Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

segunda-feira, 31 de março de 2008

O Reino



The Kingdom
(2007) 109 min (16 anos - contem agressão física, assassinato, exposição de cadáver, mutilação, tortura)

Na abertura do filme, há uma apresentação das relações históricas entre Estados Unidos e Oriente Médio, da descoberta de óleo na Arábia Saudita ao ataque das Torres Gêmeas.
A seguir, a câmera focaliza um jogo de softball, em Riad. Minutos depois ouvem-se tiros, pessoas começam a correr. Um carro percorre a rua, enquanto o atirador dispara sobre as casas e os transeuntes. Assim começa o atentado terrorista que atinge as instalações dos americanos que trabalham na Arábia Saudita.
Enquanto os diplomatas, em Washington, discutem detalhes, o agente especial Ronald Fleury, do FBI, reúne um grupo de elite e marca uma viagem de 5 dias, com o objetivo de auxiliar a polícia saudita nas investigações. Sua principal motivação é descobrir os culpados pelo atentado que matou o amigo Francis Manner, impedindo a escalada de terror.
O Vaticano divulgou ontem a notícia de que, pela primeira vez, os islâmicos (19,2%) superam em número os fiéis da Igreja Católica (17, 4%). Considerando todos os cristãos, ainda somos mais numerosos (33%). Sorte nossa que sejam grande maioria os muçulmanos pacíficos!
Uma deturpação dos princípios do Islã fez surgir, entre membros da classe alta, um movimento com projeto político mundial bem definido. Osama Bin Laden e o Sheik Ohmar são exemplos deste grupo. Em 1998, Bin Laden reeditou partes do Corão, tirando-as do contexto, para afirmar que é dever de todo muçulmano matar americanos! Omitiu um versículo importante: "Combatei pela causa de Deus aqueles que vos combatem; porém não os provoqueis, porque Deus não estima os agressores." (Sura 2, 190)
"O Reino" não aprofunda estas questões, é apenas um filme de ação com os mocinhos e os bandidos de sempre. Mas mantém o interesse e mitiga a fome de suspense!

Diretor: Peter Berg
Roteiro: Matthew Michael Carnahan
Música: Danny Elfman
Fotografia: Mauro Fiore
Elenco: Jamie Foxx, Chris Cooper, Jennifer Garner, Jason Bateman, Ashraf Barhom, Ali Suliman.

sábado, 29 de março de 2008

A Ponte


The Bridge *
(2006) 94 min (12 anos)

Entre a pilha de filmes no balcão da locadora, este documentário logo se destacou. A Golden Gate Bridge, uma das mais belas pontes do mundo, cercada pela bruma de São Francisco. Já tive a satisfação de admirá-la de perto e fotografá-la. Mas, ao ler o tema, quase recuei: suicídio. No final, a força das imagens venceu e eu o levei comigo para casa. Não me arrependi.

A ponte liga dois pontos, mas , para uns poucos, é o ponto de chegada. São 69 metros do topo, até chegar às águas azuis. Este documentário traz a dor dos que vivem e morrem sem esperança, ao lado da alegria dos que aproveitam o lindo espaço para pintar, praticar esportes e correr junto com os cachorros. Perturbador. Há o depoimento de parentes, amigos e de um sobrevivente. O que faz as pessoas se desligarem assim da vida? Não há respostas neste documentário.
A personagem principal é a Ponte Golden Gate e a fotografia de Peter McCandless. Que artista! Sob a direção de Eric Steel (produtor de "Shaft" e "As Cinzas de Ângela"), a Golden Gate vai do cobre ao azul cinzento, brilha nos dias ensolarados e se esconde sob a névoa. A equipe gravou a maioria dos 24 suicídios que ocorreram no ano de 2004 (e conseguiu prevenir outros). Como diz a capa: "É um documentário profundo e poético." Escolhi o filme pela capa!

Diretor: Eric Steel
Fotografia: Peter McCandless



comentários de Samantha Nogueira, na página de Sidney Rezende:
"o diretor Eric Steel teve que enganar as autoridades locais dizendo que seu filme iria retratar a interação da belíssima ponte com o cenário natural que a rodeia – a Baía de São Francisco. Os policias acreditaram e graças a esta mentirinha, o diretor e sua equipe puderam filmar o seu verdadeiro objetivo: capturar os diversos suícidios que ocorriam na ponte.Trocando as fitas das câmeras de hora em hora, Eric Steel e sua equipe conseguiram capturar 23 suicídios. Também filmaram um homem salvando a vida de uma moça segundos antes de ela pular.

Parece sinopse de filme de terror, mas não é. Essa é a história do documentário “The bridge”, que mostra um lado sombrio da Golden Gate. Ela não é somente uma belíssima ponte laranja em São Francisco, Califórnia; é também um dos lugares mais escolhidos por pessoas que querem acabar com suas vidas. (...)

Enquanto ficavam de tocaia, os cinegrafistas carregavam celulares para que pudessem ligar para as autoridades e avisá-los de possíveis incidentes. Graças a isso, conseguiram evitar a morte de seis pessoas. O documentário também revela a grande variedade de nacionalidades das pessoas que se jogam da ponte, que parece exercer uma fascinação inexplicável sobre elas. Essa prática é conhecida como “turismo trágico”. (...)

Apesar de o filme tratar do difícil tema que é a morte e o desespero que leva pessoas a desejarem se matar, o documentário também oferece uma reflexão sobre a vida. A dos familiares e amigos das suicidas e também sobre a vida dos que foram salvos. O filme não traz muitas respostas; pelo contrário, deixa muitas perguntas no ar. Talvez a mais importante delas: por que, durante todas as tentativas de suicídio, apenas duas pessoas se prontificaram a tentar salvar os que estavam quase a se jogar para a morte?“The bridge” é um filme cheio de controvérsias que trata do desespero generalizado que domina o homem moderno. É marcante, mas não é para qualquer um.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Conduta de Risco

Michael Clayton * *
(2007) 119 min (12 anos)

EUA - Estréia na direção do talentoso roteirista da saga Bourne, Tony Gilroy. Michael Clayton trabalha para Kenner, Bach & Ledeen, famoso escritório de advocacía de Nova Iorque. Embora seja advogado, a função que exerce é outra. Valendo-se de contatos na polícia e no meio jurídico, ele resolve a qualquer custo as dificuldades dos ricos clientes da firma. Claro, direto, aparentemente seguro, vive o caos na sua vida pessoal. Divorciado, vendo o filho pequeno esporadicamente, jogador azarado, tem que assumir as dívidas do irmão viciado e as suas, por conta de um empreendimento mal-sucedido num bar.

A dificuldade no trabalho chega ao auge quando Michael precisa resolver a crise de consciência do amigo Arthur Edens. Defendendo a Agtek, companhia agroquímica, cujo produto provocou a intoxicação de centenas de agricultores, Arthur muda de lado e ameaça o resultado da causa milionária. Uma executiva sem escrúpulos pretende ganhar o processo de qualquer jeito. Correndo contra o tempo, Michael precisa tomar as próprias decisões, consultar a própria consciência. Terá ele mesmo escrúpulos, ou não?

Tom Wilkinson como o advogado arrependido, George Clooney e Tilda Swinton vivem com total credibilidade e emoção detalhista os personagens que lhes foram confiados. É um dos mais emocionantes suspenses de 2007.

Diretor: Tony Gilroy
Roteiro: Tony Gilroy
Música: James Newton Howard
Fotografia: Robert Elswit A.S.C.
Elenco: George Clooney, Tom Wilkinson, Sydney Pollack, Tilda Swinton, Austin Williams

quarta-feira, 26 de março de 2008

Pai e Filha

Banshun * *
(1949) 108 min PB (Livre)



Japão - Noriko tem 27 anos e vive com seu pai viúvo. Todos pensam que já chegou a hora de casar-se, mas a jovem está muito feliz na convivência diária com o pai. Cuidar dele parece ser a meta de sua vida. O sr. Somiya quer o melhor para a filha. Será que ele permitirá que ela abra mão de uma vida independente? Ele pretende aceitar um novo casamento o que desperta fortes ciúmes em Noriko.

Esse filme foi mais uma dica de Tomás Gravina, assistente do Guimarães Vídeo. Sucintamente, explicou: "é um precursor do Kurosawa". Pronto, convenceu.

Yasujiro Ozu (1903-1963) é um realizador de suprema delicadeza e serenidade. Em "Pai e Filha" a câmera baixa observa o ambiente, as expressões faciais dos atores, revelando suas emoções. O Professor Somiya tenta convencer a filha:
- Casamento não quer dizer felicidade desde o início. Esperar felicidade imediata é um erro. Felicidade não é algo que você espera. É algo que você cria para você. (...) A felicidade virá apenas com persistência.



Diretor: Yasujiro Ozu
Roteiro: Kôgo Noda, baseado em história de Kazuo Hirotsu
Música: Senji Itô
Fotografia: Yuuharu Atsuta
Elenco: Setsuko Hara, Chishu Ryu.

terça-feira, 25 de março de 2008

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford

The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford *
(2007) 160 min (14 anos)

EUA - O filme relata os últimos meses da vida do fora-da-lei Jesse James (1847-1882), famoso por roubar bancos e trens, depois da Guerra Civil Americana, na qual serviu como sulista. Decepcionado com a vitória dos inimigos, formou diferentes bandos de ladrões, junto com seu irmão Frank. Calcula-se que assassinaram umas 20 pessoas, durante os 20 anos de assaltos.
Os remanescentes da gangue tentam levar uma vida normal, sob nome falso, na cidade de São José, Missouri. Mas os anos de violência e crimes abalam a todos, sobretudo James, cada dia mais paranóico. O jovem Robert Ford cresceu idolatrando-o à distância. Força uma convivência e decepciona-se com a realidade. Da adoração ao ódio, é um passo. Pensando ser admirado pela sua façanha, descobre uma realidade diferente. Se o filme é bastante longo, um tanto lento, a fotografia de Roger Deakins é excessivamente linda. E Casey Affleck está esplêndido como Robert Ford.
Diretor: Andrew Dominik  
Roteiro: Andrew Dominik, baseado no romance de Ron Hansen  
Música: Nick Cave, Warren Ellis  
Fotografia: Roger Deakins  
Elenco: Brad Pitt, Casey Affleck, Sam Shepard, Mary-Louise Parker.

No Vale das Sombras


In the Valley of Elah * *
(2007) 121 min (14 anos)

Hank Deerfield é um investigador militar aposentado. Mora com a mulher em Monroe, Texas. O casal pensa que o filho Mike está lutando no Iraque. Através de um telefonema de Fort Rudd, descobrem que Mike chegou há 2 dias nos EUA e está desaparecido da Base. Hank dirige até o Novo México e inicia suas próprias investigações, ao desconfiar das explicações oficiais. Ele procura o auxílio de Emily Sanders, detetive da polícia local.

O título do filme em inglês é tirado da Bíblia. Elá é o Vale onde Davi e Golias se enfrentaram. Hank conta essa história ao filho da investigadora Emily, para ajudá-lo a entender a origem do seu nome. O pequeno David pergunta: - "Por que mandaram um menino lutar contra o gigante?" Essa questão se aplica à realidade de soldados ainda adolescentes, não preparados para o que os aguarda nessa guerra em que enfrentam civis, em vez de adversários fardados. A experiência mexe com sua sensibilidade de forma dramática.
O diretor e roteirista é Paul Haggis, o mesmo de 'Crash'. E o responsável pela fotografia é o brilhante Roger Deakins (Onde os Fracos não têm Vez, A Vila, Um Sonho de Liberdade, Fargo, O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford).

O DVD traz, nos extras, entrevista com Lanny Davis, pai do soldado Richard Davis, desaparecido em circunstâncias idênticas, ao voltar da guerra no Iraque.

Diretor: Paul Haggis
Roteiro: Paul Haggis
Música: Mark Isham
Fotografia: Roger Deakins
Elenco: Tommy Lee Jones (Oscar 2008), Charlize Theron, Susan Sarandon, Josh Brolin, Jason Patric.

Hairspray


Hairspray *
(2007) 116 min (Livre)

1962, Baltimore - Tracy Turnblad e Penny Pingleton são adolescentes apaixonadas pelo Show de Corny Collins, na TV local. Apesar de gordinha, Tracy é ágil e tem ritmo. Quando surge uma vaga no programa, ela agarra, provocando ciúmes em Amber, filha da produtora. Para ajudar sua garotinha, Edna Turnblad enfrenta o desafio de sair de casa e mostrar-se acima do peso. Com a ajuda de amigos, a família trava uma luta ainda mais importante, pela integração racial.

Na maior parte do filme, possivelmente, você estará sorrindo ou com vontade de dançar. Mas ele se alonga um pouquinho além da conta. Nikki Blonsky, como a encantadora Tracy, é a grande revelação de Hairspray. John Travolta está ótimo nos trejeitos femininos ou dançando com um excesso de 30 quilos. Queen Latifah captura a cena quando aparece com seu sorriso e simpatia, como sempre. E Michelle Pfeiffer vive uma loura magrela e mesquinha como ninguém.

Diretor: Adam Shankman
Roteiro: Leslie Dixon, John Waters (1988)
Música: Marc Shaiman
Fotografia: Bojan Bazelli
Elenco: John Travolta, Queen Latifah, James Marsden, Cristopher Walken, Michelle Pfeiffer, Nikki Blonsky, Taylor Parks, Zac Efron.

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

domingo, 23 de março de 2008

A Bola da Vez


Sixty Six *
(2006) 93 min (12 anos)

Outro filme sobre garoto de 12 anos que vai celebrar seu Bar Mitzvah. Estamos a ponto de nos tornarmos especialistas. Mas o inglês Bernie não se sente importante para ninguém. Pensando tornar-se visível, no dia em que é considerado um homem para a comunidade israelita, planeja com detalhes a festa. Enorme é sua decepção ao perceber que coincide com a final da Copa do Mundo na Inglaterra. Ninguém acredita no time da casa, e Bernie passa a torcer pela desclassificação, na esperança de que os convidados compareçam.

Há bons momentos nesta comédia, entremeada de filmagens da Copa de 1966. A jovem rainha Elizabeth, Pelé e o português Eusébio aparecem em preto e branco e a cores, seja na tela da TV ou em gravações nos estádios.

Ao final de tantas vicissitudes, Bernie aprende que ser homem é aceitar a responsabilidade por seus atos, parar de culpar os pais por não serem perfeitos. Percebendo que são apenas humanos, pode-se amá-los pelo que são. E seguir em frente de peito aberto e com um sorriso nos lábios. Cerimônias de passagem são bem úteis.

Feliz Páscoa!

Diretor: Paul Weiland
Roteiro: Bridget O'Connor, Peter Straughan, de história de Paul Weiland
Música: Joby Talbot,
Fotografia: Dan Landin
Elenco: Helena Boham Carter, Eddie Marsan, Gregg Sulkin, Stephen Rea.

sábado, 22 de março de 2008

O Preço da Coragem


A Mighty Heart *
(2007) 108 min (14 anos - contem discussão verbal, ato violento, exposição de cadáver)

Daniel Pearl, repórter do Wall Street Journal, é seqüestrado por terroristas, no Paquistão. Sua esposa Mariane, que também é jornalista, está grávida de 7 meses. Com a ajuda de Asra, amiga que os está acomodando em Karachi, contata a polícia paquistanesa, a embaixada americana e o FBI. Forma-se uma equipe que vasculha a cidade em busca de Danny.

O ponto de partida das investigações é um clérigo islâmico fundamentalista que Danny ia entrevistar. Testemunhas, registros telefônicos, e-mails, computadores, são revistados em vão. Quando afinal chegam ao Sheik Omar, o verdadeiro mandante, pode ser tarde demais. Nascido na Inglaterra e de origem paquistanesa, o sheik foi condenado à forca. Seus advogados estão recorrendo na Suprema Corte do Paquistão.

Que mundo pretendem criar os cabeças da rede terrorista internacional, como Sheik Omar e Osama Bin Laden? Após a devastação da guerra, o que eles podem construir? Observando o que foi feito no Afganistão durante o governo talibã, é uma vida aterradora, sobretudo para mulheres e jovens. Um mundo sem música, sem instrução para as meninas, sem liberdade de qualquer gênero. Siddik Barmak descreve essa experiência opressiva no seu filme de 2003, "Osama", um relato sobre mãe e filha de 12 anos, tentando sobreviver durante o governo talibã.

Nos bônus do DVD "O Preço da Coragem", há imagens da família Pearl, inclusive do pequeno Adam, que nasceu em 28 de maio de 2002. Ruth e Judea Pearl criaram a Fundação Daniel Pearl para promover o entendimento intercultural através do jornalismo, música e diálogo. Se desejar contribuir ou conhecer um pouco mais, visite: http://www.danielpearl.org/
Mariane e Adam


Também nos extras encontra-se uma explicação sobre o Comitê de Proteção a Jornalistas. O CPJ foi criado há mais de 25 anos, devido a um incidente com o repórter paraguaio Alcibíades Gonzáles del Valle. Enquanto estava nos EUA, soube que seria preso ao chegar ao Paraguai, por ter feito comentários críticos ao governo. Alguns amigos se reuniram e criaram uma organização cuja missão era divulgar na mídia internacional a perseguição aos jornalistas. Foi assim que a ditadura de Stroessner voltou atrás e libertou o repórter.

Os repórteres americanos são protegidos pela Primeira Emenda. Os brasileiros ainda precisam do apoio de deputados e juízes, até que se regularize sua situação, eliminando anacronismos das nossas leis. Sem uma imprensa livre, não há democracia.

Por razões de segurança, a maioria das cenas com Angelina Jolie foi gravada em Pune, India. As cenas exteriores, que envolveram Daniel, foram registradas nas locações reais, em Karachi. As outras locações foram Mumbai (India), onde o casal viveu, além de Texas e França. A própria Mariane escolheu Angelina para o papel.

Diretor: Michael Winterbottom
Roteiro: John Orloff, baseado no livro de Mariane Pearl
Música: Molly Nyman, Harry Scott
Fotografia: Marcel Zyskind
Elenco: Angelina Jolie, Dan Futterman, Irrfan Khan
O filme foi produzido por Brad Pitt.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Viagem a Darjeeling


The Darjeeling Limited * *
(2007) 91 min (14 anos)

Dois homens correm para pegar o trem. Um deles é Bill Murray. Não o vemos mais, até a cena final. Essa "cameo appearance" causa certa estranheza. Não imaginava que figura tão conhecida estivesse ali só de passagem. Cheguei a voltar o filme para ver se tinha perdido alguma coisa. Também Nathalie Portman faz uma aparição fugaz.

Na verdade o filme é sobre Francis, Peter e Jack Whitman.
Um ano depois da morte do pai, os irmãos se encontram na India, num vagão do trem para Darjeeling. Perturbados porque a mãe não compareceu ao enterro do pai, tentam visitá-la no mosteiro em que vive. Sua resposta é desconcertante. Há um tigre à solta, é melhor esperar outro momento.
Os três se abasteceram de drogas lícitas para aliviar os desconfortos emocionais e físicos. Comunicação não é o seu forte. Jack, descartado pela namorada, quer mostrar o romance que escreveu na França. Em vez de interessar-se, Francis pergunta qual o tamanho. Ainda assim sua proposta é fazer uma viagem espiritual, com a intenção de reforçar os vínculos entre eles. Seu jeito mandão deixa os mais moços na defesa. Peter não contou à Alice, sua esposa grávida, que partiria nessa viagem, na qual os irmãos buscam respostas e harmonia.

Cores, música e personagens interessantes tornam essa peregrinação agradável. Seria uma pena que eu roubasse as surpresas e encontros, revelando outros detalhes. Para mim, é o melhor filme de Wes Anderson (A Vida Aquática de Steve Zissou, Os Tenembauns, Rushmore - Três é Demais). Se você não gostar do seu estilo, ainda pode aproveitar a trilha sonora e a jornada por Jodhpur, India.

Direção: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson & Roman Copolla & Jason Schwartzman
Música: não há trilha sonora original, mas músicas de filmes indianos, sobretudo do compositor Satyajit Ray, Debussy, Beethoven e Rolling Stones, entre outras.
Fotografia: Robert D. Yeoman
Elenco: Owen Wilson (Francis), Adrien Brody (Peter), Jason Schwartzman (Jack), Angelica Houston (mãe), Camilla Rutherford (Alice), em "cameo appearances": Bill Murray, Nathalie Portman e Irfan Khan.

quarta-feira, 19 de março de 2008

O Edificio Yacoubian


Yacoubian Building * *
(2006) 161 min (16 anos - contém cenas de assassinato, agressão física, consumo de drogas, sexo, homossexualidade)

Em 1930, no centro do Cairo, foi construído o edifício Yacoubian, em estilo europeu, para pessoas da elite. Na década de 50, pós-revolução, o prédio passou a ser habitado por oficiais do exército. Posteriormente, o último andar, onde ficavam depósitos dos proprietários, passou a abrigar famílias pobres, oriundas do Alto Egito. A história entrecruza as vidas de seus moradores e traça um panorama do país atual. Talvez por isso, alguns deputados exigiram que algumas cenas fossem cortadas. A corrupção política, as organizações islâmicas, o preconceito contra os pobres, impedindo a ascenção social por meios lícitos, os abusos contra as mulheres, a falta de valores nas famílias, tudo isso é retratado.

É um filme forte, que revela, pouco a pouco, as fraquezas e circunstâncias dos personagens principais. O esplendor do passado está representado no personagem Zaki, que se define como o último homem respeitável do Egito. Zaki vive de rendas, pois seu pai foi um Pasha, mora com a irmã mimada e sem escrúpulos. Solteiro aos 65 anos, sente-se só e lamenta não ter se casado e formado laços familiares, pois temia não ser fiel. Mas ele é só um dos personagens.

Diretor: Marwan Hamed
Roteiro: Wahid Hamid, baseado em romance de Alaa Al Aswany (1990)
Música: Khaled Hammad
Fotografia: Sameh Selim
Elenco: Adel Imam, Yousra Nour, Elsherif Hend, Youssra, Essad Youniss.

segunda-feira, 17 de março de 2008

A Loja Mágica de Brinquedos


Mr. Magorium's Wonder Emporium
(2007) 93 min (LIVRE)

Edward Magorium é dono de uma loja de brinquedos mágica. Basta acreditar e coisas fantásticas acontecem. Molly Mahoney é a simpática gerente, ajudada pelo pequeno Eric, solitário colecionador de chapéus. O sr. Magorium está com 243 anos e quer se aposentar. Contrata o contador Henry e escolhe Molly como sua herdeira. Mas a jovem tem outros planos, quer ser compositora. E a loja não está aceitando bem a mudança. Será o fim deste maravilhoso mundo da fantasia?

São poucos os lançamentos de qualidade para crianças. Esse filme foi feito com muito cuidado e tem um visual encantador. A história alonga-se um pouco e não traz surpresas, mas o desempenho dos atores é impecável, especialmente do pequeno Eric e de Molly, sua melhor e única amiga.

Frase favorita: "Todas as histórias, mesmo as que mais amamos, devem terminar um dia. Quando isso acontece, é apenas uma oportunidade para que outra história comece."

Diretor: Zach Helm
Roteiro: Zach Helm
Música: Alexandre Desplat & Aaron Zigman
Fotografia: Roman Osin, BSC
Elenco: Dustin Hoffman, Natalie Portman, Zach Mills, Jason Bateman

Henry e Eric

quinta-feira, 13 de março de 2008

Novo Mundo


Nuovo Mondo * *
(The Golden Door)
(2006) 113 min (12 anos - contém cenas de nudez)

No início do século XX, a família Mancuso vive nas montanhas da Sicília. Salvatore tem 37 anos e é viúvo. Mora num casebre com a mãe Fortunata e os dois filhos. Ouvindo falar da riqueza e fartura do Novo Mundo, o fazendeiro decide vender o pouco que tem e partir com a família para os Estados Unidos. No navio, entre os passageiros da 3ª classe, encontra a misteriosa figura de uma jovem inglesa. Elegante, Lucy é assediada por cavalheiros de posses. Mas ela não parece interessada. Prefere a companhia da simples e sincera família Mancuso. Há certa melancolia em seus modos, e muita discrição, como se quisesse cortar os laços com o passado. Para Salvatore, ela é Luce, a luz de uma vida nova. Chegando na América, os italianos se defrontam com as exigências do serviço de imigração.

A fotografia é linda, expressiva, os desempenhos convincentes. O filme abre com uma apresentação de Martin Scorcese. Encantou-lhe o sotaque siciliano e a reconstituição perfeita das experiências dos imigrantes, também vivida por seus avós.

Diretor: Emanuele Crialese
Roteiro: Emanuele Crialese
Música: Antonio Castrigano
Fotografia: Agnès Godard
Elenco: Charlotte Gainsbourg, Vincenzo Amato, Aurora Quattrocchi



quarta-feira, 12 de março de 2008

Competindo com os Stein

Keeping up with the Steins
(2006) 90 min (10 anos)



Que efeito curioso tem uma seqüência de filmes violentos sobre nossa disposição! Depois de assistir "Valente", "Onde os Fracos não tem Vez", "Planeta Terror" e "Seqüência de Morte", com Kevin Bacon, estava saturada de vendettas pessoais, ainda que compreensíveis. Foi quando caiu-me entre as mãos "Competindo com os Stein". Nada como o céu azul, um gramado verdinho, casa arrumada e uma família comum para restaurar os ânimos.

Benjamin Fiedler tem 13 anos e se prepara para a cerimônia do Bar Mitzvah. Está um pouco tenso em decorar sua parte, mas nada comparado com o esforço de seus pais para planejar uma festa grandiosa que eclipse a dos vizinhos Stein. Alugar o estádio do Dodgers, contratar Neil Diamond para cantar "Hava Nagila", lembrancinhas caríssimas, vale tudo. Benjamin não sabe hebreu e não entende o significado da festa. Tudo o que ele deseja é conhecer o avô que abandonou a família há anos. Mas seu pai não deseja essa aproximação, porque não consegue perdoar. Talvez seja a chance de todos aprenderem o que significa amadurecer.

Daryl Hannah está muito simpática e bonita como a namorada hippie do avô, que é uma personalidade irresistível, com todas as suas fraquezas. A fotografia tem um lindo colorido. O filme funcionou como um refrescante 'sorbet' entre dois pratos fortes.
Enquanto interpretava esse filme, Daryl Sabara estudava para seu próprio Bar Mitzvah. Seu canto foi o mesmo que interpretou na cerimônia.


Diretor: Scott Marshall
Roteiro: Mark Zakarin
Música: John Debney
Fotografia: Charles Minsky
Elenco: Daryl Sabara, Jeremy Piven, Jami Gertz, Daryl Hannah, Doris Roberts, Garry Marshall

sábado, 8 de março de 2008

Stardust - O Mistério da Estrela

Stardust *
(2007) 127 min (12 anos)



O desajeitado Tristan apaixona-se pela bela e mimada Victoria. Ela não o ama, mas aceita uma estrela cadente como prova de amor. Para isso o jovem precisa entrar no reino proibido de Stormhold, como fizera seu pai no passado. Nessa terra fantástica Tristan encontra a estrela Yvaine. A feiticeira Lamia a procura, para arrancar-lhe o coração e obter juventude eterna. Os herdeiros do rei buscam-na para recuperar a pedra vermelha em seu poder e suceder ao pai no trono.

São muitos os personagens e os artistas famosos desta produção ambientada na Inglaterra e na Islândia. O elenco é vibrante e o filme funciona com magia, ação e toques de humor. Os fantasmas dos príncipes herdeiros, o pitoresco pirata do ar, interpretado por Robert De Niro, e a bela estrela, que cintila à medida em que aumenta sua felicidade, são os pontos altos de Stardust.
nota no imdb: 8,0 (com 43,942 votos, até o dia de hoje)

Diretor: Matthew Vaughn
Roteiro: Jane Goldman & Matthew Vaughn, baseado em romance de Neil Gaiman
Música: Ilan Eshkeri
Fotografia: Ben Davis
Montagem: Jon Harris
Elenco: Claire Danes, Michelle Pfeiffer, Robert De Niro, Charlie Cox, Peter O'Toole, Rupert Everett
As locações foram feitas na Inglaterra, Escócia e Islândia (em Höfn). Artistas americanos justificam a classificação como EUA.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Memorias do Subdesenvolvimento

Memorias del Subdesarrollo * *
(1968) 97 min (14 anos) PB



Cuba, início dos anos 60 - Sérgio está sózinho em Havana. Seus pais e a ex-mulher partiram para os EUA, como tantos outros. Por que Sérgio fica? Só para escrever um livro? Seu olhar é tão distanciado sobre as pessoas, os acontecimentos e a paisagem, que perscruta com uma luneta da janela do apartamento moderno! Não é uma personalidade cativante; pelo contrário. Sua afinidade foi com uma namorada da juventude, que também partiu. Pensava encontrar-se com ela, mas o pai comprou-lhe uma fábrica de móveis e Sergio foi ficando. Agora tenta educar as mulheres que escolhe pela aparência. Considera-as frívolas e parte do subdesenvolvimento que o rodeia. Admirador das pinturas modernas, cobra de Picasso uma obra prometida para Cuba e comenta:
- É fácil ser comunista em Paris.

Uma das atrações do filme é a perfeita mistura entre cenas de documentário e ficção. Assim como os tipos pitorescos capturados pela câmera em close, a visita à casa de Hemingway e a panorâmica de Havana, os carros passando à beira-mar. Edmundo Desnoes, autor do roteiro aparece como ele mesmo, como um dos conferencistas numa palestra. É um filme que não se esquece.

Diretor: Tomás Gutierrez Alea
Roteiro: Edmundo Desnoes
Música: Leo Brouwer
Fotografia: Ramón Suárez
Elenco: Sergio Corrieri, Daisy Grandos, Eslinda Nuñez.

Valente

The Brave One *
(2007) 123 min (16 anos - contém agressão física, exposição de cadáver, glamourização da violência)



Erica Bain é apaixonada por Nova Iorque e pelo dr. David Kirmani. Eles vão se casar. Como repórter de rádio, ela grava os sons da cidade, enquanto decidem sobre os convites da cerimônia. Numa noite, em que os noivos passeiam pelo Central Parque com o cachorro, são violentamente atacados por uma gangue. Erica compra uma arma e transforma a dor em vingança, substitui a alegria pela frieza, age como outra pessoa. Vagando como um fantasma pela cidade, pune os violentos, os abusadores, tomando a justiça nas próprias mãos. Cabe ao detetive Mercer investigar o caso do "Justiceiro".

Roteirista e diretor de alguns filmes notáveis (Fim de Caso, Michael Collins, Entrevista com o Vampiro), Neil Jordam limitou-se a reescrever algumas cenas de um roteiro pronto. Seu talento leva o suspense com competência, mas falta o impacto de outras obras. Jodie Foster está ótima, como sempre, a fotografia é linda. Mesmo à noite as cores e as luzes da cidade se destacam, há muitos closes e detalhes. Um excelente programa para o fim de semana.

Diretor: Neil Jordan
Roteiro: Roderick Taylor & Bruce A. Taylor e Cynthia Mort
Música: Dario Marianelli
Fotografia: Philippe Rousselot A.F.C./A.S.C.
Elenco: Jodie Foster, Terrence Howard, Naveen Andrews.

Curiosidade:
o símbolo & (também chamado "ampersand") une os nomes de roteiristas que trabalharam juntos, ao mesmo tempo. Quando se usa E significa que o escritor colaborou posteriormente.

segunda-feira, 3 de março de 2008

A Noiva Perfeita


Prête-moi ta main *
(2006) 89 min (16 anos)

França - Luis Costa é um criador de perfumes, apelidado "O Nariz", na empresa em que trabalha. Solteiro, mora em Paris num apartamento bem montado e arrumado. Diferente do assassino-perfumista, Jean-Baptiste Grenouille, Luis é mimado pela mãe e pelas 5 irmãs. Uma delas ainda lava suas roupas e todas, chefiadas pela mãe viúva, dão palpite na vida de Pipou, apelido que ele detesta. A tropa feminina decide que é hora de Luis se casar. Apresentam-no, em vão, a moças conhecidas e rejeitam todas as namoradas escolhidas por ele. Aborrecido com a insistência, Luis decide escolher uma "namorada de aluguel", que o deixará, convenientemente, sózinho no altar. Com sua cúmplice, Pipou surpreende e é surpreendido.

A viúva Geneviève, autoritária e bela com seus cabelos brancos, é Bernadette Lafont, favorita de diretores da Nouvelle Vague (Claude Chabrol e François Truffaut).

Diretor: Eric Lartigau
Roteiro: idéia de Alain Chabat, desenvolvida por Philippe Mechelen, Laurent Tirard, Grégoire Vigneron, Laurent Zeitoun
Música: Erwann Kermorvant
Fotografia: Régis Blondeau
Elenco: Alain Chabat, Charlotte Gainsbourg, Bernadette Lafont

domingo, 2 de março de 2008

Piaf - Um Hino ao Amor


La Môme *
(2007) 140 min (12 anos)

França - Pobre Edith Piaf! Teve uma vida de abandonos, perdas e desilusões. Mesmo quando a sorte lhe sorri, sua desorientação leva-a por caminhos difíceis. O álcool e a morfina devastaram sua saúde frágil, envelheceu prematuramente, gastou-se. A música e a devoção a Santa Terezinha foram o bom legado de Titine, que desempenhou um papel materno brevemente, enquanto a menina morou num bordel na Normandia, de propriedade da avó paterna.

Três cenas valem o filme:
1) A jovem Edith, interpretada por Pauline Burlet, dublada por Cassandre Berger, canta a Marsellaise na rua. http://www.youtube.com/watch?v=u86AfRgW3Qk
2) a entrevista da cantora, já famosa, a uma jornalista americana, ambas sentadas na areia da praia.
3) a última apresentação, interpretando "Je ne regrette rien".
http://www.youtube.com/watch?v=6-IH4lCqDqk

Depois de assistirmos músicas importantes sendo rapidamente cantaroladas ao piano pelos compositores, escutarmos canções menos conhecidas de Piaf no palco, foi um imenso prazer ouvi-la cantando com emoção essa melodia gloriosa e tão apreciada, do começo ao fim. Um belo encerramento.

O Oscar para Marion Cotillard foi inteiramente merecido. A artista incorporou Edith Piaf nos gestos, na postura, na alma. A maquiagem, também premiada, completou a personificação e disfarçou a bela jovem de "Um Bom Ano" ("A Good Year", 2006, de Ridley Scott). A linha do cabelo e as sobrancelhas foram raspadas e depois desenhadas com lápis. Até cinco horas de trabalho foram necessárias para transformar Marion em Edith, quando mais velha.

A cantora Jil Aigrot fez um grande trabalho de dicção com Marion, para possibilitar a sincronia perfeita de imagem e som durante a filmagem. Além disso, interpretou vocalmente uma Piaf jovem, no início da carreira e com poucos registros, quase todos de baixa qualidade, e "muito diferente daquela que mostrou nos palcos". (Zero Hora, Porto Alegre)

A escolha de passear pela história para frente e para trás, ainda que informando as datas, tornou-a um tanto confusa. E tudo que abala a suspensão de descrença me parece negativo. Foi o caso. Em vez de mergulhar no drama da cantora, a todo instante era lembrada de que via um filme. Perturbador.

Melhor diálogo:
Jornalista americana: - Se tivesse que dar um conselho a uma mulher, qual seria?
Edith Piaf: - Ame.
Jornalista: - Para uma jovem?
Edith: - Ame.
Jornalista: - Para uma criança?
Edith: - Ame.

Diretor: Olivier Dahan
Roteiro: Olivier Dahan, Isabelle Sobelman
Música: Christopher Gunning
Fotografia: Tetsuo Nagata
Edição: Richard Marizy
Elenco: Marion Cotillard, Pauline Burlet, Emmanuelle Seigner, Jean-Paul Rouve, Gérard Depardieu, Sylvie Testud.
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