Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O Ultimo Concerto

A Late Quartet * *
(2012) 115 min (14 anos)

EUA - Quatro músicos tomam seus lugares no palco. Eles estão prestes a apresentar uma obra tardia de Beethoven, Op. 131. Mas o tempo retrocede para os fatos que antecederam esse último concerto do quarteto de cordas "Fugue". Juntos há 25 anos sob a liderança do violoncelista Peter Mitchell, os músicos ganharam prestígio internacional por sua perfeita harmonia musical. Daniel Lerner é o primeiro violino, Robert Gelbart é o segundo e sua esposa Juliette toca viola. Ambos têm uma filha, Alexandra, que é aluna de Daniel. No momento em que Mitchell descobre estar com Mal de Parkinson, o grupo perde a sintonia e conflitos latentes eclodem. 

Tantos assuntos são levantados em "O Último Concerto"! Dificuldade no relacionamento mãe-filha, dúvidas no amor entre marido e mulher, infidelidade, ressentimento, compromisso profissional, paixão x perfeccionismo, aceitação dos limites impostos pela doença, rivalidades, o poder da música e do amor à arte. E tudo se harmoniza delicadamente sob a direção de Zilberman.

Mas as cerejas do bolo, no meu caso, foram a oportunidade de ver mais um desempenho de Philip Seymour Hoffman e a historinha contada pelo violoncelista Peter à turma de jovens alunos, recordando seus dois encontros com Pablo Casals. Diante da atitude excessivamente crítica de alguns, o músico valorizava a importância de tocar com originalidade e paixão, minimizando pequenos deslizes eventuais. Esse olhar benévolo me lembrou do conselho do meu querido analista baiano, Pedro de Figueiredo Ferreira: "A gente deve fazer o vínculo com a parte boa das pessoas, para tolerar as partes ruins." Os músicos terão uma compreensão extra de "O Último Concerto", mas nós, leigos, podemos admirar a precisão e elegância desta obra orquestrada por Yaron Zilberman.
Rembrandt (1658)

Curiosidades:
* A historia que Peter Mitchell conta a seus alunos sobre o lendário Pablo Casals é verídica; aconteceu com outro famoso violoncelista, o ucraniano já falecido Gregor Piatigorsky. A historia aparece na autobiografia de Piatigorsky, "Cellist".

* A cena entre Mitchell e Juliette na The Frick Collection, maravilhosa galeria de pinturas de Nova Iorque, é a primeira a ter recebido permissão para ser filmada ali, desde a inauguração do museu (1935). Entre as obras ali apresentadas, destaca-se o auto-retrato de Rembrandt.

* O Quarteto de Cordas Brentano dublou as performances do quarteto "Fugue".

Diretor: Yaron Zilberman.
Roteiro: Yaron Zilberman, Serth Grossman
Imogem Poots como Alexandra Gelbart
Musica: Angelo Badalamenti
Fotografia: Frederick Elmes
Designer de Produção: John Kasarda
Diretora de Arte: Rumiko Ishii
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Christopher Walken, Catherine Keener, Mark Ivanir, Imogen Poots, Madhur Jaffrey, Liraz Charhi, Nina Lee, Wallace Shawn
Distribuidora: Europa Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante


The Frick Collection - NY

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Era uma Vez em Nova York

The Immigrant *
(2013) 118 min (14 anos)

EUA, 1921 - As irmãs polonesas Ewa e Magda Cybulski partem da Silésia em direção a Nova Iorque. Assim que chegam à Ilha Ellis, os médicos suspeitam de que Magda esteja tuberculosa e colocam-na em quarentena. Sozinha, sem ter a quem recorrer, Ewa cai sob a proteção de Bruno Weiss, um cafetão com contatos na Ilha e responsável pelo show de garotas de programa do "teatro" Bandits' Roost.

Forçada a se prostituir para conseguir dinheiro para a irmã e - ó ironia - encarnando a Estátua da Liberdade no show de Bruno, Ewa se submete às circunstâncias, mas resiste às investidas do explosivo chefe, que se sente atraído por ela. Ao encontrar Emil, mais conhecido como "Orlando, o Mágico", primo de Bruno, a situação se complica. Os primos brigam, pois ambos estão apaixonados pela bela e distante Ewa; e esta começa a perder as esperanças de reencontrar Magda e levar uma vida feliz na América. 

Em busca de conforto, Ewa vai à igreja no dia de Nossa Senhora da Luz. Ajoelha-se e reza com fé diante do altar. Entrando no confessionário, conta ao sacerdote todas as suas faltas. O padre lhe diz que não deve se desesperar nunca, pois merece a salvação, como qualquer outra pessoa. Depois de se deparar com tanta maldade e incompreensão nas ruas de Nova Iorque, haverá saída para as irmãs Cybulski? A fé e o Amor operam milagres nos corações.

Pensando em meu pai, que adora filmes românticos e atrizes lindas, escolhi "Era uma Vez em Nova York" para atualizar o By Star. Espero que ele goste e também se apaixone por Ewa. Já bastaria a presença de Marion Cotillard para valer uma conferida, mas há mais, o desempenho de Joaquin Phoenix e Jeremy Renner, a fiel reconstituição de época e uma bela fotografia, ao mesmo tempo forte e esmaecida. Feliz 2015 a todos, especialmente aos cinéfilos que mantem vivo o amor à 7ª arte!

Diretor: James Gray
Roteiro: James Gray & Ric Menello
Musica: Chris Spelman
Fotografia: Darius Khondji (Seven - Os Sete Pecados Capitais, Amor, Meia Noite em Paris, Magia ao Luar)
Designer de Produção: Happy Massee
Diretor de Arte: Pete Zumba
Elenco: Marion Cotillard, Joaquin Phoenix, Jeremy Renner, Angela Sarafyan, Ilia Volok, Maja Wampuszyc, Antoni Corone, Patrick Husted
Distribuidora: Europa Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O Doador de Memorias

The Giver
(2014) 97 min (12 anos)

Em 2048, depois de mais uma grande devastação na Terra, causada pela violência, a humanidade avaliou que emoções eram perigosas para a paz. Decidiu-se eliminar os sentimentos fortes e minimizar as diferenças individuais para evitar sofrimentos e guerras. Todos os habitantes de uma comunidade da América do Norte tiveram suas memórias apagadas, exceto um guardião de memórias, que deveria usar seus conhecimentos e lembranças para orientar o Conselho de Idosos. Os jovens nesta sociedade não escolhiam sua profissão, eram encaminhados para determinadas carreiras, de acordo com uma avaliação de suas tendências. O treinamento das crianças incluía obediência, gentileza e absoluta sinceridade. Além disso, todos os habitantes recebiam diariamente uma dose de certa substância que induzia um estado de calma satisfação.

A unidade familiar do adolescente Jonas incluía pais e um casal de irmãos. Nas horas vagas o jovem divertia-se com os amigos Asher e Fiona, com quem também trabalhava num centro de cuidados para bebês. No dia da formatura todos se surpreendem quando Jonas é escolhido como o novo "Receptor da Memória". A partir deste momento deveria frequentar a casa do "Doador de Memórias", que morava isolado e podia descumprir algumas regras da comunidade. Embora não devesse compartilhar detalhes de seu treinamento, Jonas sente algo especial por Fiona e lhe revela suas descobertas sobre os sofrimentos e alegrias do passado, além de algumas práticas perturbadoras do presente. 

Essa sociedade "pacífica", que não suportava a violência, elimina os indivíduos indesejáveis de qualquer idade com injeções letais, belas imagens e musica suave. Jonas não pode suportar a ideia de perder o choroso Gabriel, que conheceu no centro de cuidados com bebês, e resolve fugir com ele. Tanto Jonas quanto o Doador de Memória avaliam que a comunidade seria mais humana se fosse possível devolver às pessoas suas lembranças, mas o Conselho de Idosos discorda e fará de tudo para impedi-los.

Por que será que tantos roteiristas de cinema imaginam um futuro em que trocaremos nossa liberdade pelo bem-estar fornecido por uma sociedade controladora? "O Doador de Memórias" é mais um filme a nos mostrar que nenhum bem-estar material vale a pena, se tivermos que abrir mão de nossa capacidade de decidir e de ter acesso à realidade dos fatos. Foi com interesse e prazer que cheguei ao fim dessa história. Minha filha Sophia ficou revoltada por ter incluído o filme na categoria Natal, mas se você prestar atenção até o final, descobrirá o porquê. Contudo já bastaria todo o sacrifício de Jonas no resgate de Gabriel, para me lembrar da viagem de Maria e José a caminho do Egito, para salvar o Menino Jesus. E assim me vieram ideias natalinas.

Diretor: Phillip Noyce
Roteiro: Michael Mitnick e Robert B. Weide, baseado no livro de Lois Lowry
Musica: Marco Beltrami
Fotografia: Ross Emery (Wolverine: Imortal)
Designer de Produção: Ed Verreaux
Diretor de Arte: Catherine Palmer, Christopher R. DeMuri, Shira Hockman
Elenco: Jeff Bridges, Meryl Streep, Katie Holmes, Odeya Rush, Brenton Thwaites, Alexander Skarsgård, Cameron Monaghan, Taylor Swift, Emma Tremblay, Katharina Damm
Distribuidora: Paris Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Chef

Chef
(2014) 115 min (12 anos)

EUA - Carl Casper é o renomado chef do "Gauloise", de Los Angeles. Sua equipe o admira e a crítica o festeja, mas Riva, o dono do restaurante, não permite que experimente novas ideias. Sabendo que o blogueiro Ramsey Michel fará uma visita ao "Gauloise", Carl quer inovar o cardápio e se revolta quando Riva pretende servir o de sempre, que tem agradado ao público. Casper se recusa e abandona a cozinha nas mãos do sub-chefe. Apesar dos esforços da equipe, Ramsey Michel tuita observações desapontadas sobre a mesmice do cardápio. Lendo os comentários no twitter, Carl volta ao restaurante e despeja toda sua revolta em alto e bom sobre o blogueiro. Os outros clientes filmam e colocam na internet, tornando-se o desabafo um viral em pouco tempo. 

Desempregado, Casper resolve aceitar a sugestão da ex-esposa Inez e partir para Miami, preparando comida cubana no trailer "El Jefe". Seu filho Percy e o sub-chefe Martin o acompanham nessa deliciosa aventura gastronômica. Percy cria uma conta para o pai no twitter e capitaliza a recente fama negativa, debatendo com Ramsey Michel e postando a trajetória de "El Jefe" pelas cidades do caminho. Entusiasmado por elaborar seu próprio cardápio, Carl vai encantando os clientes com sanduíches cubanos e outras delícias dos locais por onde passa, como Nova Orleans e Texas, rumando para Los Angeles.

Para pessoas gulosas, "Chef" é um prato cheio, dá vontade de sair direto para um restaurante de comida mexicana, já que a cubana é mais rara por aqui. Não há surpresas na trama, a receita é mais do que testada, mas agrada, sobretudo pela presença de Sofia Vergara, John Leguizamo e Emjay Anthony, que interpreta Percy. Emjay estará no elenco do próximo filme da série "Divergente". Além das comidinhas saborosas, outra atração de "Chef" é o aprofundamento da relação pai-filho. Desde que Carl começa a ouvir Percy e aproveitar suas sugestões, além de ensinar-lhe técnicas de cozinha, a amizade e o respeito entre eles cresce, reforçando o vínculo. Uma ótima dica para nós pais.

Diretor: Jon Favreau
Roteiro: Jon Favreau
Fotografia: Kramer Morgenthau
Designer de Produção: Denise Pizzini
Diretora de Arte: Alicia Maccarone
Elenco: Jon Favreau, Dustin Hoffman, Scarlett Johansson, Sofía Vergara, Emjay Anthony, John Leguizamo, Robert Downey Jr., Oliver Platt.
Distribuidora: Imagem Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

domingo, 23 de novembro de 2014

Paraiso

Paraiso *
(2013) 105 min (14 anos)

México - Namorados desde sempre, Carmen e Alfredo vivem felizes em Satélite, um município próximo à Cidade do México. Eles se amam como companheiros de cama e mesa, cúmplices na intimidade e na preferência por donuts e tacos. Chamam-se carinhosamente de "Gordo" e "Gorda", gostam de estar juntos e de sair vestidos de forma idêntica, usando agasalhos vermelhos com logotipo da GAP. Quando Alfredo é promovido no trabalho, os dois precisam se mudar para a capital e se adaptar à vida na metrópole, onde as pessoas praticam o culto ao corpo ... magro.

Logo na primeira festa para funcionários do banco, Carmen está no banheiro e ouve duas colegas do marido fazendo comentários desagradáveis sobre a silhueta farta do casal. Para arrematar a piada uma delas acrescenta: "Ela parece saída de um quadro de Botero." Depois de pesquisar no Google os quadros do pintor, a jovem decide entrar num programa de emagrecimento, sem ter ideia das consequências desta resolução para a felicidade de ambos. Se Alfredo consegue emagrecer com facilidade, Carmen ainda adiciona quilos extras aos já existentes. Para evitar expor seu peso diante do grupo, resolve subornar com bolinhos a moça da balança. Enquanto o marido se torna mais elegante, a jovem esposa passa a ter vergonha do próprio corpo; ela se sente deslocada, no inferno. Sua única alegria são as aulas do curso de comida galega, que começou a frequentar no lugar da ioga. As alunas cozinham, conversam e cantam, reproduzindo um ambiente familiar do qual ela andava sentindo falta. Será possível para Carmen voltar a viver num paraíso?

"Paraíso" foi pouco avaliado no IMDB. Entre os 174 usuários que deram notas ao filme, apenas 3 eram menores de 18 anos, mas os três atribuíram notas altas. Os outros 171 votantes foram muito severos! Uma reação surpreendente para uma produção agradável, cuidada, bem dirigida, e interpretada por protagonistas simpáticos. Em compensação, o crítico Renato Hermsdorff, do site AdoroCinema, gostou do filme. "Paraíso" cativa e diverte, vale conferir. 

Curiosidade:
* Este é o filme de estreia de Daniela Rincón. Ela foi escolhida entre 800 candidatas para o papel de Carmen.

Diretora: Mariana Chenillo
Roteiro: Mariana Chenillo, baseado em um conto de Julieta Arévalo
Musica: Dario Gonzalez Valderrama
Fotografia: Yarom Orbach
Designer de Produção: Hania Robledo
Diretor de Arte: Carlos Benassini
Vestuário: Adela Cortázar
Elenco: Daniela Rincón, Andrés Almeida, Camila Selser, Beatriz Moreno, José Sefami, Luis Gerardo Mendez, Anabel Ferreira
Distribuidora: Imovision

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Into the Woods - trailer


No dia 8 de janeiro de 2015 estreia o novo filme da Disney: "Caminhos da Floresta".
O trailer promete. Um filme de Rob Marshall, com Meryl Streep, Anna Kendrick, Emily Blunt, Johnny Depp, Chris Pine.
Programa de férias imperdível!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O Lobo Atrás da Porta

O Lobo Atrás da Porta * *
(2013) 102 min (16 anos - Violência e Conteúdo Sexual)

Brasil - Uma criança é sequestrada num subúrbio do Rio de Janeiro. Quando sua mãe Sylvia chegou à creche para buscá-la, foi informada de que a menina já tinha sido levada por uma vizinha. Desesperada, Sylvia procura a delegacia do bairro na companhia do marido Bernardo. Enquanto eles são interrogados, um carro da polícia vai até a casa de Rosa, com quem Bernardo manteve um relacionamento intenso até poucos dias atrás. Pacientemente, o detetive encarregado tenta deslindar, entre tantos depoimentos contraditórios, toda uma teia de desejo, violência, omissões e mentiras que levou ao desaparecimento da menina.

Premiado em vários festivais no Brasil e no exterior, "O Lobo Atrás da Porta" é um exemplo da boa qualidade do cinema brasileiro contemporâneo. A bela fotografia de Lula Carvalho encontra ângulos interessantes mesmo no entorno um tanto desordenado da periferia carioca. Ótimo o trabalho do elenco neste drama sombrio, com destaque para os três protagonistas. Particularmente, preferia menos cenas de sexo na tela, mas compreende-se seu significado na trama.

Diretor: Fernando Coimbra
Roteiro: Fernando Coimbra
Fotografia: Lula Carvalho
Diretor de Arte: Tiago Marques
Elenco: Leandra Leal, Milhem Cortaz, Fabíula Nascimento, Juliano Cazarré, Antonio Saboia
Distribuidora: Imagem Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Não Pare na Pista

Não Pare na Pista, a Melhor Historia de Paulo Coelho
(2014) 110 min (16 anos - cenas de sexo e drogas)

Wikipedia
Brasil - Desde adolescente, Paulo Coelho só queria ser escritor, para aflição do pai, que insistia em que, além do sonho, o filho tivesse uma profissão que pagasse as contas. Internado algumas vezes em clínicas psiquiátricas, foram necessários muitos anos e experiências até que esse desejo se tornasse realidade. Desde 25 de julho de 2002, Paulo ocupa a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras e é o autor mais traduzido no mundo. "O Alquimista" foi vertido para 69 idiomas.

"Não Pare na Pista" é o título de uma das músicas que Paulo Coelho fez em parceria com Raul Seixas. Sua fase de letrista é uma das histórias contadas no filme do diretor Daniel Augusto. O roteiro se fixa em três períodos: décadas de 60 e 80, além de um momento em 2013, quando o escritor deixa uma clínica, onde passou por um procedimento cardíaco, e refaz o Caminho de Santiago na companhia de sua segunda esposa, a artista plástica Christina Oiticicca, com quem vive desde 1981. 

"Não Pare na Pista" é produção agradável, enfeitada por uma bela direção de arte e levada por elenco muito competente. Destaco, entre os acertos do filme, a atuação dos irmãos Julio e Ravel Andrade, que se revezam no papel do Paulo Coelho jovem e maduro, além da maquiagem do técnico de efeitos especiais, Stephen Murphy (Harry Potter e as Relíquias da Morte), que tornou muito natural o processo de envelhecimento do personagem.

Até hoje, só tive a oportunidade de ler um livro de Paulo Coelho: "O Dom Supremo". É uma adaptação livre da obra "A Melhor Coisa do Mundo" (The Greatest Thing in the World), do escritor evangélico escocês Henry Drummond. Trata-se de uma reflexão sobre o 13º capítulo das primeiras cartas de São Paulo aos Coríntios. (Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como um bronze que soa, ou como um címbalo que tine...) Paulo fez um ótimo trabalho, escrevendo numa linguagem simples e poética. "O Dom Supremo" vendeu mais de 5 milhões de exemplares em todo mundo. Talvez me falte o conhecimento de outras obras do escritor para compreender melhor sua busca espiritual exibida no filme. O que não me impediu de apreciar bastante "Não Pare na Pista".

Curiosidade:
* As filmagens foram feitas no Rio de Janeiro, durante 7 semanas, e mais duas de gravação em Santiago de Compostela, Espanha.

Diretor: Daniel Augustp
Roteiro: Carolina Kotscho
Musica: Pascoal Gaigne
Fotografia: Jacob Solitrenick
Elenco: Julio Andrade, Ravel Andrade, Fabiana Gugli, Fabiula Nascimento, Enrique Diaz, Lucci Ferreira, Theresa Amayo, Paz Vega, Luis Carlos Miele, Nancho Novo
Designer de Produção: Antxon Gomez
Diretor de Arte: Zé Luca
Distribuidora: Europa Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

domingo, 16 de novembro de 2014

Os Homens São de Marte... e é pra lá que eu vou

Os Homens São de Marte... e é pra lá que eu vou!
(2014) 82 min (14 anos)

Brasil -  Fernanda e Aníbal são produtores de eventos cuja principal missão é tornar realidade os sonhos de noivos e noivas - e suas mães - organizando casamentos magníficos nos mínimos detalhes. Ironicamente, Fernanda acaba de se separar e está em busca do grande amor de sua vida. Sorridente, cabelos longos, alta, esguia, vários candidatos se apresentam e ela se atira em seus braços, sem pensar duas vezes. Aos 39 anos, sente que o tempo não está a seu favor, "óvulos tem prazo de validade!".

Mas a decepção também chega rápido. Um senador, um milionário agitado e um alemão natureba se sucedem em vão. Tia Sueli conhece um solteiro para apresentar, as cartas de tarô anunciam a chegada do príncipe encantado. Contudo, parece mais fácil conseguir que Lulu Santos se apresente numa festa do que encontrar aquele homem confiável, carinhoso, interessante - o parceiro ideal para começar uma família. Não fosse sua fiel amiga Nathalie, Fernanda já teria jogado a toalha.

Fernanda se empolga tão rápido como se decepciona,  afinal ela se deixa atrair por indícios irrelevantes, "ele é charmoso, tem uma profissão interessante, é descolado" e imagina todo o resto. Sua busca desastrada lembra a de Jocelyn Pierston, escultor apaixonado pelo Amor, personagem do romance de Thomas Hardy "The Well-Beloved" (A Bem-Amada). Um livro imperdível para quem se interessa pelo tema. 

Irene Ravache como Maria Alice Dantas
Já "Os Homens São de Marte... e é pra lá que eu vou" agrada, sobretudo pela simpatia da heroína. A atriz Monica Martelli, que é também autora da peça original, convence e cativa desde a primeira cena, bem apoiada por Daniele Valente, como sua melhor amiga Nathalie, uma humorista nata. O filme traz cenários bonitos e flui bem. Também dá gosto ver o desempenho de Irene Ravache como a cliente rica, e tão exigente, que só fecha o contrato com a presença de Lulu. Mulher de bom-gosto.

Curiosidades:
* As aventuras de Fernanda são inspiradas em experiências de Monica Martelli.

* Monica Martelli nasceu em Macaé, Rio de Janeiro, em 17 de maio de 1968, com o nome de Márcia Garcia. Formada em Jornalismo, foi casada com o americano Jerry Marques (2002 a 2012), com quem teve uma filha chamada Julia (2/09/2009). 

Aníbal, Fernanda e Nathalie
Diretor: Marcus Baldini
Roteiro: Monica Martelli & Susana Garcia & Patricia Corso
Musica: Plinio Profeta
Fotografia: Pedro Farkas
Diretora de Arte: Vera Hamburguer
Elenco: Monica Martelli, Daniele Valente, Paulo Gustavo, Irene Ravache, Marcos Palmeira, Eduardo Moscovis, Humberto Martins, Peter Ketnath, Ana Lucia Torre, Julia Rabello, Lulu Santos
Distribuidora: Paris Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

E a Vida Continua

The Talk of the Town
(1942) 118 min (14 anos) preto e branco

EUA, Nova Inglaterra - Quando a fábrica de tecido da cidade de Lochester pega fogo, o proprietário Andrew Holmes acusa o funcionário Leopold Dilg do incêndio criminoso que causou a morte do capataz da fábrica. Instigados por Holmes, os habitantes da cidade se voltam contra Leopold, um ativista político que estava sempre reclamando das condições de trabalho. Dilg é preso e condenado à morte num julgamento falho, sem que haja evidências de sua culpabilidade. Quando surge a oportunidade, o prisioneiro foge da cadeia e vai se esconder na casa de Nora Shelley, uma antiga colega de escola.

Nora está arrumando a residência que será alugada durante o verão ao professor de Direito Michael Lightcap. O jurista de Harvard precisa de sossego para escrever um livro e chega à cidade um dia antes do combinado. Em um curto intervalo de tempo, Nora é surpreendida por Leopoldo e pelo novo inquilino. Apresentando Dilg como o jardineiro Joseph, Miss Shelley tenta conciliar uma situação perigosa. Para contornar os possíveis problemas, se oferece como secretária e cozinheira ao professor, enquanto seu mordomo não chega. 

Desta convivência surgem sentimentos de amizade e respeito, assim como um interesse amoroso dos dois homens em relação a Nora. O mais interessante é a posição divergente dos três em relação à necessidade de obediência rigorosa à letra da Lei. No devido tempo, cada um deles terá uma decisão importante a tomar, que decidirá a vida dos outros dois.

"E a Vida Continua" poderia ter vários outros títulos, de acordo com as alternativas sugeridas para o original em inglês ("The Talk of the Town"). (wikipedia) Meus favoritos teriam sido "A Justiça Pisca um Olho" ("Justice Winks an Eye"ou "Escândalo em Lochester" ("Scandal in Lochester"). Escandalosos foram o crime, a atitude do juiz e do juri - condenando sem provas - e a reação dos habitantes da cidade, que, incitados por Holmes, queriam linchar Leopold. 

Importantíssimo é o discurso final de Lightcap, sobre a necessidade de valorizar a Justiça e praticar a Lei, não apenas ao pé da letra, mas respeitando-a no espirito em que foi criada. Para vivermos numa democracia verdadeira, todos devem ter as mesmas oportunidades e ser tratados como iguais perante a Lei. 

Jean Arthur e Cary Grant centralizam o humor na historia mas o ator do cinema mudo, Ronald Colman, se sai bem em todo tipo de cena, como o professor de Direito Michael Lightcap. O estúdio considerou dois finais alternativos, nos quais Nora preferia Leopold ou Lightcap. Mas todos os rascunhos do roteiro do diretor George Stevens consideravam a escolha atual. Tenho certeza de que teria me agradado há 40 anos atrás. Atualmente teria preferido a outra opção de Miss Shelley... 

Curiosidade:
* Foi a primeira vez, desde a época do cinema mudo, em que o nome de Ronald Colman aparece depois de outro protagonista masculino.

Diretor: George Stevens
Roteiro: Irwin Shaw & Sidney Buchman, baseado em historia de Sidney Harmon
Musica: Friedrich Hollaender
Fotografia: Ted Tetzlaff
Diretor de Arte: Lionel Banks
Elenco: Jean Arthur, Ronald Colman, Cary Grant, Edgard Buchanan, Glenda Farrell, Charles Dingle, Emma Dunn, Rex Ingram, Tom Tyler
Distribuidora: Colecione Classicos

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O Melhor Lance

The Best Offer *
La Migliore Offerta
(2013) 131 min (14 anos)

Virgil Oldman autentica obras de arte e comanda leilões concorridíssimos pelo grande valor das peças expostas. Arrogante, desconfiado de tudo e de todos, prefere relacionar-se com a beleza, através de pinturas que ele escolhe a dedo. No coração de sua casa há um santuário. Por trás de prateleiras repletas de luvas, esconde-se uma sala onde as paredes estão cobertas de imagens de mulheres pintadas pelos melhores artistas de todos os tempos. No seu tempo livre, Virgil se põe a contemplar as beldades imortais, compensando sua falta de jeito para os relacionamentos reais.

Fazem parte de sua equipe de trabalho o habilidoso engenheiro Robert, que é capaz de reconstituir qualquer máquina, e Billy Whistler, um pintor desconhecido que arremata para Virgil obras selecionadas dos grandes mestres, que o leiloeiro avaliou previamente abaixo do preço. Nada se altera em sua rotina até que uma nova cliente desafia o leiloeiro em seus hábitos de trabalho. A jovem Claire Ibbetson não se mostra em público, ela é a única herdeira de uma bela villa repleta de peças de arte. Visitando a propriedade, Virgil encontra no porão engrenagens antiquíssimas de um objeto desconhecido e fascinante, que ele vai entregando a Robert para reconstituição. É também o engenheiro quem aconselha Virgil no relacionamento com Claire. O autenticador de obras de arte não está acostumado a lidar com sentimentos.

São a belíssima fotografia de "O Melhor Lance", assim como a casa de Claire e a sala secreta de Virgil, o filé mignon do filme, mesmo que as pinturas do leiloeiro apareçam espalhadas do teto ao rés do chão. Apesar da falta do destaque que mereciam, são esplêndidos quadros de Rafael, Ticiano, Bronzino, Lorenzo Lotto, Andrea del Sarto, Dürer, Lucas Cranach the Elder, Guido Reni, Ingres, Dante Gabriel Rossetti e Renoir. "O Melhor Lance" ainda mostra obras de William-Adolphe Bouguereau, Rubens, Goya, Élisabeth Vigée-Le Brun e Modigliani. Pode-se consultar a lista na trivia do site IMDB. O filme prende a atenção e uma certa melancolia dos personagens vai nos contagiando, permanecendo no ar mesmo depois do "Fim".

Diretor: Giuseppe Tornatore
Roteiro: Giuseppe Tornatore
Musica: Ennio Morricone
Fotografia: Fabio Zamarion
Designer de Produção: Maurizio Sabatini
Diretores de Arte: Maurizio di Clemente e Andrea Di Palma
Elenco: Geoffrey Rush, Jim Sturgess, Sylvia Hoeks, Donald Sutherland, Philip Jackson, Kiruna Stamell, Dermot Crowley
Distribuidora: Paris Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

sábado, 8 de novembro de 2014

A Mulher do Padeiro

La Femme du Boulanger *
(1938) 130 min (14 anos)

França - Numa pequena vila da Provence, os habitantes brigam por tudo e passam o ressentimento de pai para filho. Se uma árvore bloqueia os raios de sol na horta do vizinho, isso é motivo para desentendimento sério. Até o pároco discute com o professor da escola primária, por conta de uma aula sobre Joana D'Arc. Quando o padeiro da vila se suicida, seus clientes não sentem falta, pois o pão era feito sem qualquer cuidado, sob os constantes efeitos de uma ressaca. 

O novo padeiro chega à cidade com uma bela e jovem esposa, que provoca a admiração dos homens e o despeito das mulheres. Aimable Castanier é um homem de meia-idade, que trabalha com amor, inspirado pela bela Aurélie. Sua primeira fornada agrada a todos os moradores, assim como ao elegante Marquês Castan de Venelles. O nobre encomenda 30 pães, que deverão ser entregues diariamente ao pastor Dominique. Mas Aurelie se toma de paixão pelo pastor, deixa marido, pães e aldeia para trás e foge com o amante na garupa do cavalo favorito do Marquês. O aristocrata não se conforma com o duplo prejuízo. 

Desesperado, Aimable não consegue mais trabalhar e toma uma formidável bebedeira. Os aldeões, que inicialmente riram da situação, chegando a presentear o padeiro com um par de chifres, convocam o padre e o professor da cidadezinha para trazer a infiel de volta. Todas as diferenças são esquecidas e os habitantes da vila se unem para lutar pelo bom pão.

Em "A Mulher do Padeiro" os tipos são engraçados e é cativante a firme benevolência de Aimable, que compreende tudo, perdoa tudo. Calejado pela vida, basta-lhe que Aurélie esteja presente, para que a contemple e que seja sua motivação para trabalhar, o objeto de sua ternura. Raimu foi a escolha perfeita para viver o gentil padeiro, embora não fosse a primeira opção de Marcel Pagnol.

Curiosidades:
* O filme é mencionado no livro de J.D. Salinger, "O Apanhador no Campo de Centeio".

* Marcel Pagnol escreveu o papel de Aurélie para Joan Crawford, mas a atriz declinou por não falar francês. Foi Raimu (Aimable Castanier) quem sugeriu a atriz Ginette Leclerc.

* A gravação do filme foi feita na pequena vila de Castellet, no sul da França.

Diretor: Marcel Pagnol
Roteiro: Marcel Pagnol, baseado no romance "Jean le Bleu" de Jean Giono
Musica: Vincent Scotto
Fotografia: Georges Benoît
Elenco: Raimu, Ginette Leclerc, Charles Moulin, Fernand Charpin, Robert Vattier, Alida Rouffe, Robert Bassac, Maximilienne, Marcel Maupi
Distribuidora: Cult Classic

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

Macaroni

Maccheroni
(1985) 104 min (16 anos)

Itália - O importante empresário americano Robert Traven chega a Nápolis e é filmado pela TV local. Encantado com este acontecimento, o arquivista Antonio Jassiello força a entrada no quarto do hotel em que Robert está hospedado, na esperança de reencontrar o amigo da juventude. Mas o americano está cansado, irritado, e é muito grosseiro, pois não se lembra de Antonio, nem de sua irmã Maria, por quem Bob teria se apaixonado no período em que viveu na cidade como soldado, durante a 2ª Guerra Mundial. O italiano deixa no quarto uma foto dos enamorados de 40 anos atrás e o empresário o procura em casa para devolver. Antonio não está, mas sua esposa comenta o quanto o arquivista ficou feliz por ter sido tão bem recebido por Robert.

De surpresa em surpresa, o empresário americano descobre que Antonio escreveu muitas cartas em seu nome para consolar a desesperada namorada Maria. Nestas missivas, Robert estaria sempre em missões heroicas pelo mundo, envolvido no resgate de pessoas em perigo. A notícia da chegada do americano se espalha e o empresário se vê envolvido numa onda de calor humano como não sentia há muito tempo. Na companhia de Antonio, sua família e amigos, ele ri, relaxa e se diverte como nunca.

Em "Macaroni", Ettore Scola conseguiu reunir Jack Lemon e Marcello Mastroianni para contar a historia singela de como se derrete o coração de um homem empedernido pelo trabalho e por um divórcio recente. Mas o filme pegou o competente Roger Ebert num mau dia e sua critica foi severíssima. Previsibilidades à parte, o talento da equipe compensa, e o clima caloroso conforta.

Curiosidade:
* Marcello Mastroianni deixou crescer um bigode para o filme, mas estava tão nervoso no primeiro dia de filmagem que, distraidamente, o raspou.

Diretor: Ettore Scola
Roteiro: Ruggero Maccari, Furio Scarpelli, Ettore Scola
Musica: Armando Trovajoli
Fotografia: Claudio Ragona
Designer de Produção: Luciano Ricceri
Elenco: Jack Lemon, Marcello Mastroianni, Daria Nicolodi, Isa Danieli, Bruno Esposito, Giovanna Sanfilippo, Marta Bifano
Distribuidora: Paragon

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

sábado, 1 de novembro de 2014

Deus NÃO Está Morto

God's Not Dead
(2014) 113 min (10 anos)

EUA - Mesmo tendo sido alertado pelo jovem atendente da Universidade, Josh Wheaton se matricula na matéria de Introdução à Filosofia. Era a única eletiva que encaixava em sua grade de horário. Logo no primeiro dia de aula, o pretensioso professor Radisson exige que todos os alunos escrevam, numa folha de papel, "Deus está Morto" e depois assinem. Caso contrário terão que provar sua crença diante no púlpito e dificilmente se sairão bem na matéria. 

Diante da ameaça, todos os alunos escrevem a frase e assinam, menos Josh. Mesmo contra a vontade da namorada e correndo o risco de não poder ingressar no curso de Direito, o estudante aceita ocupar, durante 3 dias, os últimos 30 minutos das aulas de Filosofia, para defender a existência de Deus. Sua primeira apresentação enfurece o professor Radisson, sincero o bastante para afirmar ser deus em sua sala de aula e que não admite ser desafiado. Mas Josh agora está determinado e arrisca tudo para não perder sua alma.

"Deus Não Está Morto" reúne alguns dos principais argumentos conhecidos pro e contra a existência de Deus. É um filme imperdível para quem reflete sobre a questão primordial da existência, mesmo sendo uma produção modesta, que alinhava algumas outras historias secundárias bem menos interessantes. Mas lembrou-me dos debates infindáveis, que ultrapassaram 4 décadas, entre meu marido ateu e meu pai teísta. Nenhum dos dois jamais cedeu um centímetro durante esse tempo, mas foram conversas emocionantes e, algumas vezes, até engraçadas, afinal os dois se amam e respeitam. Se você receber uma mensagem de texto onde se lê "Deus Não Está Morto", deve ser de alguém que assistiu o filme.

Curiosidade extra:
* Você já ouviu falar em GÖBEKLI TEPE? É um santuário pre-histórico descoberto no sudeste da Turquia. As datações de carbono indicam que o sítio arqueológico seja de 10.000 AC, obra de um período em que os homens ainda eram nômades. Esse primeiro templo conhecido me recordou a bela frase de Santo Agostinho sobre a eterna busca de Deus, e sobre nossa necessidade de lhe prestar culto. (“nos fizeste para Ti e o nosso coração está inquieto enquanto não descansar em Ti.” Confissões – Santo Agostinho).
Para ver algumas fotos de Göbekli Tepe, clicar aqui.

Diretor: Harold Cronk
Roteiro: Chuck Konzelman, Cary Solomon, baseado em historia de Hunter Dennis, Chuck Konzelman e Cary Solomon
Musica: Will Musser
Fotografia: Brian Shanley
Designer de Produção: Claire Sanchez
Diretor de Arte: Perry James Trentacosta
Elenco: Shane Harper, Kevin Sorbo, David A. R. White, Dean Cain, Willie Robertson, Korie Robertson, Korie Robertson, Trisha LaFache, Paul Kwo
Distribuidora: Graça Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Quem Viu, Quem Matou

Murder, She Said *
(1961) 85 min (10 anos) preto e branco

Inglaterra - Quem é esta senhora de cabelos brancos, adepta de sapatos fortes, que devora livros de mistério enquanto sorve uma xícara de chá? Trata-se de Miss Jane Marple, moradora da pequena cidade de St. Mary Mead, uma solteirona corajosa, que não recua diante de nada quando se trata de resolver um crime. 

Instalada em sua confortável cabine, Miss Marple vê as costas de um homem pela janela do vagão do trem que passa na direção contrária. O homem não percebe que é observado, pois está totalmente empenhado em estrangular uma jovem mulher.

Miss Marple denuncia o assassinato à polícia, mas não há corpo ou qualquer evidência que corrobore seu depoimento. Isso não detém a idosa britânica. Na companhia de Mr. Stringer, o encarregado da biblioteca da cidade, Jane começa suas próprias investigações, disfarçada como funcionária da linha férrea. Sua pesquisa conduz ao muro da mansão Ackenthorpe. Para penetrar na propriedade, em busca do cadáver e do criminoso, Miss Marple procura uma agência de empregos e se candidata a uma vaga como doméstica para todo serviço, uma espécie em extinção, muito valorizada pelas famílias afluentes da vila, inclusive os Ackenthorpe.

Graças ao Inspetor Maigret (de Georges Simenon) e Miss Marple, passei horas deliciosas na juventude. A senhora inglesa sempre foi minha detetive favorita - entre os vários criados por Agatha Christie - e Margaret Rutherford a intérprete que mais se aproximou da minha ideia desta formidável personagem. Em "Quem Viu, Quem Matou" o diretor George Pollock consegue recriar o clima de suspense e humor encontrado nos livros da prolífica autora, mas a ação não se passa na pacata vila de St. Mary Mead. Uma lástima, bastante compensada pelas virtudes do filme e do elenco. Destaco as atuações da premiada Margareth Rutherford e de Ronnie Raymond, que interpreta Alexander Eastley, o pernóstico descendente dos Ackenthorpe. No delicioso blog "in so many words" há uma resenha do filme, em inglês.

Miss Marple e Alexander
Curiosidade:
* O filme apresenta várias diferenças em relação ao livro "4:50 from Paddington", também chamado de "What Mrs. McGillicuddy Saw". No livro é Mrs McGillicuddy, grande amiga de Mrs. Marple, quem vê o crime pela janela do trem. Também não existe Mr. Stringer, no filme interpretado por Stringer Davis, marido de Margareth Ruherford na vida real.

Diretor: George Pollock
Roteiro: David D. Osborne, baseado no romance de Agatha Christie "4:50 from Paddington". Foi
publicado no Brasil como "A Testemunha Ocular do Crime", pela Nova Fronteira.
Musica: Ron Goodwin
Fotografia: Geoffrey Faithfull
Diretor de Arte: Harry White
Elenco: Margaret Rutherford, Arthur Kennedy, Ronnie Raymond, Muriel Pavlow, Stringer Davis, James Robertson Justice, Joan Hickson, Ronald Howard, Thorley Walters, Lucy Griffiths, Gordon Harris
Distribuidora: Warner Home Video

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O Grande Hotel Budapeste

The Grand Budapest Hotel * *
(2014) 99 min (14 anos)

"Na fronteira mais oriental do continente europeu, a ex-república de Zubrowka foi um dia sede de um império." Uma jovem de capa e boina atravessa o velho cemitério da cidade de Lutz e pendura uma chave no monumento àquele que era considerado um tesouro nacional, o autor de "O Grande Hotel Budapeste". Em 1985, o escritor gravou um depoimento, explicando a origem de suas inspirações. Foram muitas as pessoas que lhe trouxeram fatos e histórias para serem contados. Ao escritor bastou olhar e ouvir com atenção.

Em 1968, quando precisou recuperar-se de uma "febre do escriba", o autor passou o mês de agosto na cidade de Nebelsbad, no "Grande Budapeste", um hotel fascinante e bem planejado, na região alpina. Era baixa estação e o estabelecimento já saíra de moda. Um dos raros personagens que povoavam os vastos espaços era M. Mustafa, o atual proprietário da "velha ruína encantada." De acordo com Mustafa, tudo começou com o dedicado concierge M. Gustave, sua amizade com o lobby boy Zero e a paixão de Zero pela confeiteira Agatha...

Você gostou de "Moonrise Kingdom"? Então não pode perder "O Grande Hotel Budapeste"! O novo filme do diretor Wes Anderson tem aquele apuro visual, trilha sonora de primeira e um elenco inigualável. Ganhou o David di Donatello como Melhor Filme Estrangeiro de 2014.

Curiosidade:
* As locações do filme aconteceram na Alemanha e na Polônia. A recepção do hotel foi gravada na Görlitzer Warenhaus, uma antiga loja de departamento que tinha um átrio gigantesco. Foi uma das poucas lojas de departamento a sobreviver à 2ª Guerra Mundial na Alemanha.

* Zubrowka é um tipo de vodka polonesa, destilada de centeio. Bastante conhecida na Europa Central.

* Todo o elenco hospedou-se no mesmo hotel durante as gravações. O diretor insistiu que todos fossem maquiados no lobby, para dar maior urgência ao processo e começar as filmagens mais cedo. O proprietário do hotel também aparece no filme como extra, trabalhando na recepção do "Grande Budapeste". No final do dia, a equipe tornava a encontrar o proprietário na recepção de seu próprio hotel.

Diretor: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson, inspirado em escritos de Stefan Zweig (Beware of Pity e The Post Office Girl)
Musica: Alexandre Desplat
Fotografia: Robert D. Yeoman
Designer de Produção: Adam Stockhausen
Diretores de Arte: Stephan Gessler, Gerald Sullivan, Steve Summersgill
Elenco: Ralph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Saoirse Ronan, Jude Law, Tom Wilkinson, Tilda Swinton, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Bill Murray, Edward Norton, Léa Seydoux, Owen Wilson, Bob Balaban
Distribuidora: Fox Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Uma Juíza sem Juízo

9 Mois Ferme *
9 Month Stretch
(2013) 82 min (14 anos)

França - Ariane Felder é uma esbelta juíza de quarenta anos, de hábitos severos, solteira convicta, totalmente dedicada aos processos do tribunal. Durante a festa de Reveillon no Palácio da Justiça, um grupo de animados colegas de trabalho quer sua participação e vai buscá-la no escritório. Para misturar-se ao clima de bagunça, Ariane bebe algumas taças de champanhe, ao lado do risonho De Bernard. Quando consegue sair do prédio, no início da madrugada, está trôpega, ainda levando na cabeça uma longa peruca branca, usada nas cortes francesas. Seis meses depois, a juíza descobre-se grávida, sem ter qualquer ideia sobre como isso aconteceu. 

Ariane começa uma investigação particular para descobrir o pai da criança. De Bernard é o primeiro suspeito e uma pesquisa sobre seus ascendentes não ajuda a tranquilizar a mãe relutante. Depois de um teste de DNA, surge o nome do verdadeiro pai do bebê. Mais assustada ainda fica a juíza. O resultado indica Bob Nolan, um ladrão contumaz, perseguido como suposto autor de um crime bárbaro. Nolan teria sido surpreendido durante o roubo ao apartamento de um senhor de 83 anos. Fugiu depois de serrar braços e pernas do idoso, além de ter comido seus olhos. 

Através das câmeras de vigilância do bairro, Ariane descobre que passou os primeiros minutos do novo ano discursando para um grupo de prostitutas. Desagradadas de suas palavras, elas protestaram vivamente. Foi resgatada por Bob Nolan da confusão armada. Continuou conversando com Bob na rua, até o momento em que se atirou sobre ele e liberou toda sua própria fúria sexual.

Conhecendo sua fama de juíza séria, e ignorando a gravidez, Bob pede ajuda a Ariane para descobrir falhas no processo que o incriminam injustamente. Ele pode ser um ladrão, pessoa de pouca instrução, um arrombador experiente, mas seria incapaz de agredir um idoso, e muito menos de comer-lhe os olhos. Bob dá valor à vida humana.

br.cinema.yahoo.com
"Uma Juíza sem Juízo" foi indicado para seis categorias do César. Venceu como Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz (Sandrine Kiberlain). É uma comédia inteligente, interpretada por um elenco admirável. Surpreendeu-me descobrir que o ator Albert Dupontel (Um Lugar na Plateia, No Mundo do Poder) é também um diretor competente. Aliás, como tantos outros atores-diretores. O divertido filme orienta o olhar para além dos preconceitos, da mania de rotular as pessoas, e nos poupa de soluções holywoodianas. Mais importante ainda, sugere que uma criança é sempre um dom, ainda que seja concebida em circunstâncias desfavoráveis. E que as almas simples podem superar em sabedoria os muito instruídos.

Curiosidades:
* Para escrever o roteiro, Albert Dupontel inspirou-se no documentário "10e chambre, instants d'audience", de Raymond Depardon. A juíza Michèle Bernard-Requin aparece no documentário e interpreta a presidente do tribunal em "Uma Juíza sem Juízo".

* Nos noticiários da TV aparecem Terry Gillian e o ator Jean Dujardin, como tradutor na linguagem de sinais. (Rubens Ewald Filho)

Diretor: Albert Dupontel 
RoteiroAlbert Dupontel, Héctor Cabello Reyes, Olivier Demangel
Musica: Christophe Julien
Fotografia: Vincent Mathias
Elenco: Sandrine Kiberlain, Albert Dupontel, Nicolas Marié, Philippe Uchan, Christian Hecq, Philippe Duquesne, Bouli Lanners, Michèle Bernard-Requin
Distribuidora: Europa Filmes


*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Viva a Liberdade

Viva la Libertà * *
(2013) 96 min (12 anos)
"É primavera, sutis véus de neblina 
circundam a montanha sem nome.
É minha essa figura de costas que caminha na chuva?"

Italia - Enrico Oliveri é senador de esquerda e secretário do principal partido de oposição ao governo da Italia. Como se não bastasse estar em baixa nas pesquisas eleitorais, Enrico é violentamente confrontado por uma professora de ensino médio durante um congresso do partido. Sem avisar seu braço direito, Andrea Bottini, o político parte durante a noite para se refugiar na casa de Danielle, uma amiga de infância, casada agora com o famoso cineasta Mung. O casal mora em Paris. Bottini telefona para a esposa de Oliveri, mas ela estava viajando e desconhece seu paradeiro. A última cartada do fiel assessor é ir no encalço de Giovanni Ernani, o irmão gêmeo de Enrico, um brilhante professor de filosofia, que acabou de sair de uma clínica psiquiátrica. O imprevisível gêmeo adora dançar e escreveu "A Ilusão de Viver".

Giovanni não sabe do irmão, mas aceita o desafio de substituí-lo em suas obrigações partidárias. Com as roupas e os óculos de Enrico, o professor toma o carro com motorista e vai ao encontro do público. Depois de jogar fora o rascunho de um discurso preparado de antemão para ele, Ernani é a cópia perfeita de Enrico, mas traz no rosto um sorriso maroto e surpreende a todos com citações poéticas, perguntas diretas e corajosas confissões de erro. Entre outras de suas contribuições valiosas está a rejeição de alianças partidárias banais, em prol de uma aliança com a consciência das pessoas. A esperança renasce nos eleitores italianos e ele dispara nas intenções de voto.

Enquanto isso, na França, Enrico deixou para trás os cabelos pintados, a burocracia e o distanciamento de toda gente. Dono de si, de volta à vida real, ele prepara um omelete, é capaz de conversar com uma criança e servir de ajudante de contra-regra num set de filmagem. Político e professor convergem numa mesma direção.

"Viva a Liberdade" traz o fantástico Toni Servillo ("A Grande Beleza") no duplo papel de Enrico-Ernani. Toni tem novamente a chance de colocar em uso sua simpatia e contagiante habilidade de dançarino. O filme é leve e empolgante, sobretudo quando nos traz a imagem do que gostaríamos de ver em nossos políticos: a sinceridade e o espírito publico. "Para derrotar esse governo, o pior da nossa história, é lícito aliar-se até com o diabo?" (...) "O consenso é coisa séria. Não tem nada a ver com alianças. A única aliança possível hoje é com a consciência das pessoas." Que maravilha seria resolvermos todos os nossos problemas com um haikai*, humor, musica e generosidade!  "Viva a Liberdade" ganhou o David de Donatello pelo Melhor Roteiro e o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante foi para Valerio Mastrandrea, no papel de Andrea Bottini. Os sites Eye for Film (em inglês) e My Movies (em italiano) trazem belas crítica ao filme.

Curiosidades
* O personagem do cineasta Mung, marido de Danielle, mostra para Enrico um filme de arquivo com um depoimento de Federico Fellini, no qual o diretor italiano protesta contra a velhacaria bárbara da censura que devorava o cinema. (Ver capítulo 6, aos 76 minutos). 
"Felinni foi o artista que mais lutou para que a indecência não se tornasse um hábito." - conclui Mung.

* Haikai é uma forma poética de origem japonesa que valoriza a concisão e a objetividade.  Os poemas têm três linhas e são populares desde o século XVI.(wikipedia)

Diretor: Roberto Andò
Roteiro: Roberto Andò e Angelo Pasquini, baseado no livro "Il Trono Vuoto", de Andò.
Musica: Marco Betta
Fotografia: Maurizio Calvese
Designer de Produção: Giovanni Carluccio
Elenco: Toni Servillo, Valerio Mastrandrea, Valeria Bruni Tedeschi, Michela Cescon, Anna Bonaiuto, Eric Nguyen, Judith Davis, Andrea Renzi, Gianrico Tedeschi, Massimo De Francovich, Renato Scarpa, Lucia Mascino, Giulia Ando, Stella Kent.
Distribuidora: Paramount

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

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