2015) 180 min (16 anos) minissérie BBC1

Inglaterra - Os campos verdes da pequena vila de Pagford são um colírio para os olhos. Contudo, por trás das paredes da aldeia inglesa, a realidade não é tão bonita. Pais e filhos se estranham, esposas se desentendem com os maridos, ambição e intrigas se multiplicam entre os moradores. Há os idealistas, os que só procuram um pouco de paz e aceitação, além dos omissos, dos dependentes de drogas, e alguns obcecados por sexo. 

O centro Sweetlove oferece as atividades assistenciais em Pagford, mas um grupo de cidadãos menos sensíveis às desigualdades sociais planeja transformá-lo num spa de luxo. O comitê responsável está dividido, quando a morte de um dos membros abre uma vaga no conselho municipal, para a qual surgem três candidatos duvidosos. Os que defendem os direitos dos moradores do bairro pobre de Fields estão em desvantagem. 

Das fantasias de Hogwarts à dura realidade de Pagford, J.K. Rowling mostra sua versatilidade em "Morte Súbita". Algo do sentimento de desamparo do período mais difícil da vida da escritora, quando precisou viver da previdência social, pode ter alimentado essa história. Depois dos minutos necessários para captar o vínculo entre os personagens, e assimilar suas fraquezas, ficamos envolvidos com o drama. Um ótimo elenco.

Curiosidade:
* As gravações de "Morte Súbita" foram feitas em Painswick, Gloucestershire. Os moradores ficaram chocados ao descobrir uma loja nova, vendendo lingeries sensuais em sua rua principal. Alguns entravam para examinar as mercadorias, enquanto outros foram reclamar na reunião do conselho municipal, sem perceber que se tratava de um set de filmagem.

Diretor: Jonny Campbell
Roteiro: Sarah Phelps, J.K. Rowling
Musica: Solomon Grey
Fotografia: Tony Slater Ling
Designer de Produção: Sami Khan
Elenco: Abigail Lawrie, Michael Gambon, Julia McKenzie, Monica Dolan, Keeley Hawes, Rufus Jones, Rory Kinnear, Simon McBurney, Emily Bevan, Silas Carson, Keeley Forsyth, Joe Hurst, Lolita Chakrabarti, Simona Brown, Julian Wadham
Distribuidora: Warner

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

domingo, 22 de novembro de 2015

De Gravata e Unha Vermelha

De Gravata e Unha Vermelha *
(2015) 85 min (12 anos)

CinePlaneta
Brasil - Depois de tantos dias de ausência, durante os quais vi muitos filmes, mas não houve tempo e cabeça para escrever sobre eles no blog, por que retornar logo com um documentário de entrevistas com transgêneros e gays? Porque o filme me surpreendeu e emocionou. Apreciei a sinceridade dos relatos e a leveza no trato de tema tão controvertido. Por mais que essa realidade fuja do universo da maioria, importa pelo menos tentar compreender mais essa diversidade do ser humano.

A abertura do filme se faz com a presença exuberante de Candy Mel no palco, apoiada pelo ritmo da Banda Uó. Seguem os depoimentos de gente anônima e famosa que já sentiu na pele o que é ser diferente da norma. Certamente mais difícil para as pessoas comuns do que para os famosos. Lá estão Rogéria, Ney Matogrosso e Laerte. 

A diretora Miriam Chnaiderman alterna momentos até comoventes - como as confidências da simpática vovó Letícia Lanz - com sorrisos provocados pelas tirinhas bem-humoradas do cartunista Laerte. E segue com clips de apresentações de Ney Matogrosso, além da voz suave de Gilberto Gil. Fez falta alguma menção a Roberta Close no documentário; uma lacuna importante, já que a modelo e atriz assumiu sua condição transexual ainda na década de 80, enfrentando os preconceitos com beleza, elegância e inteligência.
Roberta Close no Extra

Diretora: Miriam Chnaiderman
Roteiro: Miriam Chnaiderman
Fotografia: Fernanda Rescali
Diretor de Arte: Dudu Bertholini
Participação: Laerte, Rogéria, Ney Matogrosso, Claudia Mel, Banda Uó, Letícia Lanz, João W. Nery, Johnny Luxo, Eduardo Laurentino, Dudu Bertholini, Dudda Nandez, Walério Araujo
Distribuidora: Imovision

De acordo com o site AdoroCinema, o filme ganhou o Premio Felix no Festival do Rio 2015.

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante
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