Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

domingo, 29 de agosto de 2010

Os Homens que Não Amavam as Mulheres

Män som hatar kvinnor *
The Girl with the Dragon Tattoo
(2009) 146 min (16 anos)



Suécia - Mikael Blomkvist trabalha em Estocolmo, para a revista Millennium. O jornalista vive um momento difícil de sua carreira. Ele foi condenado a pagar uma grande quantia ao industrial Hans-Erik Wennerström, além de ter de passar um período na prisão. Enquanto espera o início da sentença, Mikael é contratado pelo milionário Henrik Vanger para investigar o desaparecimento de sua sobrinha Harriet, ocorrido 36 anos atrás. O frágil ancião mora numa ilha remota, próximo a outros membros do ambicioso clã Vanger.

Harriet tinha 17 anos na época em que sumiu da ilha de Hedeby, sem deixar qualquer pista. Henrik acredita que ela tenha sido assassinada, embora o corpo nunca tenha sido encontrado. Com a ajuda da fascinante detetive e hacker Lisbeth Salander, Blomkvist descobre o vínculo que liga uma série de antigos assassinatos macabros, cujas vítimas eram todas mulheres.

"Os Homens que Não Amavam as Mulheres" introduz muitos personagens, e é difícil dar conta de todos, a ponto de identificar rapidamente cada membro da família Vanger. Essa proliferação pode ser meio desconcertante. Mas o diretor consegue criar um clima de suspense que permeia toda a ação e estabelecer empatia com o casal de investigadores, ainda que Lisbeth seja violenta, jamais sorria ou tenha gestos encorajadores. Há cenas fortes de sexualidade patológica; esse não é filme indicado para pessoas demasiado sensíveis ou crianças.



Diretor:
Niels Arden Oplev
Roteiro: Nicolaj Arcel, Rasmus Heisterberg, baseado na "Trilogia Millennium", de Stieg Larsson
Música: Jacob Groth
Fotografia: Jens Fischer, Eric Kress
Elenco: Michael Nykvist, Noomi Rapace, Sven-Bertil Taube, Björn Granath, Ewa Fröling, Lena Endre, Peter Haber, Thomas Köhler, Tehilla Blad, Stefan Sauk, Peter Andersson

Por Amor ou Vingança

La Moglie Più Bella
(1970) 108 min (14 anos)



Italia - Francesca Cimarosa é a belíssima filha de camponeses sicilianos. Aos 15 anos, atrai o interesse de Vito Juvara, um jovem chefe da máfia. Os pais ficam orgulhosos com as atenções de um homem rico e poderoso. Mas Francesca se choca diante das atitudes rudes e machistas do noivo e resolve romper o compromisso. Sentindo que sua autoridade fica abalada perante todos, Vito decide valer-se de um costume local arcaico. Depois de sequestrar e estuprar Francesca, ele oferece um casamento de reparação.

Para surpresa geral, a adolescente recusa e dá queixa do criminoso na delegacia. Encontrando forças dentro de si, rebela-se contra a comunidade e seus próprios pais, que desejam que ela retire a acusação, temendo perder o pouco que possuem, um celeiro, um jumento e uma cabra.

É uma história forte, original, que marcou a estréia de Ornella Muti no cinema. O roteiro é a dramatização de um caso ocorrido em 26 de dezembro de 1965, na Sicilia. Filippo Melodia, aparentado com a família mafiosa Rimi, sequestrou Franca Viola com a ajuda de 12 comparsas. Mais detalhes da história real podem ser encontrados na Wikipedia italiana.

Curiosidades:
* "Por Amor ou Vingança" foi gravado em Cinisi, Palermo, na Sicília.

* Cinco anos depois do lançamento do filme, Ornella Muti casou-se com Alessio Orano, que interpreta o mafioso Vito. O casamento durou até o final de 1981.


Franca Viola numa foto da época e sendo recebida pelo Papa Paulo VI, em 1968

Diretor: Damiano Damiani
Roteiro: Damiano Damiani, Enrico Ribulsi, Sofia Scandurra
Música: Ennio Morricone (não é das minhas trilhas favoritas!)
Fotografia: Franco Di Giacomo
Elenco: Ornella Muti, Alessio Orano, Tano Cimarosa, Enzo Andronico, Pierluigi Aprà, Amerigo Tot, Salvatore Vaccaro

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Riviera Não é Aqui

Bienvenue Chez les Ch'tis
Welcome to the Sticks
(2008) 106 min (12 anos)



França - Julie Abrams vende óculos numa pequena boutique e o marido é diretor do posto do correio em Salon-de-Provence. Embora more numa casa confortável, numa cidade charmosa do Sudeste da França, Julie está sempre reclamando da vida e do marido. Ela quer que Philippe solicite transferência para uma localidade à beira-mar, de preferência na Riviera Francesa. Mesmo pedindo ajuda a um amigo da administração, Philippe se vê preterido, pois funcionários deficientes têm preferência. Desesperado, ele usa um artifício ilegal e é banido para Bergues, no frio e longínquo Norte. Revoltada, Julie resolve permanecer com o filho em Salon-de-Provence, enquanto Philippe viaja sozinho, para enfrentar as adversidades na pequena vila, onde se fala o incompreensível dialeto Ch'ti.

"A Riviera Não é Aqui" é uma comédia leve, sem pretensões, boa para desenferrujar o francês do colégio, já meio esquecido, e fazer refletir sobre os preconceitos, estereótipos, amizade e relacionamento. A comédia fez sucesso entre os franceses, atraindo mais de 20 milhões de espectadores ao cinema. Não sei se estava faminta, mas morri de inveja das batatas-fritas da barraquinha local, onde Philippe comia com os amigos na hora do almoço.

O filme foi gravado em Lille, Malo-les-Bains e Bergues, a cidade mais fria e úmida da França, a poucos quilômetro da fronteira belga.



Diretor:
Dany Boon
Roteiro: Dany Boon, Alexandre Charlot, Franck Magnier
Música: Philippe Rombi
Fotografia: Pierre Aïm
Elenco: Zad Merad, Dany Boon, Zoé Félix, Anne Marivin, Philippe Duquesne, Line Renaud, Michel Galabru, Patrick Bosso, Lorenzo Ausilia-Foret, Guy Lecluyse, Alexandre Carrière, Zinedine Soualem

sábado, 21 de agosto de 2010

Mary e Max

Mary and Max * *
(2009) 92 min (12 anos)



Austrália/EUA, metade da década de 70 - "Em Melbourne, uma menina de 8 anos, simples, sem amigos, escolhe um nome ao acaso no catálogo de Manhattan e escreve uma carta para ele; ela inclui uma barra de chocolate. Ela é Mary Daisy Dinkle, filha única de mãe alcoólatra e pai omisso. Ele é Max Jerry Horowitz, 44 anos, solitário e obeso morador de Nova Iorque, sujeito a ataques de ansiedade. Max escreve de volta e assim começa uma correspondência de 20 anos, interrompida por alguns desentendimentos.

Mary se apaixona por um vizinho, guarda dinheiro para remover um sinal de nascença na testa e lida com perdas. Max faz amizade com a vizinha do apartamento ao lado, tenta controlar o peso e finalmente consegue o emprego de seus sonhos. Será que algum dia Mary e Max se encontrarão face a face?" (resumo de jhailey para o site imdb)

O clima da animação de massinha está mais para Tim Burton do que para estúdios Disney, como dá para perceber pelo resumo. Essa amizade à distância, que conforta e inspira duas pessoas solitárias, com idades tão desiguais, faz lembrar as cartas de Warren Schmidt para o pequeno africano Ndugu, na comédia de Alexander Payne, "As Confissões de Schmidt" ("About Schmidt"). Mas as circunstâncias de Max e Mary são mais melancólicas, afinal extrema solidão parece ser mais doída do que pobreza. Para ler uma análise caprichada, é só clicar na página do site Omelete.

Diretor: Adam Elliot
Roteiro: Adam Elliot
Música: Dale Cornelius
Fotografia: Gerald Thompson
Vozes: Toni Collette (Mary adulta), Philip Seymour Hoffman (voz irreconhecível como Max), Eric Bana (Damien), Barry Humphries (narrador), Bethany Whitmore (Mary menina), Renée Geyer, Ian 'Molly' Meldrum, John Flaus, Julie Forsyth, Michael Ienna, Chris Massey, Shaun Patten, Carolyn Shakespeare-Allen, Leanne Smith

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Jornada pela Justiça

The Wronged Man
(2010) 88 min (12 anos) feito para a TV



EUA - A assistente jurídica Janet "Prissy" Gregory passou mais de 20 anos tentando libertar da prisão um homem inocente. Com alguma relutância, Janet herdou o caso de seu falecido patrão. Mãe solteira, competente, dedicada ao trabalho e apaixonada pela justiça, arriscou até o relacionamento com o próprio filho, ainda menino, que precisava da atenção que dedicou às investigações e providências do processo.

Mesmo sem simpatizar com Calvin Willis, Janet lutou pelos direitos do prisioneiro com uma persistência espantosa. Willis foi acusado de ter estuprado uma menina do bairro. Seu carro estava nas redondezas e ele não era estimado pelos vizinhos, pela maneira arrogante como se comportava. Bastou isso para que uma detetive principiante montasse um caso pouco fundamentado, mas que levou à condenação de Calvin à prisão perpétua.

Um caso verídico impressionante, que precisa ser mais divulgado. É um alerta contra a indiferença dos que deveriam zelar pela justiça, mas se contentam com atitudes burocráticas, além de um exemplo de rara perseverança e dedicação. Julia Ormond está maravilhosa como Janet Gregory. Os verdadeiros protagonistas da história aparecem nos momentos finais do filme.

Diretor: Tom McLoughlin
Roteiro: Teena Booth, baseado em artigo de Andrew Corsello
Música: Stephen Endelman
Fotografia: Shelly Johnson
Elenco: Julia Ormond, Mahershalalhashbaz Ali, Lisa Arrindell Anderson, Russ Comegys, Bruce McKinnon, Tonea Stewart

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Criação

Creation * *
(2009) 104 min (10 anos)



Inglaterra - Não estamos no centro do universo, descendemos de seres menos evoluídos do que nós, não somos tão racionais quanto julgávamos. Copérnico, Charles Darwin e Freud destruíram três antigas ilusões humanas, mas aperfeiçoaram nossa auto-imagem. Menos soberbos e mais realistas nos tornanos, graças aos três brilhantes cientistas.

"Criação" retrata uma fase crucial na vida do naturalista Charles Robert Darwin (1809-1882), o período em que elaborou sua obra mais importante, "A Origem das Espécies". O inglês convenceu a comunidade científica da evidência da evolução, a partir da seleção natural. O roteiro do filme se baseou no livro de Randal Keynes, descendente direto de Darwin. Talvez por isso tenha um tom mais pessoal, familiar, do que científico. A ênfase da narrativa é no relacionamento com a esposa Emma e os filhos. O cientista era um pai dedicado que gostava de contar histórias e passear com suas crianças pelo campo. Casado com uma prima em primeiro grau, temia que a consanguinidade gerasse uma descendência frágil. Devastado pela morte de Annie, sua afetuosa primogênita, o cientista se afasta da mulher e dos filhos, refugiando-se no trabalho. Emma procura conforto na religião, sua fé lhe dá forças para manter a família unida. Sete dos seus dez filhos sobreviveram.

Casados na vida real, Paul Bettany e Jennifer Connelly interpretam com intensidade os Darwin. "Criação" é bem-feito, agradável, emocionante. Especialmente bonita é a abertura, enfatizando a semelhança nas formas e movimento entre diferentes espécies. A cena abaixo, despedida entre Darwin e a orangotango Jenny, evoca o instante da criação do homem por Deus, pintura de Michelangelo Buonarroti para a abóbada da Capela Sistina.



A maioria da humanidade acredita num Ser Superior, cerca de 90%. Muitos vêem evidência de Sua presença na beleza e harmonia do universo. Outros aderem à fé na existência de Deus pela convicção de que é um valor que dá sentido à vida, tornando-a uma experiência melhor. Entre os 10% que crêem que a matéria é eterna, ou que surgiu do nada, por acaso, há muitos que não entendem como um Ser Todo-Poderoso permite o sofrimento de inocentes. É mesmo difícil de compreender. Mas acreditar, ou não, em Deus não decorre de um exercício de inteligência ou razão. Ela parece ter pouco a acrescentar ao tema. Há intelectuais brilhantes dos dois lados da questão. Permanece uma adesão da vontade, uma questão de Fé.

Charles Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo a Isaac Newton. Ele é uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX. (Wikipedia) Foi um funeral cristão, ao qual compareceram cientistas, filósofos e autoridades de todo tipo. Além destes, estiveram presentes Joseph Parslow, assistente e amigo de toda vida, e Mrs. Evens, cozinheira da família.


Charles Robert Darwin e sua prima, e esposa, Emma Darwin

Diretor:
Jon Amiel
Roteiro: John Collee, baseado no livro "Annie's Box", de Randal Keynes
Música: Christopher Young
Fotografia: Jess Hall
Elenco: Paul Bettany, Jennifer Connelly, Jeremy Northam, Toby Jones, Benedict Cumberbatch, Jim Carter, Bill Paterson, Martha West, Pauline Stone, Freya Parks

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ronda da Noite

Nightwatching
(2007) 134 min (14 anos)



Holanda, 1642 - Rembrandt Harmenszoon van Rijn e sua mulher Saskia esperam um filho. Interessada em aumentar a poupança da família, a bela esposa convence o pintor a aceitar a encomenda de um quadro, representando a milícia de Amsterdã, uma divisão da guarda civil. Rembrandt descobre que há uma conspiração entre os mercadores da cidade e decide expô-la no retrato do grupo. O resultado é um magnífico trabalho de luz e sombra, que causa a ruína social e financeira do artista.

O roteiro de "Ronda da Noite" é uma criação do diretor do filme, que partiu dos fatos principais da vida de Rembrandt e criou uma história fictícia. Quem acreditar que a beleza das imagens já justifica uma locação, pode levar para casa esse DVD, especialmente se possuir uma TV grande. Mas saiba que os diálogos podem matá-lo de tédio. Preferia ter assistido sem legendas e concentrar a atenção na música e no visual magnífico, elaborado à moda dos quadros de Rembrandt van Rijn. Especialmente indicado aos artistas e apaixonados por pintura; pensando neles incluí "Ronda da Noite" neste blog. O verdadeiro nome da pintura mais famosa do Rijkmuseum é "Company of Frans Banning Cocq and Willem van Ruytenburch". Mais informações no interessante blog de Helder da Rocha.

O DVD pode ser alugado em Laranjeiras, Rio de Janeiro, no Guimarães Vídeo Club.



Diretor:
Peter Greenaway
Roteiro: Peter Greenaway
Música: Wlodzimierz Pawlik
Fotografia: Reinier van Brummelen
Elenco: Martin Freeman, Eva Birthistle, Emily Holmes, Jodhi May, Toby Holmes, Jonathan Holmes, Agata Buzek, Natalie Press, Fiona O'Shaughnessy, Adrian Lukis, Adam Kotz, Gerard Plunkett
Distribuidora: Europa

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Zona Verde

Green Zone
(20o9) 115 (14 anos)



Iraque, 2003 - O subtenente Roy Miller coordena a equipe de elite do exército americano que deve encontrar as armas de destruição em massa (ADM), escondidas pelo exército de Saddam Hussein. Depois de vasculhar vários alvos em vão, o militar começa a suspeitar das fontes da inteligência e questionar Poundsgate, o homem do Pentágono em Bagdá. Como possíveis aliados, Miller conta com Martin Brown, veterano da CIA, Lawrie Dayne, repórter do Wall Street Journal e o intérprete iraquiano "Freddy", cujo desejo é encontrar a melhor solução para salvar seu país da tirania e do caos.

"Zona Verde" tem ficha técnica impecável, tema atual, mas um gênero um pouquinho ingrato para mim. Depois do 5º tiro ou soco, já estou completamente desinteressada. Se o filme está no By Star é pelos méritos técnicos, artísticos e, sobretudo, porque a busca da verdade seduz. Essa é a real missão assumida por Roy Miller. Gravado em Marrocos, Espanha e Inglaterra.

Curiosidades:
* Muitos dos soldados na unidade de Matt Damon eram, na realidade, vetaranos das Guerras do Iraque e Afeganistão. Damon disse que seu maior desafio era, sendo ator, dar ordens para soldados de verdade.

* O diretor Paul Greengrass começou sua carreira gravando documentários em zonas de guerra.

* Khalid Abdalla, que interpreta o tradutor Freddy, fez o papel de vilão em "United 93", de Paul Greengrass. Para trabalhar em "Zona Verde", Khalid precisou aprender o dialeto árabe iraquiano, pois ele é egípcio de nascimento.

Diretor: Paul Greengrass
Roteiro: Brian Helgeland, baseado no livro "Imperial Life in the Emerald City: Inside Iraq's Green Zone" de Rajiv Chandrasekaran
Música: John Powell
Fotografia: Barry Ackroyd
Edição: Christopher House
Elenco: Matt Damon, Jason Isaacs, Greg Kinnear, Brendan Gleeson, Igal Naor, Khalid Abdalla, Amy Ryan, Antoni Coroni, Said Faraj

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sob o Sol da Toscana

Under the Tuscan Sun * *
(2003) 113 min (12 anos)



" - Você está em perigo.
- De que?
- De nunca se recuperar. Sabe quando você encontra uma pessoa vazia, e pensa: o que aconteceu com você?"
(Patti, amiga de Frances)

EUA e Itália - A escritora Frances Mayes se julga uma pessoa feliz. O sentimento transparece em seu rosto, enquanto participa do lançamento do livro de um ex-aluno. Essa sensação persiste até o instante em que ela conhece um homenzinho abominável na reunião literária. A seguir, Frances perde o marido e a casa em San Francisco - que ela comprou - onde morava com a infiel criatura. Mudando-se para um prédio de curta locação, cheio de divorciados, a escritora se adapta à depressiva rotina dos abandonados.

Mas boas amigas existem e Frances ganha uma viagem para a Itália, numa romântica excursão gay pela Toscana - "assim ninguém vai dar em cima de você". Alguns dias em ambientes deslumbrantes passam voando; voltar para que, para quem? Impulsivamente, a escritora decide investir na construção de um futuro diferente em Cortona e faz corajosa oferta numa "bela vila. Em estado precário, mas recuperável."

Sob o novo teto, Frances é surpreendida por violenta tempestade. Correndo para o quarto, joga-se na cama e descobre que tem companhia: uma pacata coruja, tão assustada quanto ela. Aos poucos, a americana vai fazendo novas amizades e descobrindo encantos na vida tranquíla do interior da Itália. Chama-lhe a atenção um senhor idoso que vislumbra da sua janela. Todos os dias, ele deposita um ramo de flores junto à pequena imagem de Nossa Senhora, no muro em frente à vila Bramasole*. Na rotina de uma vida simples, convivendo com os vizinhos e ajudando os pedreiros poloneses na reforma da casa, a Frances alegre vai aos poucos renascendo.

"Sob o Sol da Toscana" é uma adaptação livre do romance de mesmo nome. Se houver dificuldade para encontrar o DVD nas locadoras (Guimarães Vídeo tem), ainda é possível adquiri-lo por R$ 12,90 na Livraria Cultura. Um ótimo presente de Natal para mulheres, especialmente para as que sonham com a Itália. Neste filme ouvi falar em "Limoncello" pela primeira vez. Não sosseguei até provar o licor de limão siciliano, bem geladinho, veramente delizioso! As duas estrelinhas vão por conta da gratidão que me provocam a combinação de protagonistas simpáticos, belos cenários e finais felizes.

* O nome da vila, Bramasole, vem de "bramare"= aspirar + "sole" = sol


Diretora: Audrey Wells
Roteiro: Audrey Wells, baseado no livro "Under the Tuscan Sun: At Home in Italy", de Frances Mayes (1996)
Música: Christophe Beck
Fotografia: Geoffrey Simpson
Elenco: Diane Lane, Raoul Bova, Sandra Oh, Vincent Riotta, Lindsay Duncan, Mario Monicelli (o diretor de "Parenti Serpenti" interpreta o senhor idoso com as flores), Roberto Nobile, Anita Zagaria, Giulia Steigerwalt, Kate Walsh, Pawel Szajda, Valentine Pelka, Sasa Vulicevic, Laura Pestellini
Distribuidora: Buena Vista Home Entertainment

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Eu Não Tenho Medo

Io Non Ho Paura * *
(2003) 108 min (10 anos)



"Vocês, aranhas peludas; vocês, verbascos, lesmas gosmentas e cobras-de-vidro cegas, fiquem longe das nossas crianças.
Vocês, animais noturnos, amantes da escuridão, vocês, que não dormem senão de manhã, velem o sono deste menino."


Sul da Italia, 1978 - De um buraco sob o solo, vêem-se terra, pedras, raízes. Um piano dedilhado acompanha o som do gotejar de água e o passar do vento. A imagem sobe, focalizando um corvo negro, pousado num galho seco. O dia está ensolarado, a ave voa e crianças correm num campo dourado do interior da Itália. Parece que voam sobre o trigo, alegres, despreocupadas, mas sentimentos cruéis já se insinuam entre elas. Na implicância do líder com a menina gorda, insinua-se o prazer de humilhar e desconsiderar os sentimentos alheios. Começa cedo o desligamento dos semelhantes e a falta de empatia.

Mas Michele é diferente, ele se importa. Acostumado a cuidar da irmã caçula, o menino de 10 anos é daqueles que protege. Num dia de verão, quando voltava a um lugar de brincadeiras para procurar os óculos da irmã, percebe uma folha de latão no solo. Levantando a lâmina de metal com cuidado, vê um buraco escuro e faz uma descoberta impressionante. Em casa, o pai retornou para passar uns dias com a mulher e o casal de filhos. Michele prefere guardar segredo da sua descoberta.

Revi "Eu Não Tenho Medo" como dever de casa da aula de italiano. A professora Aline passou as férias na Europa e nos deixou exercícios, filmes e livros para mantermos contato com a língua estrangeira. Foi uma agradabilíssima surpresa cumprir essa obrigação. O filme de Gabriele Salvatores é belo, emocionante, ligando imagens de aves, insetos e outros animais do campo à vida das crianças, que ainda se encontram distantes do mundo dos adultos. Para contar a história pelo olhar de Michele, a câmera se posiciona na altura dos pequenos e nos atinge direto o coração.

O DVD talvez não esteja disponível em todas as locadoras, tratando-se de um lançamento mais antigo, mas vale a pena procurar. Ainda pode ser comprado nas Lojas Americanas por R$ 32,90 e por R$ 29,90 no DVDWorld.



Diretor:
Gabriele Salvatores
Roteiro: Niccolò Ammaniti e Francesca Marciano, baseado no livro de Niccolò Ammaniti, publicado em 2001
Música: Peppo Scherman e Ezio Bosso
Fotografia: Italo Petriccione
Edição: Massimo Fiocchi
Som Direto: Mauro Lazzaro
Montagem de Som: Daniela Bassani
Elenco: Giuseppe Cristiano (Michele), Mattia di Pierro (Filippo), Giulia Matturo, Stefano Biase, Adriana Conserva, Fabio Tetta, Fabio Antonacci, Aitana Sánchez-Gijón, Dino Abbrescia, Giorgio Careccia, Riccardo Zinna, Michele Vasca, Susy Sanchez, Antonella Stefanucci, Diego Abatantuono

domingo, 1 de agosto de 2010

Ilha do Medo

Shutter Island *
(2010) 138 min (16 anos)



EUA, Boston, 1954 - O inspetor Teddy Daniels passa mal durante toda a travessia da barca até a Ilha Shutter. O policial é um veterano da 2ª Guerra Mundial e foi um dos soldados a liberar o campo de concentração de Dachau. Constitui sua presente missão investigar o desaparecimento de Rachel Solando, interna em Ashecliffe, um hospital psiquiátrico para criminosos. Rachel foi condenada por ter afogado os três filhos pequenos. O capitão do barco pede que Daniels e o seu novo parceiro, Chuck Aule, não demorem, pois uma forte tempestade se aproxima da ilha.

Ashecliffe divide-se em 3 alas. Um prédio para os homens, outro para mulheres e um terceiro, margeando o penhasco, destinado aos presos mais perigosos. Ninguém sabe como Rachel saiu da prisão, pois a cela estava trancada por fora, grossas grades bloqueiam a janela e os dois sapatos da prisioneira continuam no armário. Conseguirá o inspetor Daniels desvendar os sombrios mistérios entre as paredes de Ashecliffe?

Já vi quantidade suficiente de filmes passados em instituições para doentes mentais para saber que é um gênero que abomino. Não gosto das cenas de descontrole emocional dos internos, do sofrimento contínuo e, sobretudo, da crueldade que costumam sofrer das figuras de autoridade: guardas, médicos e enfermeiras. Em princípio, evito, mas, quando o diretor é Scorsese e o elenco conta com Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo e Emily Mortimer, aí, não dá para ignorar. Encarei.

Não me arrependi. A "Ilha do Medo" me deixou apreensiva, é uma obra bem elaborada, nos menores detalhes. A ambientação chega a ser perfeita, num cenário sombrio, opressivo mas belo, com uma trilha sonora e atores impecáveis. Contudo, concedi apenas uma estrelinha. Impulsivamente não ia dar nenhuma, para falar a verdade, até reler minha própria postagem. Achei incoerência elogiar tanto e não atribuir melhor nota. Um dos motivos da severidade na avaliação deriva do meu desagrado com o tema, mas creio ter pesado ainda mais o desapontamento ao ver confirmadas certas suspeitas. Minha frustração tem um preço.

Diretor: Martin Scorsese
Roteiro: Laeta Kalogridis, baseado no livro de Dennis Lehane
Música: Robbie Robertson
Fotografia: Robert Richardson
Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Max von Sydow, Emily Mortimer, Michelle Williams, Patricia Clarkson, Elias Koteas, Ted Levine, Jackie Earle Haley, Ruby Gerins
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