Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

The 13th Day

O 13º Dia * *
(2009) 85 min (preto e branco/cores)

Meu irmão mais velho descobriu 'O 13º Dia' em suas pesquisas na internet e pediu o filme como presente de aniversário.  Como ainda não foi lançado no Brasil, só foi possível encontrá-lo na Amazon.  O DVD chegou alguns dias depois da comemoração, mas sua alegria foi a de quem recebe o melhor presente da sua vida.  Eu estava descrente.  Pelo trailer, achei a cenografia simples demais, nada do que vi me impressionou.  Nem mesmo os comentários entusiasmados do aniversariante depois de ter assistido o filme.

Pois hoje cedo foi minha vez. Fui tocada pela beleza da obra de Ian e Dominic Higgins. Compreendi que a simplicidade foi uma escolha dos diretores.  Limitaram-se ao essencial, deixando os acontecimentos falarem por si.  As imagens suaves em preto e branco recriam o visual dos filmes antigos, talvez inspiradas nas fotografias de arquivo da multidão que assiste ao 'Milagre do Sol' (13 de outubro de 1917).  As cores surgem apenas naqueles momentos em que Nossa Senhora de Fátima aparece.

Num extra do DVD, o franciscano Andrew Apostoli explica muitos detalhes da experiência de Lucia, Jacinta e Francisco, começando pelo significado da palavra 'fátima' (paz), levada à região por um príncipe árabe, apaixonado pela esposa Fátima.  Infelizmente essa parte é falada em inglês, sem legendas. Só existem 8 exemplares do filme à venda na Amazon.  Nem acabei de assistir aos comentários do monge, mas acho que vou logo encomendar um '13º Dia' para mim.  Hoje será minha vez de agradecer ao aniversariante; fortaleceu minha fé.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Midnight in Paris

Meia-Noite em Paris, direção de Woody Allen.


Graças a Deus tudo deu certo e consegui chegar à sala 4 do Cinemark Botafogo, bem a tempo de assistir à primeira sessão de 'Meia-Noite em Paris'!  Numa semana cheia de compromissos, o horário de 11:30 encaixou perfeitamente.  Foi uma experiência emocionante, que recomendo a todos os fãs de Woody Allen e apaixonados por Paris, quer já conheçam ou ainda não.  Meu exigente marido, que aprecia poucos filmes, gostou tanto quanto eu.  Deu até umas risadinhas!  Ficarei feliz em rever em casa quando os DVDs chegarem às locadoras.  Tendo um fiel controle remoto nas mãos, repetirei as frases favoritas ou esmiuçarei detalhes.  Para os que puderem, assistir 'Meia-Noite em Paris' na tela grande vale cada centavo do ingresso.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Matador em Perigo

Wild Target
(2010) 98 min (14 anos)

Inglaterra - Victor Maynard é um assassino de meia-idade, meticuloso, eficiente e implacável; até conhecer Rose, seu último alvo.  A vigarista cleptomaníaca encomendou a um amigo, restaurador da National Gallery, a cópia perfeita do auto-retrato de Rembrandt e depois vendeu para um colecionador inescrupuloso.  Descobrindo-se enganado, o gangster apaixonado por arte não hesita em contratar Victor Maynard para matar Rose.  Mas as coisas não saem como o planejado, havia uma testemunha, o assassino falha pela primeira vez e se transforma em guarda-costas daquela que devia eliminar. De quebra, carrega a testemunha na fuga e assim o jovem Tony se torna seu aprendiz. Nada disso agrada Louisa Maynard, a mãe zelosa que organiza um álbum com recortes das notícias de jornal sobre os crimes cometidos pelo filho.

'Matador em Perigo' reune um elenco nota dez. Bill Nighby está ótimo como o assassino que cultiva bonsai e um bigodinho impecável.  Emily Blunt dá vida à impulsiva Rose. Os ingleses continuam insuperáveis na arte da interpretação e uma comédia ágil é sempre bem-vinda.

Diretor: Jonathan Lynn
Roteiro: Lucinda Coxon, baseado no filme 'Cible Émouvante', de Pierre Salvadori
Musica: Michael Price
Fotografia: David Johnson
Elenco: Bill Nighy, Emily Blunt, Rupert Grint, Rupert Everett, Eileen Atkins, Martin Freeman
Distribuidora: Paramount

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Lixo Extraordinário

Lixo Extraordinário * *
Waste Land
(2010) 99 min (Livre)
Ler é fundamental.  Há pessoas que são loucas.  Compram o livro, lêem e jogam fora.  Absurdo.
(Tião, presidente da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho)

Tião como Marat
Vik Muniz é o artista plástico brasileiro mais conhecido no exterior.  Sua participação no programa de entrevistas de Jô Soares abre este documentário. Nascido de família pobre, publicitário formado em São Paulo, o artista aproveitou uma oportunidade extraordinária para ir para os EUA, em 1983.  Um de seus primeiros empregos foi num supermercado, onde recolhia os carrinhos deixados no estacionamento e limpava em volta das lixeiras.  Mais tarde emoldurou quadros, virou escultor, fotógrafo e criador de imagens elaboradas a partir de materiais inusitados, como açúcar, chocolate líquido, ketchup, lixo e poeira.  Desde 1988 integra o circuito internacional de arte.

Jardim Gramacho é um bairro de Duque de Caxias.  Neste município do estado do Rio de Janeiro encontra-se o maior aterro sanitário da América Latina, ocupando uma área de 1,3 milhões de m².  O local recebe 70% do lixo da capital e 100% do lixo dos municípios de Duque de Caxias, Nilópolis, São João de Meriti e Queimados.  

Mais de 3000 catadores aguardam a chegada dos caminhões para selecionar o material reciclável solicitado pelas indústrias.  Entre esses homens e mulheres, que tiram o sustento do que a sociedade rejeitou, Vik Muniz encontrou algumas personalidades cativantes, verdadeiros exemplos de vida. Valter, Isis, Tião, Suelem e Zumbi participaram da criação de obras que foram vendidas em benefício da ACAMJG (Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho). Suas realidades e sonhos comovem. Cabe-nos conhecê-los, valorizar seu trabalho e cobrar das autoridades a solução de seus problemas. O aterro está no limite de sua capacidade e tem previsão de ser fechado até o final de 2011.  
Suelem e filhos

'Lixo Extraordinário' foi indicado para o Oscar de Melhor Documentário.  Ganhou os premios da Anistia Internacional, em Berlim, e dos Festivais de Seattle, Sundance e São Paulo.

Diretora: Lucy Walker
Musica: Moby
Som: José Moreau Louzeiro, Aloisio Compasso
Montagem: Pedro Kos
Fotografia: Dudu Miranda
Participação: Vik Muniz, Fábio, Tião, Zumbi, Isis Rodrigues Barros, Valter dos Santos, Suelem
Distribuidora: Paris Filmes

Bravura Indômita

True Grit * *
(2010) 110 min (16 anos)

EUA - Mattie Ross procura um xerife que tenha verdadeira coragem.  A menina de 14 anos, que deseja vingar a morte do pai, é pura bravura, determinação, além de ser um celeiro de respostas rápidas e inteligentes.  Sua negociação com o dono do estábulo, de onde o cavalo de Frank Ross foi roubado pelo assassino Tom Chaney, é uma das melhores cenas do filme.  Se eu não tivesse uma amiga que parece ter sido uma adolescente ao feitio de Mattie, diria que a existência de tal personagem seria bastante improvável.

A decidida guria escolhe Rooster Cogburn para a missão porque o federal não faz questão de trazer qualquer suspeito vivo.  Por 100 dólares, o xerife meio bêbado aceita seguir a pista de Tom Chaney. O assassino também é procurado pelo Texas Ranger LaBoeuf, pois o renegado matou um senador no Texas.  Apesar de fazerem restrições uns aos outros, Mattie, Cogburn e LaBoeuf seguem juntos a trilha de Tom Chaney, por dentro da nação indígena.  Não falta coragem a esse grupo heterogêneo.

Joel & Ethan Coen foram sóbrios ao recontarem essa história, antes dirigida por Henry Hathaway (1969) e interpretada por John Wayne, Kim Darby e Robert Duvall.  As principais virtudes do atual 'Bravura Indômita' são a bela fotografia de Roger Deakins, um toque de humor nos diálogos e personagens, a interpretação da jovem Hailee Steinfeld como Mattie, além de figurinos e cenários absolutamente perfeitos na recriação do velho oeste.  Para ficar ainda melhor, só faltava incluir ao final uma espiada na fazenda de Frank Ross e no resto de sua família.  Os irmãos Coen ficaram me devendo essa.

Quanto à minha amiga - destemida e empreendedora, que criou o 'By Star' para mim, fez sozinha o inventário do pai em apenas 6 meses - é uma jovem senhora de quase 50 anos, sorridente, alegre e gentil. Não sei se posso dizer o mesmo de Mattie na sua idade.  Cada um julgue por si.


Diretor: Joel & Ethan Coen
Roteiro: Joel & Ethan Coen, baseado no livro de Charles Portis
Musica: Carter Burwell
Fotografia: Roger Deakins
Elenco: Jeff Bridges, Hailee Steinfeld, Matt Damon, Josh Brolin, Jarlath Conroy, Elizabeth Marvel, Barry Pepper, Ed Lee Corbin, Leon Russom, Bruce Green, Candyce Hinkle, Joe Stevens, David Lipman, Jake Walker
Distribuidora: Paramount

quarta-feira, 22 de junho de 2011

GARAPA

Garapa * *
(2009) 110 min (10 anos) Preto e Branco

Ceará - As estatísticas da ONU indicam que mais de 920 milhões sofrem de fome crônica no mundo.  Na África, as imagens de fotógrafos e cineastas mostraram a miséria esquálida, as pessoas-esqueleto.  No Brasil, a desnutrição crônica pode arredondar as formas e clarear os cabelos.  

Alimentadas com mamadeiras de água fervida com açúcar - a garapinha - as crianças desenvolvem grave desnutrição protêica.  O documentário de José Padilha acompanhou por um mês a rotina de 3 famílias que vivem abaixo da linha da pobreza. Uma na periferia de Fortaleza, outra na região rural e a terceira em Choró, interior do Ceará.  Rosa, Robertina e Lúcia encaram a fome diariamente, racionando o pouco alimento que obtiveram para a sobrevivência dos seus.  

Os maridos não conseguem trabalho na região.  As plantas até brotam, mas, na falta de água, não vingam.  Um deles, cachaceiro assumido, troca o cartão de transporte, o leite dos filhos e a vela do filtro de água, por álcool, um outro tipo de garapa.  Quando não choram de fome ou dor de dente, as crianças brincam, como todas as outras mais afortunadas.  Duas das mães recebem R$ 50,00 do Fome Zero, o que cobre uns 12 dias de almoço ou jantar.  O resto fica por conta da garapa.  A terceira mãe, Robertina, não conseguiu se inscrever no programa de assistência oficial porque não tem registro civil, ela mesma filha de mãe alcoólatra.  A família recebe uma sacola da Pastoral da Criança.  Seus 11 filhos têm certidão de nascimento.

O filme de José Padilha é forte, é lento, é imprescindível para tornar realidade o que os números das estatísticas esterilizam.  Não faz esforço algum para comover ou explicar a miséria.  A ausência de cor/emoção só realça a beleza das imagens, reveladoras de uma situação horrível.  Rara, atualmente, nos grandes centros urbanos do sul ou sudeste, a miséria cruel ainda se mostra em outros cantos do Brasil.  Os que vivem nesta grave situação de insegurança alimentar esperam a ajuda das mãos de Deus.  Deus conta que sejamos Seus braços.

Curiosidade:
Garapa é o caldo da cana-de-açucar, do qual, após a fermentação, se produz a cachaça, o açucar e o etanol (alcool).

* O corpo das crianças incha devido à retenção de líquidos. É a desnutrição do tipo húmido ou kwashiorkor, 'uma palavra africana que significa «primeira criança-segunda criança». Esta expressão tem a sua origem na observação do desenvolvimento desta doença no primeiro filho, quando nasce o segundo e substitui o primeiro no peito da mãe. (Manual Merck)  

Diretor: José Padilha
Fotografia: Marcela Bourseau
Som: Yan Saldanha
Montagem: Felipe Lacerda, José Padilha
Distribuidora: Vinny filmes

Desconhecido

Unknown
(2011) 113 min (14 anos)

EUA - O Dr. Martin Harris viaja de avião com a esposa Liz para um Encontro Global de Biotecnologia em Berlim. Percebendo que deixou uma pasta no aeroporto, Martin volta sozinho para buscar a valise.  Depois de um acidente lançar dentro do rio o táxi em que estava, ele acorda de um coma na enfermaria do hospital.  Preocupado por Elizabeth não conhecer a cidade, Harris força sua alta e vai procurá-la. Mas sua mulher não o reconhece e um outro homem ocupou seu lugar no hotel.  Ignorado pelas autoridades e caçado por assassinos, ele está cansado e começa a ficar confuso quanto à própria identidade.

Liam Neeson é o tipo do ator que dá credibilidade instantânea ao personagem e isso é agradável.  Logo se percebe que este é apenas mais um filme de suspense bem feito, com ótimo elenco e os ingredientes costumeiros.  Mas me chamou a atenção foi ter sido lançado no mesmo período em que Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara, encaminhou um projeto bastante polêmico sobre transgênicos.  A proposta, que tramita em regime de prioridade, 'revoga o artigo atual da Lei de Biossegurança que proíbe a venda de tecnologias genéticas de restrição de uso (GURTS, em inglês).  Conhecida como 'Terminator', a técnica permite a criação de sementes que só podem germinar uma única vez.  Em Nagoya, no Japão, mais de cem países, entre eles o Brasil, assumiram o compromisso de não adotar essa prática.  O projeto também proíbe a rotulagem dos produtos com substâncias transgênicas.' (Agostinho Vieira, na coluna Eco Verde - Globo 9/6/11)  

Durante milênios, os agricultores separam parte da produção de grãos para o plantio da próxima safra.  A idéia de criar uma técnica, tornando a agricultura mundial dependente das multinacionais produtoras de semente, só poderia ter saído da cabeça do fictício Damien Thorn. O personagem é filho do capeta e poderoso proprietário de um conglomerado no ramo de alimentos, em A Profecia 3 (Omen III: The Final Conflict).  Na vida real, Monsanto e assemelhadas desempenham o papel de ousadas reformadoras da natureza.  O assunto é sério e merece aprofundamento, pois as consequências podem ser sinistras.

Diretor: Jaume Collet-Serra
Roteiro: Oliver Butcher & Stephen Cornwell, baseado no livro 'Out of My Head', de Didier Van Cauwelaert
Musica: John Ottman, Alexander Rudd
Fotografia: Flavio Labiano
Elenco: Liam Neeson, Diane Kruger, Aidan Quinn, Frank Langella, January Jones, Bruno Ganz, Sebastian Koch
Distribuidora: Warner

terça-feira, 21 de junho de 2011

O Discurso do Rei

The King's Speech * * *
(2010) 119 min (12 anos)
Nenhuma criança começa a falar gaguejando

Inglaterra, 1925 - O Rei George V reina sobre 58 colônias e domínios britânicos, o que compreende 1/4 da população do mundo.  Ele pede ao seu 2º filho, o Duque de York, que faça o discurso de encerramento na exibição Imperial no estádio Wembley, em Londres.  Seria uma tarefa simples para alguém treinado desde o berço para participar de cerimônias oficiais, mas o Príncipe Albert Frederick Arthur George é gago.  Cumprir esse dever torna-se doloroso para quem fala e até constrangedor para quem escuta.

Médicos renomados falharam nas tentativas de ajudar o Duque a superar o problema.  Nem o método das pedras de Demóstenes funcionou, que pareceu tão eficaz quando o professor Higgins ensinou  Eliza Doolittle (My Fair Lady).  Mas a Duquesa de York não desiste e encontra um terapeuta da fala em Harley Street.  

O australiano Lionel Logue não tem títulos nem usa métodos convencionais. Professor de oratória e ator shakespereano fracassado, aprendeu seu ofício na prática, ajudando soldados que voltavam traumatizados da frente de batalha, ou com as cordas vocais danificadas pelos efeitos do gás mostarda.  O terapeuta estava convencido que a gagueira tinha causas  psicológicas.  Com total discrição quanto à identidade do famoso cliente, Logue começa o treinamento baseado num relacionamento de amizade.  Lionel ajuda o futuro Rei a encontrar sua voz e reconstruir sua auto-estima.  As atitudes e transmissões dos discursos de George VI inspiraram os britânicos à resistência durante a 2ª Guerra Mundial.

Além de um elenco afiado, ótimos roteiro, cenografia e a trilha sonora de Alexandre Desplat, destaco a escolha da Sinfonia nº 7 em A + Op 22 Allegretto, do compositor alemão Beethoven, para o momento da leitura do primeiro discurso de guerra.  Empolgante.

Curiosidades:
Colin Firth e Helena Bonham Carter
* O roteirista David Seidler foi gago na infância.  Ainda era uma criança quando ouviu o discurso de guerra de George VI e pensou que também poderia vencer a própria gagueira.  Já crescido, escreveu à Rainha-Mãe, solicitando permissão para usar a história do Rei num filme.  A viúva de George VI pediu que não o fizesse enquanto ela vivesse, pois as memórias ainda eram dolorosas.  Seidler respeitou seu desejo.  A Rainha-Mãe viveu 101 anos, morrendo em 30 de março de 2002.  David Seidler tornou-se a pessoa mais velha a ganhar o Oscar de Melhor Roteiro Original por este filme, aos 73 anos de idade.

* 9 semanas antes de começarem as gravações, a produção encontrou os diários não publicados de Lionel Logue, relatando as sessões de terapia da fala com o Rei.  David Seidler reviu o roteiro, incluindo frases de diálogos verídicos entre Lionel e Bertie, como era chamado pelos íntimos.  Valeu a pena esperar e ser fiel à promessa feita à Rainha-Mãe!

Diretor: Tom Hooper
Roteirista: David Seidler
Musica: Alexandre Desplat
Fotografia: Danny Cohen
Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter, Derek Jacobi, Adrian Scarborough, Charles Armstrong, Claire Bloom, Michael Gambon, Jennifer Ehle, Guy Pearce, Eve Best, Timothy Spall, Roger Parrott, Anthony Andrews
Distribuidora: Paris Filmes

sábado, 18 de junho de 2011

Inverno da Alma

Winter's Bones * *
(2010) 99 min (16 anos)

EUA, Montanhas Ozark, Missouri - A vida parece feliz na cabana da família Dolly. Sonny e Ashley pulam na cama elástica do lado de fora, cuidam de filhotes de animais, andam de skate, ajudam a irmã mais velha a estender a roupa na corda e aprendem noções básicas de sobrevivência.  Não há muito o que comer, mas Ree Dolly, no momento a única responsável pela casa, supera esse problema com simplicidade e afeto.  A jovem de 17 anos faz o que pode para alimentar a família e os animais.  O pai foi preso por fabricar metanfetaminas e a mãe está mentalmente incapacitada.  Carinhosamente, Ree lava seus cabelos e espera que a vida melhore. 

A novidade chega junto com o xerife local.  Jessup Dolly deu a propriedade como garantia de fiança e depois desapareceu.  Se não comparecer no dia do julgamento, a família precisará deixar a casa.  Ree se compromete a encontrar o pai.  Sua busca será mais difícil do que imaginara. Amigos ou parentes, ninguém está disposto a dar respostas e querem que a adolescente deixe o assunto de lado, respeitando o código de silêncio da comunidade.  Arriscando a própria integridade física, a destemida jovem segue em frente; ela é uma Dolly de corpo e alma.

Eis um filme impressionante e delicado, apesar da rudeza de tantos personagens.  O amor de Ree pelos pais e irmãos, sua coragem, pureza e persistência, são inspiradores.  Provocam o respeito até de corações endurecidos, que parecem já ter visto tudo o que há de ruim neste mundo.  Serão os laços de sangue a força de uma família?  Mais provavelmente será o sentimento que inspira as palavras de Ree Dolly ao irmão Sonny: '- Estaria perdida sem o peso de vocês nas minhas costas.'  Parece que esse compromisso é o segredo.

Curiosidades:
* Para interpretar o papel de Ree Dolly, Jennifer Lawrence precisou aprender a esfolar esquilos, cortar lenha e lutar.  A vida de uma atriz pode ser difícil!

* As crianças que interpretam Sonny e Ashley, além da maioria dos extras do filme, são pessoas que vivem na área de Forsyth, Missouri, e nunca atuaram antes.

* O Sargento Russell Schalk, que interpreta o recrutador do exército, é um recrutador na vida real e veterano combatente da 1ª Divisão da Cavalaria.  Jennifer Lawrence lhe fez perguntas vestida a caráter, e ele respondeu como se estivesse falando com um verdadeiro recruta.

Diretor: Debra Granik
Roteiro: Debra Granik & Anne Rossellini, baseado no livro de Daniel Woodrell
Musica: Dickon Hinchliffe
Fotografia: Michael McDonough
Elenco: Jennifer Lawrence, Isaiah Stone, Ashlee Thompson, Valerie Richard's, John Hawkes, Ronnie Hall, Shelley Waggener, Garret Dillahunt, Lauren Sweetser, Sheryl Lee, Kevin Breznahan
Distribuidora: California Filmes

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Trabalho Interno

Inside Job * *
(2010) 109 min (10 anos)

Por que os engenheiros financeiros devem ganhar de 4 a 100 vezes mais do que os engenheiros convencionais? Engenheiros convencionais constroem poentes. Engenheiros financeiros constroem sonhos. E quando esses sonhos viram pesadelo, os outros é que pagam a conta.

EUA - A Grande Depressão de 1929 durou 10 anos e o desemprego atingiu 25%.  Durante os 45 anos que se seguiram, não houve crise financeira alguma nos Estados Unidos.  O principal motivo para isso foi a indústria de serviços financeiros ter sido regulamentada. Mas essas regulamentações começaram a ser removidas progressivamente nos anos 80. Aí começaram os problemas.

'Trabalho Interno' faz uma análise abrangente sobre a verdade dos fatos por trás da crise econômica de 2008 - o colapso financeiro global que custou mais de US$ 20 trilhões e levou milhões de pessoas a perderem seus empregos e casas. Através de uma pesquisa exaustiva e entrevistas com especialistas da área, políticos, jornalistas e acadêmicos, o filme traça a ascenção de uma indústria nociva que corrompeu figuras chaves para aumentar sua capacidade de enriquecimento.  Através de filmagens de arquivo e entrevistas, revelam-se os vínculos corrosivos entre o mercado financeiro, as instituições federais que deveriam regulamentá-lo, acadêmicos e membros do Congresso americano.  Num mundo globalizado, ninguém escapou das consequências, nem mesmo as economias estáveis de países desenvolvidos.

O documentário de Charles Ferguson é importante, lança alguma luz sobre o surto de ganância, irresponsabilidade e omissão que se apropriou do mercado financeiro nas últimas décadas.  Formatado numa edição agradável, embalado numa bela fotografia, procura tornar compreensível um assunto árido, que poucos de nós chega a entender.  Ainda vou pesquisar mais sobre os tais 'mercados de derivativos', pois não é conceito que pertença ao meu mundo.  Mas ficou bem claro que ninguém foi punido, que bilhões de dólares foram desviados para as contas dos executivos responsáveis pelo caos e que vários deles estão assessorando o atual governo americano.  Aprender com o erro alheio é sabedoria.

Diretor: Charles Ferguson
Roteiro: Charles Ferguson, Adam Bolt, Chad Beck
Musica: Alex Heffes
Fotogafia: Svetlana Cvetko & Kalyanee Mam
Pesquisa: Kalyanee Mam
Narrador: Matt Damon
Elenco (em entrevistas ou imagens de arquivo): Christine Lagarde, Alan Greenspan, Paul Volcker, Barack Obama, Bill Clinton, George W. Bush, Larry Summers, Ben Bernanke, Satyajit Das, Timothy Geithner, Frederic Mishkin, Paul Volcker, Dominique Strausse-Kahn, Charles Morris, Nouriel Roubini, Eliot Spitzer
Distribuidora: Sony Pictures Home Entertaiment

terça-feira, 14 de junho de 2011

Onde o Amor Está

Country Strong
(2010) 117 min (14 anos)

EUA, Tennessee - A cantora Kelly Canter está numa clínica de reabilitação em Nashville, onde se envolve com Beau Hutton, compositor de música country, que trabalha na instituição e canta nas horas vagas.  São interrompidos pela chegada de James Canter, o marido/empresário, que força uma alta prematura.  Beau e sua amiga Chiles Stanton são convidados para se apresentar nos shows de Kelly, durante uma turnê de recomeço.  A talentosa intérprete tem um público fiel que aguarda a chance de vê-la superar os problemas e voltar ao palco.

Apaixonados por música country não devem perder 'Onde o Amor Está'.  Os fãs de Gwyneth Paltrow também; suas apresentações e uma bela fotografia estão entre os pontos altos desta produção mediana.  Os outros talvez não fiquem tão satisfeitos com o novo filme da diretora Shana Feste.

Como adoro música country, admiro o trabalho de Gwyneth Paltrow, fui em frente, encantada com as músicas e emocionada com o drama da cantora que se fragiliza ao perder o bebê aos 5 meses de gravidez.  Numa das melhores cenas, Kelly volta a ser a estrela brilhante de sempre quando visita Travis, um menino que está com leucemia.  Em outra cena, mais adiante, ela dá os conselhos para uma jovem cantora.  Sair de si e ajudar os outros tem esse poder restaurador para quem deseja se superar.

 Curiosidades:
* Muito da aparência de Beau Hutton é baseada no compositor e cantor texano Hayes Carll, que escreveu várias músicas interpretadas pelo personagem.

* James Canter é interpretado por Tim McGraw, famoso cantor de música country.  Ele não canta durante o filme, mas orientou e hospedou em seu rancho o ator Garrett Hedlund (que interpretou Beau Hutton).

* A música "Coming Home" foi indicada para o Globo de Ouro e Oscar de Melhor Canção Original.  Ganhou o Motion Picture Sound Editors.

Diretora: Shana Feste
Roteiro: Shana Feste
Musica: Michael Brook
Fotografia: John Bailey (Silverado, Melhor é Impossível, Feitiço do Tempo)
Elenco: Gwyneth Paltrow, Tim McGraw, Garrett Hedlund, Leighton Meester, Marshall Chapman, Gabe Sipos
Distribuidora: Sony Pictures Home Entertainment

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Você Não Conhece Jack

You Don't Know Jack *
(2010) 134 min (14 anos) feito para TV

EUA - Filho de imigrantes sobreviventes do Genocídio Armênio (1915), o patologista americano Jacob Kevorkian impressionou o mundo ao defender o direito de morrer dos doentes em grande sofrimento.  O 'Doutor Morte', como foi conhecido, facilitou a eutanásia de 130 pacientes.  Auxiliado pela irmã Margo Janus e pelo amigo Neal Nicol, o médico filmou as entrevistas com as pessoas que solicitaram sua ajuda, assim como os procedimentos de suicídio assistido.   

Mas isso não impediu Jack de achar chocante o governo federal autorizar a morte de pacientes em coma por privação de alimento e água, como aconteceu com Terri Schiavo. O processo cruel não deveria ser utilizado nem em animais.

Jack Kevorkian passou 8 anos na prisão, condenado por assassinato em 2º grau.  Solto em 2007, aos 79 anos, ainda estava vivo quando foi realizado o documentário da HBO.  Elogiou Al Pacino por sua interpretação. O patologista faleceu recentemente (3 de junho de 2011).

O filme de Barry Levinson acertou no tom para mostrar a personalidade excêntrica do médico americano. Inteligente, autêntico, estudioso, dotado de senso de humor e criatividade, pintava, escrevia, tocava flauta. Testemunhar a dolorosa agonia dos últimos dias da própria mãe, sem ter uma fé que desse sentido ao sofrimento, levou-o a usar seus múltiplos dons de uma maneira sinistra, ainda que movido pela piedade. Curiosamente, Kevorkian era grande admirador de Johan Sebastian Bach, o músico alemão que compunha para Deus.  No DVD há entrevista com Jack Kevorkian, Al Pacino e outros participantes da história de vida do Dr. Morte.

Diretor: Barry Levinson
Roteiro: Adam Mazer, baseado no livro 'Between the Dying and the Dead', de Neal Nicol e Harry Wylie.
Musica: Marcelo Zarvos
Fotografia: Eigil Bryld
Elenco: Al Pacino, Brenda Vaccaro, John Goodman, Susan Sarandon, Danny Huston, James Urbaniak
Distribuidora: Warner Bros

domingo, 12 de junho de 2011

Trabalho Sujo

Sunshine Cleaning *
(2008) 91 min (16 anos)

EUA, Novo México, Albuquerque - Rose Lorkowski é mãe solteira do excêntrico Oscar.  O comportamento do menino de 8 anos causa estranheza na escola.  O diretor acha que o garoto deve ser medicado. A mãe percebe que está na hora de ganhar mais dinheiro para pagar uma escola particular.  No momento ela trabalha como faxineira em casa de família, enquanto não completa o curso de corretora de imóveis.  Norah, sua irmã mais nova, está sempre saindo dos empregos.  O pai Joe criou as duas filhas com dificuldade, pois a esposa suicidou-se quando as meninas ainda não tinham chegado à adolescência.  

Se Rose foi um sucesso como animadora de torcida no colégio, agora ela repete mensagens encorajadoras para si mesmo, evitando sentir-se um fracasso.  Não a tornam mais feliz os encontros esporádicos com  o policial Mac, que é pai de Oscar, mas casado com outra mulher.  É o amante quem lhe dá uma dica a respeito da limpeza de cenas de crime.  Há quem cobre até 3.000 pelo serviço.  Rose e Norah criam a empresa Sunshine Cleaning e começam a faturar, cobrando menos que a concorrência.  Apesar do sangue, fluídos corporais e cheiros desagradáveis, as duas irmãs sentem-se úteis ajudando a colocar as coisas em ordem. 

Se um filme tem no elenco Amy Adams e Alan Arkin, eu alugo, mesmo sem outras referências.  Pode ser um caso de pura simpatia, mas também de muita competência dos 2 artistas.  Até hoje funcionou; creio que Amy Adams é uma das mais talentosas atrizes de sua geração.  Emily Blunt está ótima como Norah.  Se o filme não é esplêndido, mostra certa ternura por seus tristonhos personagens.  Não é de se jogar fora.

Diretora: Christine Jeffs
Roteiro: Megan Holley
Musica: Michael Penn
Fotografia: John Toon
Elenco: Amy Adams, Emily Blunt, Alan Arkin, Steve Zahn, Jason Spevack, Clifton Collins Jr., Mary Lynn Rajskub, Marya Beauvais
Distribuidora: Paramount Brasil

sábado, 11 de junho de 2011

Pecados do Meu Pai

Pecados de Mi Padre
(2009) 93 min (12 anos)

Colômbia - Juan Pablo Escobar tinha 16 anos, em dezembro de 1993, quando seu pai foi assassinado em Medelín, cidade em que havia crescido e se tornado poderoso, como chefão do cartel que controlava 80% do tráfico mundial de cocaína.  Pablo Escobar era um dos homens mais ricos da Colômbia e tinha pretensões políticas.  O traficante só temia a extradição e cometeu atos terroristas para forçar o governo colombiano a negociar a paz.  Queria mudar a constituição e, e em julho de 1991, conseguiu seu objetivo.  Depois de ter construído uma luxuosa prisão para si mesmo, entregou-se.  O documentário de Nicolas Entel registra o seu fim, assim como a luta da família de Escobar para permanecer viva.  

Seu filho trocou o nome para Sebastian Marroquín e vive na Argentina com a mãe, Maria Isabel Santos, trabalhando como arquiteto e desenhista industrial.  Pela primeira vez, os dois abriram seus arquivos pessoais, revelando fotos e filmes. O documentário descreve o que foi crescer como filho do violento traficante, que era marido e pai muito amoroso, além de um mestre na arte da trapaça.  Planejava com antecedência e escondia cartas de forma a jamais perder.  No jogo Imobiliário, encomendava notas extras e, por mais que perdesse, sempre tinha dinheiro. 

Tendo sido um menino tão pobre que não podia comprar desodorante ou pasta de dente, Pablo lembrava à família o quanto deveriam ser gratos por tudo que tinham. 'Pecados de Mi Padre' também mostra os esforços de Sebastian para pedir perdão e reconciliar-se com os filhos de dois líderes políticos assassinados a mando de Pablo Escobar.  A nenhum dos órfãos interessou levar o ódio à próxima geração; preferiram quebrar o ciclo de vingança.  O filme foi premiado em 2010 no Festival de Miami. No Times lê-se artigo interessante de John Otis.
Sebastian Marroquin

Direção: Nicolas Entel
Roteiro: Pablo Farina, Nicolas Entel
Distribuidora: Art Films


Aprendi muito com meu pai. Aprendi que devia fazer o oposto do que ele fazia se quisesse viver

A Vida no Paraiso

Sa som i Himmelen * *
As It Is in Heaven
(2004) 132 min (14 anos)

Desde garoto eu tinha o sonho de criar música que pudesse abrir o coração das pessoas

Suécia - Daniel toca violino num campo de trigo dourado.  Três cabeças de meninos surgem no meio do trigal.  A música do violino é substituída por uma orquestra, enquanto os garotos procuram, caçam e espancam Daniel. Na cena seguinte, adulto, ele rege a orquestra com paixão.  Está suado, gotas de sangue escorrem do nariz, pela camisa, até a pauta do maestro.  Novo flashback mostra o quarto do músico aos 7 anos.  Sua mãe lhe diz: 'Você não precisa mais ter medo daqueles meninos.  Não vamos mais morar aqui.  Vou encontrar outra escola.'

Até os 5:45 minutos, Daniel cresce, prepara-se para o Campeonato Mundial de Solistas Mirins, sofre uma perda importante, torna-se famoso e tem um enfarte.  Com a agenda vazia pela primeira vez na vida, o exigente maestro compra a velha escola primária na vila em que nasceu, em Norrland, região ao norte da Suécia.  Pés na neve, braços abertos para os flocos que caem, ele quer se aposentar de tudo, deixar o estresse para trás.  Só deseja ouvir.  Mas a música está na sua alma e não terá verdadeira vida sem ela.  Junto ao coral amador que ensaia na sala da congregação toda 5ª feira, Daniel Daréus se encarrega de preparar o Concerto da Primavera.  Começa o processo de descobrir o tom individual de cada um.  O grupo é heterogêneo e inclui, entre outros, Olga, uma velhinha meio surda, Inger, esposa do Pastor, Arne, o entusiasmado empresário do grupo, a severa Siv, Tore, um jovem deficiente mental, a bondosa Lena e Gabriella, mãe de dois pequenos, casada com o truculento Conny.

Música, medo, perda, superação, vida, harmonia - são os temas de "A Vida no Paraiso". Trata-se de encontrar o projeto original, a verdadeira voz, a essência  de cada um, e transcender-se através da  música.  Mais do que uma técnica perfeita, importa conectar-se com os proprios sentimentos e expressá-los de forma criativa.  Assim como Babette abriu corações com uma refeição divina (Festa de Babette), Daniel libertará almas sofridas, inclusive a sua, através da música.

Este é um filme raro, que já não pode ser comprado no Brasil, mas que ainda se encontra em algumas boas locadoras (Guimarães Video e Toon Town, ambas em Laranjeiras). No final desta postagem, é possível ouvir a lindíssima e libertadora Canção de Gabriella, em dois filmes diferentes do Youtube - com e sem legenda em inglês. Cuidado que essa música gruda no ouvido e na alma!

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2005.  As gravações foram feitas em Estocolmo e Lulea, na Suécia, e Innsbruck, no Tirol austríaco.  O blog Thinking Christian e o site Spirituality & Practice fizeram belas análises do filme.

foto do site 50 Anos de Filmes
Curiosidades:
* Daniel aos 14 anos é interpretado pela atriz Anna Lundström

* Segunda participação no cinema de Helen Sjöholm, uma das mais famosas cantoras da Suécia.

Diretor: Kay Pollak
Roteiro: Anders Nyberg, Ola Olsson, Carin Pollak, Kay Pollak, Margaretha Pollak
Musica: Stefan Nilsson
Fotografia: Harald Gunnar Paalgard
Elenco: Michael Nyqvist, Frida Hallgren, Helen Sjöholm, Lennart Jähkel, Ingela Olsson, Niklas Falk, Per Morberg, Ylva Lööf, André Sjöberg, Barbro Kollberg, Kristina Törnqvist, Mikael Rahm, Anna Lundström, Johannes Schantz, Ulla-Britt Norrman, Axelle Axell, Lasse Petterson
Distribuidora: VideoFilmes






*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Deixe-Me Entrar

Let Me In *
(2010) 115 min (14 anos)

EUA, março de 1983 - A noite vai alta e labaredas bruxoleam na paisagem de inverno em Los Alamos, Novo México.  São as luzes da escolta policial e da ambulância que transporta um homem em grande sofrimento.  Seu rosto está coberto por queimaduras provocadas por ácido.  No hospítal ele recebe a visita de um policial que deseja identificá-lo.  O detetive entrega-lhe um bloco e uma caneta.  As últimas tremidas palavras do acidentado são: "I'm sory Abby".

Duas semanas antes, um menino de 12 anos vasculha as casas vizinhas através do telescópio.  Os pais de Owen estão se divorciando e ele fica muito sózinho.  Distrai-se observando as janelas em volta.  Numa, um homem levanta pesos e, na outra, um casal troca algumas carícias. Owen espreita fascinado.  Embora não encontre interesse na leitura de "Romeu e Julieta", a exibição das preliminares de um relacionamento atraem-no.  Sua atenção é desviada por novos movimentos na paisagem.  Um homem de meia idade carrega uma caixa, seguido por uma garota que caminha descalça sobre a neve.  São os novos inquilinos do apartamento ao lado. 

Se em casa Owen é superprotegido pela mãe, na escola costuma ser aterrorizado por Kenny e outros 2 colegas.  O menino está vivendo um inferno e ainda não sabe que outro tipo de mal chegou às redondezas.  Sua curiosidade pela estranha vizinha aumenta, os dois se encontram à noite no pátio gelado próximo ao prédio, conversam e se entendem.  Abby não é a adolescente frágil que aparenta, o pai pede que se afaste de Owen, mas dois solitários se reconhecem e a amizade avança.

Pouco depois do segundo assassinato sangrento, preciso interromper o filme.  Conjecturando sobre o destino de Owen e Abby, vou até a Gávea, doar sangue para a mãe de uma amiga.  Mesmo sem ter assistido  até o final, decido que 'Deixe-Me Entrar' estará entre os filmes deste blog.  Os últimos minutos decidirão se recebe estrelas ou não.  Também penso com simpatia na moradora do Parque Guinle que foi mordida pelo morcego vampiro enquanto dormia. (coluna do Ancelmo Gois) Espero que a senhora esteja bem.

Voltando da Gávea, tenho instruções para repousar e beber líquidos.  Que maravilhosa oportunidade, ser obrigada a passar uma tarde nebulosa vendo uma penca de filmes!

DEPOIS de assistir a essa refilmagem do sueco 'Låt den rätte komma in', vale a pena ler os comentários de Marcelo Milici em 'Boca do Inferno'.

Curiosidade:
* O rosto da mãe de Owen nunca é mostrado durante o filme.

* Na cena do hospital, o presidente Ronald Reagan  aparece na televisão dizendo seu famoso 'Discurso sobre o Império do Mal'.

Diretor: Matt Reeves
Roteiro: Matt Reeves, baseado no roteiro e romance 'Lat Den Rätte Komma In' de John Ajvide Lindqvist
Musica: Michael Giacchino
Fotografia: Greig Fraser
Elenco: Kodi Smit-McPhee, Choë Grace Moretz, Elias Koteas, Richard Jenkins, Cara Buono, Dylan Minnette, Sasha Barrese, Dylan Kenin
Distribuidora: Paramount

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Cisne Negro

Black Swan * *
(2010) 108 min (16 anos)

EUA - Filha de uma bailarina que deixou a carreira ao ficar grávida, Nina vive para dançar.  Come pouco, dorme ao som do 'Lago dos Cisnes', cercada de bichinhos de pelúcia, mais adequados ao quarto de uma pre-adolescente. Ela quer ser perfeita, ensaia exaustivamente até ferir os pés.  Nina Sayers domina a técnica do balé, mas não se entrega à dança, não se deixa levar.  Há controle onde deveria haver paixão.  A jovem bailarina tem a beleza, postura e dramaticidade necessárias para viver a Rainha Cisne na próxima temporada da companhia de balé de Nova Iorque.  Sua fragilidade combina com o personagem do Cisne Branco, mas o diretor artístico tem dúvidas se ela será capaz de dar vida ao apaixonado Cisne Negro.

Emocionalmente instável, Nina sente-se ameaçada pela presença sedutora de Lily, uma bailarina recém-chegada da Costa Oeste.  A novata diverte-se no palco, desliza solta nos braços do parceiro, e é mencionada pelo diretor Thomas Leroy como exemplo de Cisne Negro.  A tensão empurra a insegura Nina ao limite, aonde começam a se misturar delírio e realidade.   A busca da perfeição pode  lhe custar o precário equilíbrio.

Muito antes de assistir 'Cisne Negro' impressionavam-me as opiniões desencontradas de amor e ódio.  A nota do imdb é ótima (8,4), mas alguns amigos diziam ter detestado.  Meu querido genro, com quem tenho bastante afinidade em outras áreas, resumiu a obra de Aronofsky como 'aquele filme chato da bailarina maluca'.  E minha curiosidade só crescia.  Percebendo ser um filme aflitivo, preferi assistir em casa, onde o controle remoto nos confere algum poder.  Agora me arrependo, pois estou no grupo dos fascinados pelo filme e adoraria ter visto as cenas do balé na tela grande.  Não dá para ter tudo. 

Natalie Portman emagreceu 10 quilos para adquirir a silhueta de bailarina.  Entregou-se completamente à personagem, está magnífica como Nina Sayers; impossível imaginar interpretação melhor.  Recebeu um Oscar e o BAFTA.  Justiça foi feita desta vez.

Críticas muito interessantes podem ser lidas nos blogs de Wanderley Teixeira, Bruno Knott, Matheus Pannebecker e Rafael Carvalho.


Diretor: Darren Aronofsky
Roteiro: Mark Heyman e Andrés Heinz e John McLaughlin
Musica: Clint Mansell
Fotografia: Matthew Libatique
Elenco: Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Barbara Hershey, Winona Ryder, Benjamin Millepied, Ksenia Solo, Kristina Anapau
Distribuidora: Europa Filmes

terça-feira, 7 de junho de 2011

Vittorio De Sica - Minha Vida, Meus Amores

Vittorio D. * *
(2009) 92 min (12 anos)
Eu me tornei diretor porque sentia a necessidade de exprimir este meu pequeno mundo interior.
Permita-me chamá-lo de um 'mundo poético'. E era assim que eu escapava.

Incrível, mas essa produção de 2009 ainda aguarda 5 votos no site de cinema IMDB!  Quem conhece a obra de Vittorio De Sica  (1901-1974) precisa se apressar, alugar o filme e se manifestar, deixando sua nota na página deste documentário.  Uma nota medíocre é melhor do que a omissão!  O diretor, cantor e ator  italiano, crescido em Nápoles, formado no teatro, que levou para a tela grande tamanha sensibilidade, paixão pela vida e bom gosto, precisa ser lembrado e conhecido pelas novas gerações. 

O documentário de Mario Canale e Annarosa Morri  (Marcello, Uma Vida Doce) tem como fio condutor o proprio Vittorio, comentando sua carreira num programa da RAI (L'Autoritratto di Vittorio De Sica). No mais, são trechos dos filmes que dirigiu, ou onde atuou, e depoimentos de filhos, amigos e gente do cinema, especialmente alguns diretores famosos que admiram e se inspiraram em seu trabalho.  Na obra de Mario Canale e Annarosa Morri está registrado o nascimento do neo-realismo italiano, ou 'cinema dos pobres' (Dino de Laurentis). Como lembrou Ken Loach, pela primeira vez a classe proletária ganhava papéis de protagonista no cinema europeu.  Sua política era o socialismo de Jesus Cristo. Entre 1940 e até o ano de sua morte, De Sica dirigiu 36 filmes, entre os quais 'Ladrões de Bicicleta', 'Umberto D.', 'Matrimonio à Italiana', 'Os Girassóis da Russia' e 'O Jardim dos Finzi Contini'.

Luciano Ramos escreveu matéria com o título o 'documentário celebra o gênio e revela o homem' (Pipoca Moderna).  Uma síntese perfeita. Teria preferido que a montagem do filme fosse mais lenta, houvesse uma abertura mais tranquila, com tempo para assimilar tanta informação, mas o resultado é muito proveitoso para ser ignorado.  À luta, brava gente, avante cinéfilos, vejam, comentem e votem na página de Vittorio D.!  O trailer pode ser visto no Youtube.
De Sica, Sofia Loren, Marcello Mastroianni


Diretores: Mario Canale e Annarosa Morri
Roteiro: Mario Canale e Annarosa Morri
Musica: Allessandro Cicognini, Piero Piccioni, Armando Trovaioli
Fotografia: Mario Canale, Adalberto Gianuario, Paolo Mancini, Gerald Saldo
Montagem: Adalberto Gianuario e Cecilia Belletti
Participação: Vittorio De Sica, Emi De Sica, Manuel e Christian De Sica, Mario Monicelli, Ettore Scola, Dino de Laurentis, Mike Leigh, Woody Allen, Ken Loach, Abdellatif Kechiche, John Landis, Paul Mazursky, Tonino Guerra, Peter Bogdanovich, Shirley MacLaine, Enrico Lucherini, Clint Eastwood, Dario Fo, Leonard Maltin, Federico Fellini
Distribuidora: Serendip Filmes

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Um Lugar Qualquer

Somewhere * *
(2010) 97 min (14 anos)

EUA, California - A tela ainda está escura quando se ouve o som de um automóvel em marcha acelerada.  Vê-se então uma Ferrari negra dando voltas numa pista circular.  O carro aparece e some da tela, já que a câmera permanece fixa.  A paisagem é árida, ostentando terra nua a toda volta, sem qualquer tipo de vegetação.  O motorista abre a porta e salta; é um homem ainda jovem, de óculos escuros, vestindo camiseta azul, calça jeans gastas e botinas.  Johnny Marco é uma "lenda viva", como será definido pela apresentadora italiana do 'Gran Premio Internazionale della TV'. Bem-sucedido na carreira, amado pelo público e pela mídia, o ator americano de filmes de ação está na fase de promover o último trabalho, enquanto não começam as filmagens do próximo. 

Hospedado no quarto 59 do Hotel Chateau Marmont, Johnny passa os dias fumando, bebendo e mantendo encontros sexuais com algumas das várias mulheres que se oferecem a ele.  Por duas vezes, contrata as strippers gêmeas Cindy e Bambi para um show particular.  As duas louras se apresentam com trajes idênticos, trazem a própria música e postes portáteis, em volta dos quais exibem sua coreografia. 

Aparentemente, o mundo afetivo do ator limita-se ao irmão Sammy e à filha de 11 anos, Cleo.  A presença da menina no apartamento do pai exige que ele saia do estado de automatismo em que perambula pelo mundo, apenas cumprindo as exigências da vida profissional: teste de maquiagem, premiações, viagens, entrevistas, sessão de fotografias.  O vínculo entre Cleo e Johnny torna-se mais forte quando passam juntos uma temporada prolongada. O pai se surpreende quando a menina desliza com graça na pista de gelo e prepara comidinhas na cozinha do apartamento.  Os dois vão à Milão e se hospedam na belíssima suite presidencial do Hotel Principe di Savoia, um cenário de exuberante bom-gosto para consolidar a camaradagem entre pai e filha.  Com a partida de Cleo para a colônia de férias de verão, fica evidente a solidão de Johnny.  Sua vida ainda terá algum sentido?  Ele precisa descobrir.

Nem todos gostaram do filme de Sofia Coppola.  É uma lenta pincelada, um instante na vida de um homem que perdeu o rumo mas se mantém simples e cordial, num ambiente onde predominam os contatos superficiais. Recomendo a leitura da crítica de Cultura Intratecal e o artigo de A. O. Scott  no New York Times.  Ajudam a apreciar melhor 'Um Lugar Qualquer'.

Curiosidades:
* Sofia Coppola escreveu o papel de Johnny Marco tendo Stephen Dorff em mente.

* Stephen e Elle Fanning passaram um bom tempo juntos antes das filmagens, a fim de construir o relacionamento pai-filha que os personagens mantêm.  Dorff às vezes buscava Fanning no colégio.

* Em 2005, Sofia Coppola precisou aparecer em um episódio da série "Girls of the Playboy Mansion" para ter acesso às namoradas de Hugh Hefner, Kristina Shannon e Karissa Shannon (as gêmeas strippers Cindy e Bambi).

* Alguns diálogos foram improvisados, especialmente entre o tio Sammy e Cleo.  Isso foi feito para provocar genuína surpresa em Elle Fanning.  O ator Chris Pontius foi escolhido exatamente por sua habilidade em improvisar e pelo bom relacionamento com crianças.

* O filme ganhou o Leão de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Veneza, em 2010.

Diretora: Sofia Coppola
Roteiro: Sofia Coppola
Musica: Phoenix
Fotografia: Harris Savides
Elenco: Stephen Dorff, Elle Fanning, Chris Pontius, Lala Sloatman, Kristina Shannon, Karissa Shannon, Michelle Monaghan, Nunzio Alfredo 'Pupi' D'Angieri, Benício Del Toro
Distribuidora: Universal

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Questão de Imagem

Comme une Image *
(em inglês: Look at Me, um título muito adequado)
(2004) 107 min (14 anos)



França, Paris - Imagine uma jovem gorducha, insegura, desgostosa da própria aparência, ciumenta da linda e jovem madrasta, mas gentil com a pequena meia-irmã. Assim é a descontente e invisível Lolita, que acredita que todos se aproximam dela por causa do pai, famoso escritor e editor francês de meia idade. Étienne Cassard é talentoso, egocêntrico, rude com as pessoas, negligente com a família. Faz pouco dos talentos da filha mais velha e não se dá sequer ao trabalho de ouvir a fita demo gravada por ela.

Lolita se interessa por música e tem uma bela voz. Apesar disso, a professora de seu grupo de canto lírico só aceita lhe dar aulas extras ao descobrir que é a filha de Étienne Cassard. A professora Sylvia Millet, tão insegura quanto a aluna, admira o escritor francês ao ponto da idealização. Ela mesma é casada com um autor desconhecido, ainda em busca de sucesso.



Aparentemente, apenas um jornalista principiante se aproxima de Lolita desinteressadamente. Para disfarçar sua origem árabe e evitar preconceitos, ele se apresenta como Sébastien; e é o único que imediatamente aprecia a jovem cantora por ser quem é. Lolita sente dificuldade em reconhecer essa afeição preciosa.

"Questão de Imagem" é uma tragi-comédia, contada por pinceladas, em camadas que acrescentam e revelam, paulatinamente, as fraquezas e virtudes dos personagens. Todos terão algo a aprender. O filme em nada se parece com algumas produções hollywoodianas mais previsíveis, em que o roteiro provoca reviravoltas na ação, a cada meia hora, obrigatoriamente.


Agnès Jaoui e Jean-Pierre Bacri

Diretor:
Agnès Jaoui
Roteiro: Jean-Pierre Bacri, Agnès Jaoui
Música: Philippe Rombi
Fotografia: Stéphane Fontaine
Elenco: Marilou Berri, Jean-Pierre Bacri, Agnès Jaoui, Laurent Grevill, Keine Bouhiza
Distribuidora: Europa Filmes
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