Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Os Sabores do Palacio

Les Saveurs du Palais
Haute Cuisine
(2012) 95 min (12 anos)

França - Ah, os filmes que nascem na cozinha! Deixam-nos sonhando, salivando, famintos de sabores e aromas especiais e delicados. Assim parece a comida de Hortense Laborie, criadora de trufas e respeitada chef da região de Périgord, escolhida para comandar a cozinha particular de um alto funcionário da República. O que Hortense ainda não sabia é que se tratava do morador do Faubourg Saint Honoré 55, a residência do Presidente da França. Ao eleito dos franceses desgostava a comida rebuscada da cozinha oficial do Palácio Eliseu - ele sentia saudades da comida caseira, aquela que lhe preparava sua avó. 

Aceitando o cargo, Hortense dedicou-se de corpo e alma a buscar os melhores fornecedores para elaborar pratos que despertavam no presidente, e seus convidados, lembranças felizes da infância. "Os Sabores do Palácio" inspirou-se nas memórias de Danièle Mazet-Delpeuch, como chef particular de François Miterrand.

A cozinha da chef Laborie localizava-se no subsolo, a geladeira era pequena, toda sua equipe consistia num único jovem confeiteiro, ela não recebia qualquer orientação, mas o cardápio escolhido devia ser diariamente submetido à aprovação de um funcionário. De quebra, Hortense despertou o ódio do chef da cozinha oficial do Palácio. O ciumento cozinheiro comandava um pequeno exército, que a chamava pelas costas de Du Barry, como a amante do rei Louis XV, que morreu na guilhotina durante a revolução francesa. A experiência de Hortense é contada em flash back, enquanto a chef está preparando seu jantar de despedida para a missão francesa na Antártica.


Curiosidade:
Chef Hortense e o Presidente
Hortense e o Presidente
* Primeiro papel no cinema do escritor francês Jean d'Ormesson (86 anos)

Diretor: Christian Vincent
Roteiro: Christian Vincent & Etienne Comar, baseado na historia de Danièle Mazet-Delpeuch, "Mes carnets de cuisine. Du Périgord à l'Elysée"
Musica: Gabriel Yared
Fotografia: Laurent Dailland
Elenco: Catherine Frot, Arthur Dupont, Jean d'Ormesson, Laurent Poitrenaux, Hippolyte Girardot
Distribuidora: Europa Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

O Sonho de Wadjda

Wadjda * *
(2012) 98 min (Livre)

Wadjda
Arabia Saudita - Wadja tem 11 anos e mora com a mãe em Riad. Apesar da cultura conservadora na qual vive, a menina usa calça jeans por baixo da túnica negra (abaya), tênis tipo all star, gosta de musica pop e sonha ter uma bicicleta para apostar corrida com seu amigo Abdallah. Ela até já escolheu, e reservou na loja, uma verde de sua preferência. Para conseguir o dinheiro, Wadja vende pulseirinhas e se inscreve num concurso da escola religiosa. Ela precisará decorar o Corão, vencer a timidez e responder a várias perguntas num auditório, para ganhar o prêmio de 1000 riais. Mas bicicletas são proibidas para as meninas, o que não desanima a obstinada e original Wadjda.

Um filme delicado e encantador. "Wadjda" é o primeira longa-metragem rodado inteiramente na Arábia Saudita, além de ser escrito e dirigido por uma mulher. A diretora, que é casada com um americano e mora em Bahrain, inspirou-se em sua sobrinha para criar a personagem. Aliás, como é difícil ser mulher no mundo muçulmano! Quase tudo é pecado para elas: andar de bicicleta, pular amarelinha ou trabalhar junto de homens desconhecidos, mostrar os cabelos e o rosto, pintar as unhas, falar alto, cantar em público, dirigir automóveis e ter apenas bebês do sexo feminino - são erros a serem corrigidos com alguma tipo de punição. 

Que bom que já podem fazer filmes! É um começo. Em 2015, as mulheres sauditas votarão pela primeira vez nas eleições municipais, mas dificilmente poderão assistir "Wadjda", pois não há salas de projeção no país. Muitos sauditas viajam para Bahrain, Kuwait e os Emirados Árabes Unidos para ir ao cinema. Eles hão de se animar com as indicações e prêmios recebidos pelo primeiro filme dirigido por uma mulher saudita e gravado em seu país.
Wadjda e Abdallah

Diretora: Haifaa Al Mansour
Roteirista: Haifaa Al Mansour
Musica: Max Richter
Fotografia: Lutz Reitemeier
Elenco: Waad Mohammed, Reem Abdullah, Abdullrahman Algohani, Sultan Al Assaf, Ahd, Nouf Saad, Ibrahim Almozael, Mohammed Zahir, Sara Aljaber
Distribuidora: Imovision

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

sábado, 21 de dezembro de 2013

Cristo Parou em Eboli

Cristo Si È Fermato a Eboli *
(1979) 150 min (14 anos)


Italia - Deus fecha uma porta e abre outras. Depois que Tomás deixou a locadora Guimarães e foi estudar cinema, deixei de contar com sua orientação diária para alugar os DVDs que, por mim mesma, talvez não arriscasse. Mas, então, conheci os blogs de jovens cinéfilos que desbravam o mundo do cinema e partilham uma orientação valiosa. Bruno Knott, do blog “Cultura Intratecal”, Wanderley Teixeira (Chovendo Sapos), Matheus Pannebecker (Cinema e Argumento), Rafael Carvalho (Moviola Digital), Gustavo Razera (Cine Cápsulas) e Caio Amaral (Profissão: Cinéfilo) têm atualizado seus leitores com extrema competência e grande amor pelo cinema. Nesse grupo também incluo o Sergio Vaz, de “50 Anos de Filmes”, um jovem em espírito, igualmente apaixonado pela sétima arte. Para todos nós, filmes são essenciais.

Os atendentes da vídeo-locadora já conhecem minha preferência por lançamentos e minha relutância em alugar títulos mais antigos. Abro uma exceção apenas para os filmes de língua italiana, para alegria de Aline Leal, brava professoressa do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro. Imagino que a ela agradará muito esse “Cristo Parou em Éboli”, inspirado no romance autobiográfico de Carlo Levi.

Carlo Levi formou-se em medicina, mas nunca exerceu a profissão. Por suas ideias anti-fascistas, o pintor e escritor de Torino foi preso em 1935 e removido para a pequeníssima Gagliano, vila próxima a Eboli, só lembrada pelo poder de Roma na hora de cobrar impostos. Em Éboli havia trem, telégrafo e jornal, ao contrário da miserável Gagliano. Nos dois anos do exílio, os negligenciados camponeses aprenderam a confiar no homem simples da cidade grande que se condoeu de seu sofrimento. Uma bela historia baseada em fatos reais. "Cristo Parou em Eboli" ganhou o BAFTA de Melhor Filme em Língua Estrangeira, em 1983. Os olhos expressivos de Gian Maria Volonté não foram premiados, mas mereciam.

As filmagens aconteceram em Matera, Craco, Aliano (onde se desenvolve a historia original) e Guardia Perticara.

Diretor: Francesco Rosi
Carlo Levi em 1947 (wikipedia)
Roteiro: Francesco Rosi & Tonino Guerra & Raffaele La Capria, baseado no livro de Carlo Levi
Musica: Piero Piccioni
Fotografia: Pasqualino De Santis
Elenco: Gian Maria Volonté, Irene Papas, Paolo Bonacelli, Alain Cuny, Lea Massari, François Simon, Luigi Infantino, Francesco Callari, Carmelo Lauria.
Distribuidora: Cult Classic DVD

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

sábado, 14 de dezembro de 2013

Renoir

Renoir
(2012) 112 min (14 anos)

França, Côte d'Azur, 1915 - Pierre-Auguste Renoir é atormentado pela morte da esposa, as dores da artrite e a preocupação com o filho Jean, que luta na Primeira Guerra Mundial. Eis que surge em sua vida Andrée, uma jovem bela e radiante que desperta no pintor uma inesperada energia. Rejuvenescido, Renoir a torna sua musa. Quando Jean volta à casa do pai para se recuperar de um grave ferimento na perna, ele se envolve com Andrée e a torna também sua musa, mas de um sonho ainda distante: o de fazer cinema. (AdoroCinema)

O filme conta a história esquecida de Andree Heuschling, também conhecida como Catherine Hessling, a última modelo do pintor impressionista Renoir e a primeira atriz nos filmes de seu filho, o diretor Jean Renoir. (wikipedia)

Catherine, ou Andrée, casou-se com o diretor Jean Renoir em 1920 e trabalhou no cinema até 1935. O casal teve um filho e separou-se em 1931. O roteiro de "Renoir" retrata os últimos anos de Pierre-Auguste, na cidade de Cagnes-sur-Mer. 

Mais do que a história, o que me chamou a atenção no filme foram os esforços do artista para pintar, lutando contra as dores e limitações impostas pela artrite, além da seleção de cores e enquadramentos da fotografia, que remetem às composições do pintor impressionista. Pensei logo em Isabella, uma sobrinha querida que também dedica sua vida à arte, ensinando aos jovens como criar e amar as coisas belas. Acho que ela vai apreciar o filme de Gilles Bourdos. 

Andrée 
Diretor: Gilles Bourdos
Roteiro: Gilles Bourdos, Jérôme Tonnerre, Michel Spinosa, baseado em trabalho de Jacques Renoir.
Musica: Alexandre Desplat
Fotografia: Mark Lee Ping Bin
Elenco: Michel Bouquet, Christa Theret, Vincent Rottiers, Thomas Doret, Michèle Gleizer
Distribuidora: Europa Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Canção para Marion

Song for Marion *
(2012) 90 min (14 anos)

Inglaterra - O rabugento aposentado Arthur não sabe se relacionar com as pessoas. Só sua esposa Marion consegue ler dentro de seu coração. Ela está com um câncer terminal e se preocupa com o futuro do marido, que não é capaz sequer de se comunicar com o filho único.  Mesmo achando um esforço absurdo para a saúde frágil da mulher, Arthur leva Marion para ensaiar no coral de idosos onde ela fez muitos amigos, a começar pela professora Elizabeth. Com a morte da esposa, Arthur se isola completamente do mundo, mas gosta de ficar escutando os ensaios do coral do lado de fora da janela. Um dia Elizabeth convida-o a entrar.

Como se explica que as melhores notas recebidas por "Canção para Marion" no site imdb tenham sido dadas pelas jovens de menos de 18 anos (8,1)? Acho que conta a disposição alegre dos cantores idosos, um grupo de avós que todo adolescente gostaria de ter. Quero ficar bem velhinha assim, levando os achaques com leveza, tendo projetos de vida, amigos e canções até o fim. Conheço uma artista desse feitio. Quando pequenos, meus primos e eu éramos fascinados por Henriqueta Dora, nossa querida Manta, que nos contava histórias e trazia cigarros de chocolate com fósforos de marzipan. Hoje me considero amiga da intrépida Dorée Camargo Corrêa, como é mais conhecida, uma suave pintora e escultora, amiga da natureza, que, apesar das limitações da idade, participa ativamente de várias associações, em defesa da arte e da ecologia. 

Alguns críticos sisudos fizeram pouco de "Canção para Marion", julgando que os velhinhos pareciam uns bobos alegres. Prefiro a simplicidade das mocinhas adolescentes e sua opção pela felicidade, e recomendo o filme aos mais benevolentes, que não se importam de misturar sorrisos e lágrimas. Terence Stamp se sai bem no papel do rabugento empedernido.

Diretor: Paul Andrew Williams
Roteiro: Paul Andrew Williams
Musica: Laura Rossi
Fotografia: Carlos Catalán
Elenco: Terence Stamp, Vanessa Redgrave, Gemma Arterton, Anne Reid, Barry Martin, Taru Devani, Chritopher Eccleston, Brian Shelley, Bill Thomas
Distribuidora: Paris Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

O Verão da Minha Vida

The Way Way Back * *
(2013) 103 min (12 anos)

sapo capas
EUA - Duncan é um garoto de 14 anos que vive com a mãe Pam e não suporta o namorado dela, Trent, que volta e meia o menospreza. Eles viajam para uma casa de praia durante o verão, juntamente com a filha de Trent, Laura. Deslocado em meio aos amigos de Trent e até mesmo com a própria mãe, Duncan passa os dias pedalando pelas redondezas. Num de seus passeios ele conhece Owen, um cara despojado que trabalha no parque de diversões aquático local. Não demora muito para que o garoto se aproxime dele, especialmente quando consegue um emprego de verão no próprio parque. (Adoro Cinema)

Durante a viagem para a pequena cidade em Cape Cod, Pam e Laura estão dormindo no carro quando Trent pergunta a Duncan que nota ele se dá, numa escala de 1 a 10. Duncan hesita, pois percebe a armadilha da qual não tem como escapar, e se atribui 6, uma nota medíocre. Mas nem isso satisfaz Trent, que retruca: - "Acho que você é um 3! Desde que estou namorando sua mãe não vejo você se esforçando para nada. Você podia tentar melhorar essa nota nesse verão." Que amor de criatura! Mesmo sendo Steve Carell o intérprete, um ator geralmente escolhido para personagens simpáticos, a partir daí, tudo que se deseja é que Pam ejete esse cara de sua vida. 

Depois de ler a postagem de Wanderley Teixeira, do blog Chovendo Sapos, sobre "O Verão da Minha Vida", minhas expectativas sobre o filme ficaram elevadas. Afinal, Wanderley deu 5 sapinhos alegres para o filme, sua nota máxima. Pois, ao assistir as desventuras do tímido Duncan e as tentativas do desinibido Owen para ajudá-lo, fui totalmente conquistada pelo desempenho do convincente elenco, pela bela fotografia e pelo roteiro dessa "dramédia deliciosa", como Wanderley a classificou. Recomendo para toda família. Atenção para a presença de AnnaSophia Robb, jovem atriz de "Soul Surfer - Coragem de Viver", "Meu melhor Amigo", e "Em Busca da Felicidade".

Diretor: Nat Faxon, Jim Rash
Roteiro: Nat Faxon & Jim Rash
Musica: Rob Simonsen
Fotografia: John Bailey (Feitiço do Tempo, Melhor É Impossível, Ramona e Beezus, O Grande Milagre, Silverado, Onde o Amor Está, Em Busca de uma Nova Chance)
Elenco: Liam James, Steve Carell, Toni Collette, Sam Rockwell, AnnaSophia Robb, Allison Janney, Maya Rudolph, Amanda Peet, Devon Werden, Rob Corddry, River Alexander, Nat Faxon, Jim Rash
Distribuidora: Diamond Films

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

Em Busca de um Caminho

The Way *
(2010) 123 min (12 anos)

Temporada cuidando da mãe, uns dias tratando da viagem das filhas, compras de Natal, e mais uma semana para frente como acompanhante de uma cirurgia, e lá se vão minhas chances de colocar em dia os últimos filmes que assisti. Para começar o ano sem pendencias, decidi recorrer aos ótimos resumos do site "Adoro Cinema" e à Wikipedia, para liberar os títulos que estão há tempos esperando como rascunho no blog "By Star". Começo pelo "Caminho", dirigido por Emilio Estevez, que foi um dos filmes que mais me impressionou nesse período.

EUA - Thomas Avery é um oftalmologista americano que vai para a França ao ser informado sobre a morte do filho Daniel nos Pirineus durante uma tempestade. O rapaz seguia o Caminho de Santiago - a rota de peregrinação católica para a Catedral de Santiago de Compostela, na Galícia, Espanha. O objetivo inicial de Tom era buscar o corpo de seu filho, contudo, num misto de tristeza e homenagem, o medico decide espalhar as cinzas de Daniel pela antiga trilha espiritual percorrida pelo apóstolo de Jesus. Enquanto segue os passos de São Tiago, Thomas encontra peregrinos de outras partes do mundo, todos em busca de maior sentido para suas vidas. (Wikipedia)

As paisagens são lindas! Vendo "Em Busca de um Caminho", meu irmão e eu ficamos com muita vontade de percorrer os 800 kms da rota francesa. Além disso, faz bem assistir a transformação do americano Thomas, humanizado pela experiência da peregrinação e pela amizade com os outros caminhantes. O filme agradou até meu marido ateu.

Curiosidades
* Esta foi a sétima vez que Martin Sheen e Emilio Estevez, pai e filho na vida real, filmaram juntos

* Depois de percorrer o Caminho de Santiago com seu neto Taylor Estevez, Martin Sheen sugeriu que se fizesse um documentário para promover a peregrinação e honrar o Caminho. Contudo, seu filho Emilio Estevez julgou que um filme comercial independente seria um veículo mais apropriado.

* Martin Sheen originalmente sugeriu Michael Douglas ou Mel Gibson para o papel principal, mas Emilio Estevez tinha escrito o papel especificamente para seu pai.

Diretor: Emilio Estevez
Roteiro: Emilio Estevez, baseado no livro de Jack Hitt, "Off the Road: A Modern-Day Walk Down the Pilgrim’s Route into Spain" (1994)
Musica: Tyler Bates
Fotografia: Juan Miguel Azpiroz
Elenco: Martin Sheen, Emilio Estevez, Deborah Kara Junger, James Nesbitt, Yorick van Wageningen, Tchéky Karyo
Distribuidora: Buena Vista Sonopres

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

sábado, 23 de novembro de 2013

Liv & Ingmar - Uma História de Amor

LIV OG INGMAR *
Liv & Ingmar *
(2012) 83 min (10 anos)

"Tenho sempre que falar do Ingmar? - eu contei isso a ele no telefone - "Eu adoro, me orgulho, mas sempre me perguntam: Como foi seu trabalho com Ingmar?" E ele disse: "Isso tem a ver com você. Porque, quer saber, Liv? Você é o meu Stradivarius." 
"-Foi o maior elogio que já recebi. Já imaginou ser o Stradivarius de alguém? Principalmente Ingmar?"

Suécia - Liv e Ingmar encontraram-se em 1964 para as filmagens de "Persona". Ela tinha 25 e ele 46, ambos eram casados com outras pessoas, mas logo se estabeleceu entre eles uma intensa familiaridade, mesclada com admiração. Tiveram uma filha e moraram juntos por cinco anos na ilha Faro, onde o diretor construiu seu refúgio. Fizeram doze filmes, dois dos quais escritos por Ingmar e dirigidos por Liv, a única mulher que dirigiu um roteiro de Ingmar Bergman para o cinema.

O documentário começa numa iluminada manhã na costa da Noruega e voa para a ilha de Bergman, onde Liv fala sobre o início de uma paixão e sua metamorfose numa amizade profunda e permanente. O diretor-roteirista alinhavou a entrevista com Liv Ullman a passagens de "Mutações" - sua autobiografia - com trechos de cartas de Bergman para Liv, e uma passagem de "Lanterna Mágica", autobiografia de Ingmar. Enfeitou o roteiro com trechos de filmes do mestre sueco, paisagens da ilha Faro e imagens de arquivo, tudo iluminado pelo sorriso, pelas lágrimas e pelos límpidos olhos azuis de Liv, uma senhora serena que soube envelhecer. 

"Liv & Ingmar" é um vislumbre da intimidade dos dois artistas. Numa de suas ternas lembranças, a atriz conta que, logo que começou o relacionamento com Ingmar, conversou com o marido. Mas, quando ficou grávida, o que achou mais difícil foi contar à sogra. Essa amorosa senhora tinha quatro filhos e gostava de Liv como de uma filha. Eis sua resposta numa carta para a nora: "- Quando se casou com meu filho, ganhei uma filha. Ela vai ter um bebê. Mal posso esperar." É confortador quando nossos erros podem dar lugar a coisas boas pela ação generosa dos outros. Para quem aprecia a obra de Liv e Ingmar, um programa imperdível. O filme foi indicado para o prêmio de Melhor Documentário no Festival Internacional de Filme de Chicago. Quem mora em Laranjeiras, RJ, pode alugar o DVD na Point Video (Rua General Glicério 445, loja B - tel: 2205-8935). A locadora entrega os filmes em casa.
Liv Ullman (pipoca moderna)

Diretor: Dheeraj Akolkar
Roteiro: Dheeraj Akolkar
Musica: Stefan Nilsson
Fotografia: Hallvard Bræin
Montagem: Tushar Ghogale
Distribuidora: H2O Distribuidora de filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Filme: Blue Jasmine

Blue Jasmine * *
(2013) 98 min (12 anos)

EUA - Jasmine Francis, nascida Jeanette, habituou-se à vida glamurosa de eventos beneficentes, casaquinhos Chanel e bolsas Fendi. Mas, com a morte do marido Hal, só herdou dívidas e insegurança. Jasmine foi pega falando sozinha nas ruas de Manhattan. Enfim, precisou vender os carros e o duplex na Quinta Avenida para morar de favor no pequeno apartamento da irmã Ginger, empacotadora de um mercado em São Francisco. 

Podia ser muito pior, afinal mesmo um minúsculo quitinete na belíssima cidade da Califórnia já não se poderia desprezar. Mas as duas foram adotadas e não compartilharam nem os genes, nem o gosto, nem o destino. Se Jasmine habituou-se ao luxo e preferia homens elegantes que proporcionassem jóias e viagens caras, Ginger aceitava os que gostassem dela. Na visão da irmã sofisticada, seus namorados são perdedores. Mas a trama revela mais, mostra que buscar o caminho mais cômodo, e fechar os olhos à realidade para não se aborrecer, são ingredientes certos para criar grandes desilusões, perdas difíceis de reparar.

Você aprecia os filmes de Woody Allen? Então, se ainda não viu "Blue Jasmine", precisa correr ao cinema, para apreciar na tela grande as cenas elegantemente construídas e cada uma das expressivas mudanças de fisionomia da esplêndida Cate Blanchett. A inglesa Sally Hawkins mantem o nível no papel da indulgente Ginger. Mesmo sendo um mergulho num estado de desestruturação mental, "Blue Jasmine" tem todos aqueles deliciosos ingredientes da obra do diretor novaiorquino. Boa música, linda fotografia, diálogos inteligentes, cenários agradáveis, um elenco de primeira, drama e humor. Como disse meu exigente marido, é um filme impecável - e imperdível para os fãs de WA.

Curiosidade:
Ginger 
* A figurinista Suzy Benzinger precisou se virar com um modesto orçamento de 35 mil dólares. A bolsa Hermès usada por Jasmine foi emprestada, como a maioria das roupas de estilistas, pois valia mais do que todo o orçamento disponível para vestuário.

Diretor: Woody Aleen
Roteiro: Woody Allen
Fotografia: Javier Aguirresarobe (Vicky Cristina Barcelona, Fale com Ela, Os Outros, As Sombras de Goya)
Elenco: Cate Blanchett, Sally Hawkins, Alec Baldwyn, Bobby Cannavale, Andrew Dice Clay, Peter Sarsgaard, Michael Stuhlbarg, Alden Ehrenreich, Max Casella, Shannon Finn


*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

Wolverine: Imortal

The Wolverine
(2013) 125 min (14 anos)

EUA - Em 9 de agosto de 1945, Logan está preso num buraco subterrâneo próximo à cidade japonesa de Nagasaki. Um alarme soa no campo. O jovem oficial Yashida vê se aproximarem dois aviões B-52 e solta os prisioneiros. Sabendo qual é a carga dos bombardeiros, Logan recusa-se a sair e avisa ao oficial que o melhor é entrar no subterrâneo. Sua iniciativa salva a vida de Yashida.

Algumas décadas depois, Logan perambula sem rumo durante o dia e dorme numa caverna à noite. Seus sonhos são pesadelos que envolvem acontecimentos passados e sua amada Jean Grey. Em meio a essa vida sem perspectiva surge Yukio, uma samurai moderna de cabelo vermelho, que convence o herói a deixar a estrada e visitar um velho conhecido em Tóquio.

Os quarenta minutos iniciais de "Wolverine: Imortal" são bastante empolgantes. Não dá nem para piscar, mas, a partir daí, a ação segue sem maiores emoções, repetindo-se um pouco. Não fosse o talento do fantástico Hugh Jackman, talvez não tivesse visto o fim do filme e teria perdido a última cena, que entra logo depois dos créditos finais, mostrando o que acontece dois anos mais tarde. Aí minha empolgação com a série "X-Men" retornou intacta e percebi o quanto fizeram falta certos personagens da constelação mutante. Mal posso esperar para ver o próximo! Muitas explicações são necessárias...

Diretor: James Mangold
Roteiro: Mark Bomback e Scott Frank
Musica: Marco Beltrami
Fotografia: Ross Emery
Elenco: Hugh Jackman, Tao Okamoto, Rila Fukushima, Hiroyuki Sanada, Hal Yamanouchi, Svetlana Khodchenkova, Brian Tee, Famke Janssen
Distribuidora: Fox Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Barbara

Barbara * *
(2012) 105 min (Livre)

Alemanha Oriental, 1980 - A esguia mulher de cabelos louros senta-se no banco de madeira do lado de fora da clínica. Fuma um cigarro enquanto aguarda o momento preciso de se apresentar ao trabalho. Talvez não perceba que, de uma das janelas do prédio, dois homens a observam. Barbara era funcionária do famoso hospital Charité, de Berlim. Ela foi removida de sua posição e aprisionada por ter preenchido um formulário com pedido de saída para a Alemanha Ocidental. Barbara tem um namorado do outro lado do muro. Depois de libertada, a competente doutora foi enviada ao interior, para exercer suas funções numa cidade próxima ao mar Báltico.

Vigiada constantemente e submetida a revistas humilhantes, a médica evita relacionar-se com os novos colegas, especialmente com André Reiser, o dedicado chefe do serviço. Era quase impossível identificar quais os informantes da polícia secreta que aterrorizava e investigava todos os cidadãos da republica alemã do leste, que de democrática só tinha o nome. Qualquer vizinho de porta podia ser um temível espião da Stasi.

Mas André está mais empenhado do que os outros em aproximar-se da relutante doutora. Ambos têm em comum a vocação e o interesse por seus pacientes. Entre esses destaca-se Stella, uma adolescente que fugiu de um centro de detenção para jovens, onde eram forçados a trabalhos pesados. A dedicação dos dois profissionais de saúde ultrapassa a mera obrigação e acaba por aproximá-los. Bom roteiro, ótimo elenco e uma direção segura que mantem o interesse até o fim. "Barbara" foi uma das surpresas agradáveis encontradas na videolocadora nesse segundo semestre. Vamos alugar mais filmes e manter vivas as locadoras de rua!

Diretor: Christian Petzold
Roteiro: Christian Petzold, Harun Farocki
Musica: Stefan Will
Fotografia: Hans Fromm
Elenco: Nina Hoss, Ronald Zehrfeld, Rainer Bock,
Distribuidora: Pandora Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante



domingo, 17 de novembro de 2013

Depois da Terra

After Earth
(2013) 100 min (12 anos)

O adolescente Kitai Raige corre como uma flecha e faz de tudo para ser aceito como um guerreiro defensor da espécie humana. Kitai quer agradar ao pai, o heroico general Cypher, um Ranger "fantasma", que está prestes a voltar para casa.

Depois que uma catástrofe ambiental destruiu o planeta, os humanos mudaram-se para Nova Prime, onde precisaram se defender dos "ursas" - seres violentos, cegos, assustadores. Esses monstros se orientavam pelo aroma dos feromônios liberados por suas presas apavoradas. Os Rangers "fantasmas" foram treinados para não sentir medo e assim permaneciam invisíveis para as terríveis criaturas.

Antes de aposentar-se, o general Cypher leva o filho numa última viagem, numa nave que também transporta um exemplar de "ursa" para treinamento dos Rangers. Mas uma chuva de asteroides força o pouso na Terra, um planeta agora desconhecido e inóspito para os humanos. Será a oportunidade de Kitai amadurecer e provar seu valor.

"Depois da Terra" deixa a impressão de que o principal objetivo do produtor Will Smith foi criar uma oportunidade para exibir o talento do filho adolescente, o verdadeiro protagonista da história. Jaden ainda não tem o carisma do pai, mas, em alguns anos, quem sabe? Esse novo filme dirigido por M. Night Shyamalan foi recebido com críticas desfavoráveis - severas demais a meu ver. Mesmo que não inove e seja algo previsível, "Depois da Terra" prende a atenção, é bem feito. Ao final ainda faz refletir sobre o que representamos como espécie para a saúde do planeta. Depois de séculos sem a presença humana, o que vemos é uma Terra coberta de plantas, habitada por variedade considerável de mamíferos e aves, enquanto baleias nadam na superfície do mar. Minha filha Sophia lembrou-se de uma citação do biólogo Jonas Salk: “Se todos os insetos da Terra desaparecessem, dentro de 50 anos acabaria toda vida no planeta. Se todos os seres humanos desaparecessem da Terra, dentro de 50 anos todas as formas de vida floresceriam no planeta.” Terrível, mas possivelmente verdadeiro.

Diretor: M. Night Shyamalan
Roteiro: Gary Whitta & M. Night Shyamalan, baseado em história de Will Smith
Musica: James Newton Howard
Fotografia: Peter Suschitzky
Elenco: Will Smith, Jaden Smith, Sophie Okonedo, Isabelle Fuhrman
Distribuidora: Sony

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

Ressurreição

Resurrezione *
(2001) 185 min (14 anos) minissérie da RAI

Russia, Moscou, final do século XIX - Tem início o processo contra Kátia Máslova, uma prostituta injustamente acusada de ter roubado e envenenado um cliente. Entre os jurados está o príncipe Dmitri Ivánovitch Nekhliudov, que reconhece a acusada, a quem seduzira 10 anos antes. Kátia era órfã e morava de favor na casa da tia de Dmitri, de onde foi expulsa quando revelou-se sua gravidez. O que realmente chocou a jovem foi o príncipe ter lhe oferecido dinheiro ao partir, tratando-a como uma prostituta. Kátia ainda tentou trabalhar em casa de família, mas sua aparência agradável só lhe causou problemas. Sem ter a quem recorrer, entregou-se à prostituição e à bebida. Roído pelo remorso, o príncipe abandona a vida confortável na cidade, depois que fracassam todos os recursos possíveis para libertar a ré, e segue Kátia em seu exílio na Sibéria. (adaptado da capa do DVD)

Ao tomar consciência de quanto suas atitudes passadas arruinaram o destino da jovem Katiuscia, Dmitri não mede esforços para reparar o erro e empenha sua vida para resgatar a dela. Inicialmente revoltada com a presença de Nekhliudov, Katia vê aflorar gradualmente sentimentos de ternura que há muito sufocara. Os octogenarios irmãos Taviani dirigiram e adaptaram o romance escrito pelo conde russo Lev Nikolayevich Tolstoy. É uma história sobre paixão, miséria, injustiça e liberdade, levada à tela por um elenco exemplar. A sempre bela Marina Vlady interpreta a tia Duquesa do príncipe. Linda música e excelente reconstituição de época.

Curiosidade
* Leon Tolstoy também escreveu "Guerra e Paz" e "Anna Karenina", seus romances mais famosos. Uma outra obra, menos conhecida, mas de grande repercussão no século XX, foi "The Kingdom of God Is Within You", inspirada no Sermão da Montanha. O livro influenciou Gandhi com seus ideais de resistência pacífica. Os dois se corresponderam até a morte do escritor russo, em 1910. Martin Luther King foi outro líder influenciado pela obra de inspiração cristã de Tolstoy. (Wikipedia)

Tolstoy (1908)
Diretores: Paolo e Vittorio Taviani (Cesar Deve Morrer)
Roteiro: Paolo e Vittorio Taviani, baseado no romance "Voskresenie", de Leon Tolstoy
Musica: Nicola Piovani, Fryderyk Chopin,Pëtr Il'ič Čajkovskij
Fotografia: Franco Di Giacomo (O Carteiro e o Poeta)
Elenco: Stefania Rocca, Timothy Peach, Marie Bäumer, Cécile Bois, Eva Christian, Marina Vlady, Giulio Scarpati, Antonella Ponziani
Distribuidora: Versátil

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

sábado, 9 de novembro de 2013

Uma Garrafa no Mar de Gaza

Une Bouteille à la Mer *
(2011) 100 min (12 anos)

Tal Levine é uma jovem francesa de 17 anos que mora em Jerusalém com sua família. Após a explosão de um camicase num café do seu bairro, ela escreve uma carta a um palestino imaginário, onde exprime suas interrogações e sua recusa em admitir que só o ódio possa reinar entre os dois povos. Ela coloca a carta numa garrafa e entrega a seu irmão para que jogue no mar, perto de Gaza, onde ele cumpre o serviço militar. Algumas semanas depois, Tal recebe uma resposta de um misterioso “Gazaman”. (capa do DVD)

Inicialmente agressivo, Gazaman vai amansando à medida em que a correspondência secreta entre os dois evolui. Seu nome é Naïm Al Fardjouki, é órfão de pai e tem sobrevivido com a mãe Intessar graças à ajuda de um tio comerciante. O jovem poderia ter se tornado um terrorista, já que o clima de hostilidade entre os povos vizinhos alimenta-se das agressões mútuas, mas seus pais estiveram fora da região um tempo e não nutriam preconceito contra o Ocidente. Naïm trabalha fazendo entregas para o tio autoritário mas não vê qualquer perspectiva de crescimento no emprego. A troca de mensagens com Tal estimula-o a inscrever-se no centro cultural para aprender francês. Um novo horizonte abre-se para o jovem palestino e sua mãe vê com agrado a esperança nascer nos olhos do filho.

Provavelmente a história só não se transforma numa tragédia à Romeu e Julieta porque os dois jovens não tinham como se encontrar. Melhor para eles, escapam com vida, e, quem sabe, um futuro melhor pode estar à frente para judeus e palestinos. Há alguns meses atrás, quem imaginaria a atual aproximação entre o Irã e os EUA? "Uma Garrafa no Mar de Gaza" é falado em árabe, hebraico e francês, tem uma bela fotografia e ótimo elenco, destacando uma pequena participação de Hiam Abbass como Intessar, a mãe de Naïm.

Contando fatos do seu cotidiano, Tal e Naïm foram se conhecendo e se afeiçoando um ao outro. Do mesmo modo, ao final da 2ª Grande Guerra, um grupo de jovens europeus pensou que, se houvesse maior aproximação entre os países, uma nova luta entre eles seria evitada. Por essa razão, um estudante francês decidiu passar suas férias na Alemanha. Nascia assim a AIESEC, uma organização internacional sem fins lucrativos que promove o intercâmbio de alunos, com a finalidade de integrar diferentes culturas. Reconhecida pela UNESCO como a maior organização de estudantes universitários do mundo, a AIESEC conta atualmente com 86.000 membros, espalhados por 124 países e territórios. A sede internacional localiza-se em Rotterdam, Holanda. No Rio de Janeiro seu escritório fica na Urca, dentro da UFRJ. Vale a pena conhecer, são jovens motivados que viajam a trabalho para programas sociais ou estágios corporativos.

Diretor: Thierry Binisti
AIESEC
Roteiro: Thierry Binisti, baseado no livro "Une bouteille dans la mer de Gaza", de Valérie Zenatti
Musica: Benoît Charest
Fotografia: Laurent Brunet
Elenco: Agathe Bonitzer, Mahmoud Shalabi, Hiam Abbass, Riff Cohen, Abraham Belaga, Jean-Philippe Écoffey, Smadi Wolfman, Salim Dau, Loai Nofi, François Loriquet, Abdallah El Akal
Distribuidora: Europa Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Frank e o Robô

Robot & Frank *
(2012) 89 min (10 anos)

EUA, num futuro próximo - Frank Weld parece regenerado da sua atividade de ladrão de jóias, depois de duas temporadas na cadeia. Para não dizer que deixou de ser amigo dos bens alheios, costuma furtar sabonetes e velas decorativas numa loja de objetos para casa. Separado da esposa há anos e tendo perdido as delícias da convivência diária com os filhos Hunter e Jessica pela estadia na prisão, Frank mora sozinho. Quando vai à cidade, gosta de passar na biblioteca, onde é amigo da encarregada Jennifer. Mesmo sendo um leitor voraz, o ladrão aposentado tem apresentando sérios problemas de memória. Hunter preocupa-se com ele, mas é casado, tem duas crianças, mora em outra cidade e precisa dirigir 10 horas cada vez que vai visitar o pai. A filha Jessica se comunica com Frank esporadicamente, em breves telefonemas, pois sua vida é dedicada a missões filantrópicas no Turcomenistão. 

A casa de Frank está suja, há roupas espalhadas por todo lado, o leite estraga na geladeira, mas ele rejeita a ideia de morar numa instituição onde receberia cuidados adequados. Hunter dá uma última chance ao pai e compra-lhe um robô programado para melhorar a saúde física e mental do proprietário. Relutante a princípio, o idoso acaba apreciando o presente. Seu cuidador eletrônico acredita em rotina, alimentação saudável e acordar cedo, mas, em compensação, não julga, ouve com paciência e é ótimo aluno na arte de abrir fechaduras. Juntos, os dois furtam o valioso exemplar de "Dom Quixote" da biblioteca local. Como o robô não conseguiu que seu paciente se interessasse por jardinagem, o jeito foi aderir a um novo projeto mais a seu gosto. O idoso elegeu como meta arrombar a casa de Jake, o vizinho desagradável que cismou em modernizar a biblioteca, tornando-a digital. Os livros de papel foram retirados das prateleiras, escaneados e depois reciclados. Bem provável que seja isso o que o futuro nos reserva...

"Frank e o Robô" proporciona momentos agradáveis e alguma surpresa. Os fãs de "Orgulho e Preconceito" também hão de apreciar o nome do robô da biblioteca. Jennifer batizou-o de Mr. Darcy. O filme do diretor Jake Shreier se presta a uma boa reflexão sobre a deterioração da memória dos idosos e os meios disponíveis para tentar preveni-la e minimizar suas consequências.

Curiosidades:
* O carro pequenino e veloz que ultrapassa Frank quando ele desce a rua é um Tango, fabricado pela Commuter Cars.

* A voz mansa e envolvente do robô pertence ao ator Peter Sarsgaard. Durante as filmagens, coube à dançarina Rachael Ma fornecer a Frank Langella as falas do robô. Mas o traje causou à dançarina tal calor e desconforto, que ela não conseguiu atuar fisicamente e falar ao mesmo tempo. Foi substituída durante dois dias pelo sobrinho de Langella, que era assistente de produção no set. (wikipedia)

Diretor: Jake Schreier
Roteiro: Christopher D. Ford
Musica: Francis and the Lights
Fotografia: Matthew J. Lloyd
Elenco: Frank Langella, Susan Sarandon, James Marsden, Liv Tyler, Peter Sarsgaard, Jeremy Strong, Jeremy Sisto, Rachael Ma, Bonnie Bentley, Ana Gasteyer
Distribuidora: Sony Pictures

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A Aventura do Kon-Tiki

Kon-Tiki *
(2012) 118 min (12 anos)

Este drama, inspirado na história real de Thor Heyerdahl, mostra a expedição Kon-Tiki. Em 1947, este pesquisador tinha uma tese ousada para a época: ele acreditava que a Polinésia tinha sido ocupada primeiro pelos povos da América do Sul, e não pelos povos do oeste, como diziam os livros de História. Para comprovar que essa versão da história era possível, Thor decidiu construir uma pequena jangada, com os mesmos materiais de séculos atrás, e chamou cinco tripulantes inexperientes para partir com ele em uma viagem de três meses, considerada por todos como uma aventura suicida. Enquanto flutuam pelo oceano Pacífico, torcendo para serem levados à direção correta, os homens enfrentam problemas com tempestades, tubarões, baleias, recifes de corais e com a própria jangada, que corre o risco de se desfazer a qualquer momento. (Adorocinema)

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2013, "A Aventura do Kon-Tiki" conta a trajetória da expedição norueguesa de maneira emocionante, com lances cheios de suspense. Se o empreendedorismo de Thor Heyerdahl obteve o patrocínio do governo peruano para a construção e abastecimento da jangada, sua capacidade de liderança e a coragem dos tripulantes foram fundamentais para o sucesso da arriscada viagem. Bons efeitos especiais e bela direção de arte enriquecem o filme.

Curiosidade:
* A jangada original está em exposição no Museu Kon-Tiki em Oslo. (wikipedia)
* Todos os tripulantes eram noruegueses, exceto o sueco Bengt Danielsson. A expedição também levou um papagaio chamado "Lorita".

Diretor: Joachim Rønning, Espen Sandberg
Roteiro: Petter Skavlan e Allan Scott
Musica: Johan Söderqvist
Fotografia: Geir Hartly Andreassen
Elenco: Pål Sverre Hagen, Anders Baasmo Christiansen, Tobias Santelmann, Gustaf Skarsgård, Odd Magnus Williamson, Odd Magnus Williamson, Jakob Oftebro, Agnes Kittelsen
Distribuidora: Serendip Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

Qual É O Nome do Bebê?

Le Prénom *
What’s in a Name?
(2012) 100 min (14 anos)

França - Vincent, um agente imobiliário, foi convidado para jantar na casa de sua irmã Elizabeth e de seu marido Pierre, ambos professores em Paris e pais de um casal, Apollin e Myrtille. O outro convidado é Claude, um amigo de infância, trombonista numa orquestra sinfônica.

Anna, esposa de Vincent, é esperada mais tarde, pois está fazendo um exame pre-natal. Enquanto Anna não chega, Vincent revela qual será o nome do bebê. Pierre fica revoltado com a escolha do cunhado e tem início uma discussão tão séria que traz à tona velhos ressentimentos, ameaçando laços de família e amizade.

Baseado numa peça escrita pelos diretores do filme, "Qual é o Nome do Bebê" prende a atenção e diverte do começo ao fim. Seu elenco vibrante, associado a diálogos inteligentes e bem-humorados, além de uma fotografia criativa, superam qualquer sensação claustrofóbica, comum em adaptações do palco para a tela.

Diretor: Alexandre de La Patellière, Matthieu Delaporte
Roteiro: Alexandre de La Patellière, Matthieu Delaporte
Musica: Jérôme Rebotier
Fotografia: David Ungaro
Elenco: Patrick Bruel, Valérie Benguigui, Charles Berling, Judith El Zein, Guillaume de Tonquédec, Françoise Fabian
Distribuidora: Europa Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

O Sistema

The East
(2013) 116 min (14 anos)

EUA - Sarah Moss deixou o FBI para trabalhar para uma companhia privada de investigação. Sua próxima tarefa consiste em infiltrar-se numa rede de eco-terrorismo conhecida como "O Sistema". Os ativistas deste grupo planejam punir os executivos de corporações que causam danos à saúde das pessoas. Nesse caso estão fábricas que lançam produtos químicos perigosos para a saúde humana em rios e lagos, assim como laboratórios que vendem medicamentos cujos efeitos colaterais incluem graves problemas neurológicos. Os dirigentes das empresas envolvidas negam qualquer efeito nocivo para pessoas ou meio ambiente.

À medida em que convive com os anarquistas, Sarah começa a ver com outros olhos as ações dos clientes de sua empregadora, e passa a perceber o desperdício gerado pelo sistema da sociedade de consumo. Os jovens homens e mulheres engajados no movimento se reúnem numa casa remota, próxima a um bosque, em Cape Cod, na Nova Inglaterra. Ali comem, dormem, banham-se no rio, fazem brincadeiras à noite, à luz de lampiões, numa vida simples, sem desperdícios. Aos poucos forma-se um vínculo entre os membros do grupo. Conhecendo suas histórias, torna-se difícil para Sarah denunciá-los. Na hora da decisão, de que lado ficará a agente Moss?

Movidos pelo desejo de aumentar os ganhos de suas companhias, os executivos cometeram crimes. Movidos pelo desejo de salvar vidas e punir os dirigentes das empresas, os ativistas de "O Sistema" cometeram crimes. Pregando a justiça do código babilônico de Hamurabi: "dente por dente, olho por olho", são tão implacáveis quanto as corporações que desejam combater. Haveria outro meio de responsabilizar os executivos, proteger o meio-ambiente e a integridade das pessoas?  É possível mudar a cabeça de nossos dirigentes sem precisar recorrer à violência? O filme "O Sistema" quer mostrar que sim. Em tempos de manifestações agressivas de "black blocs", só isso já valeria alugar o DVD. Já o doce Papa Francisco tem nos alertado para a necessidade de remover dos altares da sociedade moderna o deus-lucro e o impulso desenfreado de consumo. Mensagem essencial para quem deseja o bem de nosso planeta e seu futuro como um mundo ainda habitado por seres humanos.

Curiosidade:
* O diretor-roteirista Zal Batmanglij é fã do livro "O Mágico de Oz". O escritor Frank Baum havia criado uma "Bruxa Malvada do Leste" ("The Wicked Witch of the East" porque achava que Washington era corrupta e estava destruindo o Kansas. O roteirista gostou da ideia de usar jovens americanos do Leste - onde ainda está o poder econômico e político - e fazê-los virar-se contra os outros, rejeitando luxos e privilégios.

Diretor: Zal Batmanglij
Roteiro: Zal Batmanglij, Brit Marling
Musica: Halli Cauthery, Harry Gregson-Williams
Fotografia: Roman Vasyanov
Elenco: Brit Marling, Alexander Skarsgård, Ellen Page, Patricia Clarkson, Toby Kebbel, Shiloh Fernandez, Julia Ormond, Billy Magnussen
Distribuidora: Fox Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Guerra Mundial Z

World War Z * *
(2013) 116 min (14 anos)
"Cada ser humano salvo é um zumbi a menos para combater"

EUA - Imagens de golfinhos encalhados na areia, enxames de formigas, cachorros raivosos se engalfinhando, casos de gripe aviária. Parece que a natureza enlouqueceu. O casal Gerry e Karin Lane toma café com as filhas enquanto a televisão permanece ligada no noticiário. Os quatro saem de carro e se deparam com um longo engarrafamento e vários helicópteros sobrevoando a área. Pessoas correm desesperadas pelas ruas, perseguidas por uma horda crescente de zumbis que ataca furiosamente os moradores da cidade de Filadélfia. O mesmo está acontecendo em outras partes do globo.

Como ex-investigador da ONU, Gerry é convocado para descobrir a origem do vírus que se espalha pelo planeta. Levada para o porta aviões "Argus", a duzentas milhas de Nova Iorque, sua família estará em segurança enquanto ele estiver vivo, coletando informações e buscando uma solução para eliminar essa nova praga letal.

Depois de três dias, ainda me assombro do quanto gostei de um filme sobre zumbis. E não é só porque Brad Pitt empresta sua bela figura, assim como sua experiência de paternidade, ao simpático e afetuoso Gerry Lane. Aliás, quem não quer um pai destemido, inteligente, brincalhão, amoroso, que ouve, se comunica e sabe fazer panquecas? Em "Guerra Mundial Z" não há cenas nojentas de entranhas ou cérebros expostos, mas suspense constante, ambientes variados e explicações razoáveis. O diretor apresenta algumas imagens grandiosas, como uma panorâmica de zumbis escalando as muralhas de Jerusalém, e finaliza de maneira mais silenciosa, quase intimista. Há muito tempo não me divertia tanto.

Diretor: Marc Forster
Roteiro: Matthew Michael Carnahan e Drew Goddard & Damon Lindelof, baseado no livro de Max Brooks
Musica: Marco Beltrami
Fotografia: Ben Seresin, Robert Richardson
Elenco: Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz, Ludi Boeken, Fana Mokoena, David Morse, Peter Capaldi, Pierfrancesco Favino, Ruth Negga, Moritz Bleibtreu, Sterling Jerins, Abigail Hargrove, Fabrizio Zacharee Guido, Ruari Cannon
Distribuidora: Paramount

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante




sábado, 19 de outubro de 2013

Além da Escuridão - Star Trek

Star Trek Into Darkness *
(2013) 132 min (12 anos)

"Em sua nova missão, a tripulação da nave Enterprise é enviada para um planeta primitivo, que está prestes a ser destruído devido à erupção de um vulcão. Spock entra na cratera em chamas, onde deve deixar um dispositivo que irá congelar a lava incandescente. Quando ele não consegue sair, James T. Kirk ordena que a Enterprise saia de seu esconderijo no fundo do mar para salvá-lo. A nave é vista pelos seres primitivos que habitam o planeta, o que é uma grave violação das regras da Frota Estelar. Em consequência, Kirk perde o comando da nave para o capitão Pike. 

A situação muda quando John Harrison, um renegado da Frota Estelar, coordena o ataque a uma biblioteca pública, que oculta uma importante base da organização. Kirk é reconduzido ao posto de capitão da Enterprise e enviado para capturar Harrison em um planetóide dentro do império klingon, que está à beira de uma guerra com a Federação". (adaptado de Adorocinema)

Passados alguns dias, destaca-se entre minhas memórias de "Star Trek, Além da Escuridão" a presença do super-poderoso Khan, o Comandante John Harrison. O ator Benedict Cumberbatch estava inspirado ao criar o vilão intenso, forte, dono de uma voz profunda, entre melíflua e intimidadora. No mais, há a espetacular visão do espaço sideral, do interior da nave Enterprise e a escolha acertada do elenco de protagonistas, destacando-se Scotty, Spock e o Capitão Kirk. "Além da Escuridão" respeita o espírito da série e desperta o desejo por mais.


Curiosidade:
* O personagem de Benedict Cumberbatch só foi revelado ao ator uma semana depois de sua escolha para o elenco. Um representante do estúdio voou de Los Angeles para Londres com o roteiro algemado ao pulso.

Diretor: J. J. Abrams
Roteiro: Roberto Orci & Alex Kurtzman & Damon Lindelof, baseado em "Star Trek", série de TV criada por Gene Roddenberry
Musica: Michael Giacchino
Fotografia: Dan Mindel
Elenco: John Cho, Benedict Cumberbatch, Alice Eve, Bruce Greenwood, Simon Pegg, Chris Pine, Zachary Quinto, Zoe Saldana, Karl Urban, Peter Weller, Anton Yelchin, Leonard Nimoy
Distribuidora: Paramount

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

banner